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Estado de Minas

Aplicativo alerta para o risco de cegueira infantil

Segundo estudo, o app identifica doenças congênitas com 80% de eficiência e até 15 meses antes do exame convencional


postado em 16/10/2019 12:00 / atualizado em 15/10/2019 18:29

Aplicativo funciona por meio da câmera do celular
Olhar digital/Reprodução (foto: Aplicativo funciona por meio da câmera do celular)
No Brasil, 70% dos casos de perda da visão na infância ocorrem devido às doenças congênitas, como  glaucoma, catarata, alguns casos de estrabismo e retinoblastoma ou câncer ocular, desenvolvidas durante a gestação, como relata o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier. “De todas elas, a  catarata congênita é a maior causa de perda da visão na infância, respondendo por até 40% dos casos de cegueira. A prevalência é de um em cada 250 recém-nascidos. Outras etiologias da catarata congênita são as síndromes de Down, metabólica, de Lenz, de Turner e de Stiker. Pode também ser causada por hereditariedade, mesmo quando os pais são portadores de gene recessivo e, portanto, não tiveram a doença na infância.”

A boa notícia é que, agora, é possível ter informações sobre a saúde oftalmológica por meio da câmera do celular. É o que relata uma pesquisa divulgada pela revista Science Advances. Para realizar o experimento, é preciso baixar gratuitamente o aplicativo americano Cradle ou White Eye Detector, criado por Bryan Shaw, professor da Universidade Baylor (Texas) . 

Leôncio Queiroz explica que o aplicativo funciona como as fotos com flash. "A diferença é que, no caso da presença de alguma doença congênita, a indefinição do reflexo do fundo faz com que os algoritmos do aplicativo alertem os pais, inclusive nos casos em que há obstrução leve da luz.” 
 
eficácia depende da distância em que a foto é tirada e de iluminação adequada. “O aplicativo só faz a leitura de alterações no olho quando o rosto inteiro do bebê é focalizado. Por isso, aproximar o celular da criança visando uma definição maior da alteração no olho é um erro”, afirma o oftalmologista.
 
* Estagiária sob a supervisão da subeditora Elizabeth Colares 
 
Mesmo com o bom trabalho desenvolvido pelo programa, o médico alerta que é imprescindível os pais levarem os pequenos ao oftalmologista. “O aplicativo é indicado para detectar alterações oculares na primeira infância. A partir dos 3 anos, toda criança deve passar por consulta oftalmológica. O bom desenvolvimento cognitivo está relacionado à visão, que responde por 85% de nossa integração com o meio ambiente. Uma criança que não enxerga bem tem comprometimento do desenvolvimento”, finaliza.

Teste do olhinho


Ainda de acordo com o médico, pode ocorrer de a doença congênita passar despercebida no teste do olhinho. Por isso, é importante levar o bebê ao oftalmologista. “A presença da catarata infantil indica a necessidade de um tratamento cirúrgico urgente. A cirurgia consiste em retirar o cristalino opaco e deve ser feita o quanto antes para permitir o bom desenvolvimento sensorial. Já a correção da alta ametropia causada pela afacia, falta do cristalino, pode ser feita com óculos, implante de lentes intraoculares ou com lentes de contato. O uso de óculos só é possível se a cirurgia for bilateral”, conta.

Caso 

 
Arquivo pessoal
Eduardo Rodrigues foi diagnosticado com catarata congênita bilateral e passou por cirurgia aos 3 anos e 4 meses (foto: Arquivo pessoal)
Eduardo Rodrigues, de 10 anos, ao passar pelo teste do olhinho não teve nenhuma doença congênita diagnosticada. Porém, aos 3 anos e 4 meses, a mãe, Ana P. Rodrigues, percebeu que o filho estava com dificuldade para enxergar. “Ele tinha catarata congênita bilateral em ambos os olhos, notamos que ele não estava enxergando bem e um dia, no quintal, contra a luz do Sol, vimos a mancha“, lembra a mãe do garoto. 
 
O menino passou pela cirurgia e faz visitas regulares ao oftalmologista. "Ele faz acompanhamento anualmente. Por ser criança, o médico recomenda o uso dos óculos bifocais. A visão dele é ótima, nos exames alfabéticos, ele acerta até a penúltima linha”, revela Ana.
Arquivo pessoal
Eduardo Rodrigues na época pré cirurgia (foto: Arquivo pessoal)


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