No Brasil, 70% dos casos de perda da visão na infância ocorrem devido às doenças congênitas, como glaucoma, catarata, alguns casos de estrabismo e retinoblastoma ou câncer ocular, desenvolvidas durante a gestação, como relata o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier. “De todas elas, a catarata congênita é a maior causa de perda da visão na infância, respondendo por até 40% dos casos de cegueira. A prevalência é de um em cada 250 recém-nascidos. Outras etiologias da catarata congênita são as síndromes de Down, metabólica, de Lenz, de Turner e de Stiker. Pode também ser causada por hereditariedade, mesmo quando os pais são portadores de gene recessivo e, portanto, não tiveram a doença na infância.”
A boa notícia é que, agora, é possível ter informações sobre a saúde oftalmológica por meio da câmera do celular. É o que relata uma pesquisa divulgada pela revista Science Advances. Para realizar o experimento, é preciso baixar gratuitamente o aplicativo americano Cradle ou White Eye Detector, criado por Bryan Shaw, professor da Universidade Baylor (Texas) .
Leôncio Queiroz explica que o aplicativo funciona como as fotos com flash. "A diferença é que, no caso da presença de alguma doença congênita, a indefinição do reflexo do fundo faz com que os algoritmos do aplicativo alertem os pais, inclusive nos casos em que há obstrução leve da luz.”
A eficácia depende da distância em que a foto é tirada e de iluminação adequada. “O aplicativo só faz a leitura de alterações no olho quando o rosto inteiro do bebê é focalizado. Por isso, aproximar o celular da criança visando uma definição maior da alteração no olho é um erro”, afirma o oftalmologista.
* Estagiária sob a supervisão da subeditora Elizabeth Colares
Mesmo com o bom trabalho desenvolvido pelo programa, o médico alerta que é imprescindível os pais levarem os pequenos ao oftalmologista. “O aplicativo é indicado para detectar alterações oculares na primeira infância. A partir dos 3 anos, toda criança deve passar por consulta oftalmológica. O bom desenvolvimento cognitivo está relacionado à visão, que responde por 85% de nossa integração com o meio ambiente. Uma criança que não enxerga bem tem comprometimento do desenvolvimento”, finaliza.
Ainda de acordo com o médico, pode ocorrer de a doença congênita passar despercebida no teste do olhinho. Por isso, é importante levar o bebê ao oftalmologista. “A presença da catarata infantil indica a necessidade de um tratamento cirúrgico urgente. A cirurgia consiste em retirar o cristalino opaco e deve ser feita o quanto antes para permitir o bom desenvolvimento sensorial. Já a correção da alta ametropia causada pela afacia, falta do cristalino, pode ser feita com óculos, implante de lentes intraoculares ou com lentes de contato. O uso de óculos só é possível se a cirurgia for bilateral”, conta.
Teste do olhinho
Ainda de acordo com o médico, pode ocorrer de a doença congênita passar despercebida no teste do olhinho. Por isso, é importante levar o bebê ao oftalmologista. “A presença da catarata infantil indica a necessidade de um tratamento cirúrgico urgente. A cirurgia consiste em retirar o cristalino opaco e deve ser feita o quanto antes para permitir o bom desenvolvimento sensorial. Já a correção da alta ametropia causada pela afacia, falta do cristalino, pode ser feita com óculos, implante de lentes intraoculares ou com lentes de contato. O uso de óculos só é possível se a cirurgia for bilateral”, conta.
Caso
Eduardo Rodrigues, de 10 anos, ao passar pelo teste do olhinho não teve nenhuma doença congênita diagnosticada. Porém, aos 3 anos e 4 meses, a mãe, Ana P. Rodrigues, percebeu que o filho estava com dificuldade para enxergar. “Ele tinha catarata congênita bilateral em ambos os olhos, notamos que ele não estava enxergando bem e um dia, no quintal, contra a luz do Sol, vimos a mancha“, lembra a mãe do garoto.
O menino passou pela cirurgia e faz visitas regulares ao oftalmologista. "Ele faz acompanhamento anualmente. Por ser criança, o médico recomenda o uso dos óculos bifocais. A visão dele é ótima, nos exames alfabéticos, ele acerta até a penúltima linha”, revela Ana.