Durante o Outubro Rosa, uma intensa campanha chama a atenção da população feminina sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama. As principais formas de diagnosticar a doença são por meio do autoexame e da mamografia, porém, agora, graças à parceria da Vetnil (empresa do setor veterinário) com a Sociedade Franco Brasileira de Oncologia, um projeto torna possível o diagnóstico do câncer de mama por meio do olfato canino.
"Isabelle Fromantin, enfermeira e doutora em ciências, que trabalha no Institut Curie na França, teve a ideia de utilizar cães para detectar o câncer. Se o cão é capaz de detectar drogas, explosivos, trufas abaixo da terra e muitas outras substâncias, por que não utilizar o cão para detectar câncer? Depois de procurar um policial especialista em treinar cães de detecção, ela provou sua expectativa”, conta Carla Ismael, membro do CTO (Centro de Tratamento Oncológico) em Petrópolis e presidente da SFBO (Sociedade Franco Brasileira de Oncologia).
A médica lembra como o projeto chegou ao Brasil. “Dois anos depois (do experimento da francesa), o cinotécnico brasileiro Leandro Lopes conheceu o projeto pela internet e o apresentou à Carla Ismael e ao oncologista clínico Christian Domenge, vice-presidente da Sociedade Franco Brasileira de Oncologia, e eles aceitaram trazer a ideia para o Brasil.”
O programa foi testado na cidade de Petrópolis, com cães especialmente treinados para isso, em parceria com um grande centro de pesquisa e tratamento do câncer da França, o Institut Curie. Durante o teste, as mulheres não entram em contato com os cães. “A mulher , durante uma noite, mantém uma compressa (um lenço) junto ao corpo e na manhã do dia seguinte envia essa compressa (lenço) para a análise do cão”, explica Carla.
A parceria
Cristiano de Sá, diretor de marketing e novos negócios da Vetnil, comenta que a empresa, sempre preocupada com causas sociais, resolveu patrocinar o projeto. “Quando nos foi apresentado o projeto Kdog Brasil e conhecemos a equipe altamente qualificada que está desenvolvendo o mesmo, não tivemos dúvida em apoiá-lo. É uma iniciativa única no Brasil, mas que já deu certo na França. Esperamos que em pouco tempo mais cães sejam treinados e que o projeto possa ser estendido para mais regiões do Brasil, com certeza terá o apoio da Vetnil para isso.”
Para a empresa, é satisfatório fazer parte do projeto. “É muito gratificante, pois podemos contribuir para a detecção prévia do câncer de mama (doença que acomete um grande número de mulheres no Brasil) com uma técnica rápida, não invasiva e com custo mais acessível. Dessa forma, conseguimos contribuir para que essas mulheres possam ter um atendimento e tratamento médico logo no início, permitindo assim um prognóstico melhor”, conta Cristiano de Sá.
Avanço no tratamento
Para Carla Ismael, o programa vai contribuir no diagnóstico precoce, além de ser simples, rápido e indolor. “O Kdog tem como objetivo antecipar, agilizar, baratear e simplificar o diagnóstico do câncer de mama. Os cães funcionam como uma triagem à mamografia, agilizando assim o encaminhamento ao exame que é caro, envolve várias pessoas e é de difícil acesso à maioria da população brasileira. Além de que o método Kdog não utiliza radiação, quebra todos os tabus e medos em relação ao exame já que a mulher irá realizá-lo em casa”, conta.
Além disso, a iniciativa ajuda na conscientização sobre a doença. “No Brasil não há um número ideal de mamógrafos disponíveis para as pacientes do SUS, o que gera filas intermináveis e muitas vezes cruéis para as pacientes que realmente precisam do exame, e , quando conseguem já não há muito o que a medicina possa fazer. Além disso, temos também que lidar com o medo que algumas mulheres têm de o exame ser dolorido.
Mulheres que não procuram o exame por motivos religiosos e até mesmo por pudor ou machismo. O Kdog também pode ser facilmente levado até lugarejos de difícil alcance no Norte e Nordeste de nosso país, regiões onde o mamógrafo dificilmente chegaria. Sem falar das tribos indígenas, que podem ser atendidas e maneira rápida e barata”, finaliza Carla Ismael.
Mulheres que não procuram o exame por motivos religiosos e até mesmo por pudor ou machismo. O Kdog também pode ser facilmente levado até lugarejos de difícil alcance no Norte e Nordeste de nosso país, regiões onde o mamógrafo dificilmente chegaria.
* Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram