Jornal Estado de Minas

Especialistas alertam sobre riscos da harmonização facial

Antes e depois de Chiarra Potello - Foto: Arquivo pessoal
Queridinha das celebridades, e agora, febre entre as pessoas comuns, a harmonização facial, vista como a promessa de um rosto rejuvenescedor, acabando com as rugas e marcas de expressões. “ Como o próprio nome já esclarece, a Harmonização Facial deixa o rosto mais harmônico com um balanceamento correto dos traços da face. No entanto, este é um nome mais novo e popular para preenchimento realizado com ácido hialurônico. Outros nomes que também utilizamos para o mesmo procedimento: MD Codes, Delta Lifting, Ancoragem, Sustentação, Miomodulação, entre outros”, explica a dermatologista Camila Moulin.

A também dermatologista Dra. Joana Barbosa esclarece que a técnica tem como objetivo tratar as insatisfações estéticas da face, seja pelo envelhecimento ou formato anatômico. “ É recomendada para pacientes, homens e mulheres, de diferentes faixas etárias, que estejam insatisfeitos com a estética facial, no entanto, não atribuindo a um único aspecto essa insatisfação”, exemplifica. 
 
Riscos
 
Mesmo com a promessa de trazer o resto perfeito, é preciso ter cuidado. De acordo com a Drª Camila Moulin, o uso em excesso pode causar danos ao rosto do paciente. “ O rosto é formado por ossos, músculos e gordura.
Com o tempo o músculo enfraquece, a pele torna-se flácida, alguns compartimentos de gordura diminuem, há reabsorção óssea de alguns pontos de sustentação e o rosto fica com a aparência de “derretido”. Nessa sequência, há necessidade de maiores volumes de preenchedor para o mesmo efeito conquistado em rostos jovens. Nesse sentido, o ideal é utilizar o mínimo possível de preenchedor necessário para sustentação, volume e contorno e estimularmos colágeno, investir na qualidade da pele como um todo. Caso contrário, o rosto “cai” com preenchimento em bloco, o que em inglês chamamos de filler fatigue”, revela.  

A advogada e paciente de Camila Wildia Silva Falcão, de 51 anos, sentiu na pele o efeito contrário da harmonização facial, a mulher buscava um rosto mais jovem e harmônico, mas o resultado foi o contrário. “Estava incomodada com a aparência de cansaço do meu rosto, sabe aquela sensação que o rosto estava caindo. Sempre tive receio com procedimentos estéticos da “moda”, mas resolvi procurar um profissional da área. Que me indicou preenchimento”, lembra.

Após o procedimento, ela achou estranho o inchaço no rosto.
“O resultado que se mostrou final me deixou insatisfeita”, revela. Hoje, ela usa métodos menos invasivos. “Por prezar a beleza da mulher madura, realizo os procedimentos indicados por minha dermatologista, como o sculptra, ultraformer, botox e alguns produtos de uso diário, todos voltados à saúde e beleza natural, sem excessos”, conta.

Thiago Martins, biomédico e professor de pós-graduação em estética, alerta sobre os cuidados que devem ser tomados quando a pessoa opta pela harmonização facial. “Se feito de forma errada pode levar, inclusive, à necrose tecidual (ocorre a necrose quando é inserida uma quantidade excessiva de preenchimento de uma vez só, em uma área de risco perto de uma artéria, por exemplo). Neste caso, existem chances dos preenchedores obstruírem o fluxo sanguíneo local gerando a necrose. Para evitar que qualquer problema ocorra, é importante que o paciente pesquise muito, converse com outros pacientes que já realizaram o procedimento com o profissional que pretende escolher”, adverte. 


 
Na medida certa
 
Marina Sathler, dermatologista membro da SBD e sócia-gestora da clínica iMEDato revela que antes de qualquer procedimento a hidratação da pele é fundamental. “Para isso, além de cremes específicos para a pele, indicamos outras opções de tratamento como Laser, Luz Pulsada, Microagulhamento, Bioestimuladores de colágeno, Peelings e fios de sustentação. Estes tratamentos melhoram a textura, o aspecto e a firmeza da pele”, afirma.
 
Chiara Pontello é paciente de Thiago Martins,  tem 32 anos e antes de realizar a técnica, a gerente jurídico pesquisou e tomou todos cuidados necessários.
“O assunto chegou na minha vida por volta dos 29 anos. Comecei a pesquisar sobre, e ainda era algo muito recente. As primeiras informações que encontrei não foram nada positivas. Comecei a ter acesso a histórias de pessoas que tiveram seu rosto deformado. Quando cheguei aos 30 anos, apliquei apenas o botox, apenas para as rugas da testa. Gostei muito, deu o efeito que eu queria, e achei natural, mas confesso que minha visão da harmonização social ainda era negativa, mesmo tendo feito o botox, e os procedimentos corporais”, recorda. 
 
Para comemorar a chegada dos 32 anos, Chiara decidiu deixar o medo de lado. "Decidi fazer a harmonização facial, e deu tudo muito certo, fizemos aplicação do preenchedor em diversos pontos, a aplicação do botox. Foi muito positivo”, conta aliviada. Ela afirma que pretende continuar a realizar o procedimento, mas com cautela. “A intenção é continuar fazendo, com leveza, sem exagero, buscando um equilíbrio, mas vou continuar fazendo”. 




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