Como harmonizar os elementos vitais

Felicidade e amor. Assim a professora de ioga Raíssa Perona define o ioga terapêutico Lu Jong, de origem tibetana, que promove o bem-estar e a cura a nível físico, mental e energético. “Por meio da prática do Yoga Lu Jong, treinamos e transformamos os canais sutis do corpo e aumentamos nossa consciência, alcançando o equilíbrio entre corpo, respiração e mente”, conta Raíssa Perona. Segundo ela, a medicina tibetana diz que toda doença é consequência do desequilíbrio dos cinco elementos e das substâncias vitais, e, com a prática do Yoga Lu Jong, esse equilíbrio se reestabelece, “abrindo os canais do corpo e permitindo que a energia flua de maneira apropriada”.

Um dos pontos trabalhados no Lu Jong é a coluna vertebral. Por meio da prática, há a ativação da energia interna, que promove o processo de cura, principalmente nessa região. “O Lu Jong ajuda a ganhar espaço entre as vértebras, libertando os bloqueios emocionais. Nutre as articulações que trabalham os bloqueios, que se manifestam em forma de doenças, e usa a respiração, desenvolvendo a calma interior e o equilíbrio mental.”

A professora garante que o Lu Jong pode ser praticado por idosos, adultos, crianças e pessoas com limitações físicas e mentais. “Todos os movimentos têm adaptações para execução de acordo com as limitações do aluno.” O ponto-chave é a união de postura e/ou forma com movimento, por meio da respiração. “Equilibrar essas energias gera muito prazer e harmonia internamente”, afirma.

A gestora de produtos Bárbara Faria, de 32 anos, estava buscando uma atividade para se sentir mais otimista e serena e, por meio de uma amiga, conheceu a prática tibetana. “Desde a primeira aula, já senti inúmeros benefícios, como a qualidade do sono e a concentração, e é ótimo para acalmar sentimentos e pensamentos aflorados. Começo a semana com a cabeça mais limpa”, conta. Já a estudante de engenharia de produção Rafaela Moraes, de 22, sempre tentou praticar meditação, mas, para ela, era desafiador manter a mente quieta. “Com o Lu Jong, o foco nos movimentos e nos exercícios de respiração, automaticamente minha mente e pensamentos já desaceleram. No fim do dia, consigo realizar minhas tarefas mais tranquilas, leve, disposta e de bom humor”, explica.

 

 

 

 Fernanda Monte Alegre é enfermeira do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (Nasf), na cidade mineira de Pará de Minas, e leva o ioga terapêutico tibetano aos usuários do SUS, por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares. “Na época, queria me tornar professora de ioga para aprender e usar comigo mesma e em família. Não imaginava que levaria a prática aos usuários do SUS neste primeiro momento.” Segundo ela, atender os usuários do Sistema Único de Saúde tem sido um presente divino e de muito aprendizado. “Mais de 1.100 pessoas já conheceram o Lu Jong em Pará de Minas”, conta.As aulas ocorrem semanalmente, de manhã e à tarde, em diferentes pontos da cidade, o que facilita o atendimento e o acesso aos usuários. “As sessões têm duração de uma hora e 15 minutos, seguidas de momento de aromaterapia e auriculoterapia, além do momento da meditação e relaxamento”, destaca.

De acordo com a professora, a prática tem criado um vínculo muito forte entre todos os participantes. “Após todas as práticas, temos relatos e feedback de muitos alunos, relatando a melhora física, emocional e espiritual. O Lu Jong nos traz muita clareza mental, atenção plena, energia, aceitação e compaixão pelas pessoas e, principalmente, por nós mesmos”, frisa. E essa conexão é vista na melhora de enfermidades que os alunos apresentam. “Ocorreram relatos da diminuição do consumo de antidepressivos, ansiolíticos, corticoides, anti-inflamatórios, antiarrítmicos, assim como diminuição de consultas médicas nas unidades de saúde.”

Segundo Raíssa Perona, o fato de serem movimentos e “não asnas, como na maioria dos iogas”, torna o Lu Jong uma prática mais integral. “Ao movimentar e respirar, pontos secretos de energia do corpo são liberados, e os benefícios são sentidos já na primeira prática”, avalia. A professora classifica os benefícios em ondas. “A primeira onda é melhorar a energia vital e o fluxo com que essa energia flui no corpo. A segunda é a onda de benefícios mentais: acalma e equilibra a mente, liberta as emoções negativas e promove equilíbrio emocional, desenvolve a concentração, conscientização e autocontrole, comando e direcionamento de energia dentro do corpo, facilitando o processo curativo”, frisa. A terceira onda apresenta os benefícios físicos e uma maior resistência a doenças, o que contribui para a longevidade.

O objetivo é resgatar esse contato com o íntimo de cada um e ativar essa consciência desperta individual, de maneira que eles se sintam empoderados. “Em tempos como estes, devemos buscar nos conectar com a natureza, voltar às raízes, fazer as coisas de maneira simples. Isso gera gratidão, que gera bem-estar. Quanto mais próximos de nós mesmos, maior a felicidade”, pontua.

Fernanda Monte Alegre complementa dizendo que a prática milena trabalha de forma ciclica. Transformando os venenos mentais, como o apego, avareza, egoísmo, raiva, e orgulho em curas e libertação do sofrimento, diminuindo as doenças do corpo físico e gerando felicidade. “Passei a entender que o processo de saúde e cura inicia-se a partir de cada ser, de sua vontade inata de ser feliz e se libertar do sofrimento, e a prática regular do Yoga Tibetano nos auxilia alavancarmos para esta cura”, conclui.