Jornal Estado de Minas

Medicina do futuro

Em nome do bem-estar



Empresas de vários ramos estão adotando a inteligência artificial (IA) para ter um trabalho de melhor qualidade e mais eficaz. E no ramo da saúde não é diferente. Hospitais e clínicas passaram a oferecer atendimento diferenciado com o uso da tecnologia.




 
Segmento da ciência da computação, a IA é responsável por elaborar dispositivos que simulam a capacidade humana de raciocinar, perceber, tomar decisões e resolver problemas. Na área da saúde, ela pode oferecer benefícios por meio da geração de dados, como tratar doenças e possibilitar ao paciente a autogestão da sua saúde. Além disso, ajuda na prevenção, detecção de doenças em estágios iniciais e identificação dos melhores tratamentos.
 
“A IA é um instrumento essencial para aprimorar o cuidado com o paciente, melhorar a sua experiência por meio de estudos preditivos e genéticos do indivíduo. Uma simples imagem do fundo do olho poderá identificar, por exemplo, fatores de risco cardiovascular relacionando a idade do paciente, pressão arterial e tabagismo”, revela João Vicente Alvarenga, diretor de TI e Digital do Grupo Pardini. O grupo desenvolve vários projetos que envolvem a inteligência artificial.
 
João explica como é um projeto dentro do laboratório. “A IA está presente na automação, nos softwares e equipamentos técnicos das esteiras produtivas da nova planta laboratorial, fruto desse projeto, que já está rodando em fase de teste.” O diretor de TI do grupo ainda afirma que o objetivo é avançar mais para obter melhores resultados e, assim, prevenir problemas futuros. “As novas soluções digitais permitem o uso de tecnologias cada vez menos invasivas, tratamentos mais personalizados, com maior precisão e resultados com mais rapidez.”





ARMAZENAMENTO Um dos benefícios da inteligência artificial para a prevenção de doenças é que o laboratório gera informação de valor clínico. “O big data (imenso volume de dados), por exemplo, permitirá armazenar o histórico completo do paciente e das gerações da sua família. A análise desses dados vai gerar informação e memória organizada, uma preciosidade para os profissionais, como médicos da família e médicos que atendem pelos planos de saúde”, explica João Vicente.
 
O big data possibilita que cada paciente seja tratado de acordo com suas características, revelando quais doenças podem ser mais prováveis de desenvolver em cada organismo. “A análise preditiva das informações dos pacientes pode gerar uma medicina cada vez mais personalizada, sobretudo em casos, desafiadores, como os de câncer. A sistematização das informações em uma rede colaborativa poderá ser acessada por diferentes profissionais e instituições de saúde. Isso pode ser um grande apoio à prevenção de doenças e tomada de decisões no futuro”, conta Alvarenga.
 
Além disso, por meio da análise desses dados, os especialistas podem estudar as epidemias presentes em determinadas regiões e ainda saber se alguma enfermidade pode ocorrer no local. “A sistematização das informações em uma rede colaborativa poderá ser acessada por diferentes profissionais e instituições de saúde.” 
 
O grupo Hermes Pardini, em parceria com a Siemens Healthineers, também desenvolveu o Enterprise. “Com essa inovação, o laboratório prevê dobrar a sua capacidade em cinco anos, por meio da automação de 84% dos seus resultados, e o laudo que ficará pronto em, no máximo, seis horas. Hoje, essa capacidade é de cerca de 60%”, exemplifica Sandra Andreo, gerente executiva de Diagnóstico Laboratorial da Siemens no Brasil.





TELEMEDICINA Além da construção de programas que realizam diagnósticos, a IA se une à telemedicina. “Auxilia na telemedicina utilizando-se da tecnologia da informação e telecomunicação, fornecendo a distância informações e atenção médica a pacientes e profissionais da saúde. No Brasil, há algumas instituições onde alguns aparelhos de imagem apontam possíveis doenças e notificam o médico automaticamente. Há aparelhos que enviam sinais vitais do paciente diretamente ao prontuário ou smartphone do médico”, afirma Fábio Tófani, médico cardiologista e coordenador do Núcleo de Cardiologia do Hospital Felício Rocho.
 
O investimento não é só em clínicas e hospitais particulares. “Ultimamente, houve grande investimento no SUS em supercomputadores que aumentaram em 10 vezes a capacidade de armazenagem. Porém, as unidades básicas de saúde, em sua maioria, não têm os programas de registro de dados, atrapalhando na coleta fidedigna deles.” Mas o médico alerta que é preciso cautela ao utilizar a inteligência artificial. “A tecnofobia na área da saúde tem que acabar para eliminar o atraso das instituições e abrir espaço para o progresso. A inteligência artificial facilita e melhora a relação médico-paciente desde que utilizada com cuidado, ética e humanização. Temos sempre que nos atentar para as inovações tecnológicas, para oferecer o melhor para o ser humano.”

* Estagiária sob supervisão 
da subeditora Elizabeth Colares