Lidar diariamente com agulhas, soros, medicamentos e o mal-estar é um desafio para muitas crianças que estão em tratamento de câncer no Hospital da Baleia. E tentar amenizar esse sofrimento por meio de histórias é um dos objetivos do projeto realizado pelo hospital, em parceria com a plataforma educacional para escolas Estante Mágica, que transforma alunos em autores do próprio livro. O projeto foi implantado pela primeira vez fora do âmbito escolar no ano passado e, desta vez, sete pacientes lançaram seu livros em cerimônia na terça-feira passada no Clube Olympico, em Belo Horizonte.
Com a ajuda de educadoras voluntárias, as crianças recebem auxílio para a criação de personagens, construção das histórias e ilustrações dos livros. Os encontros entre as crianças e as educadoras acontecem nos dias de tratamento dos pacientes, no hospital, e o cronograma de escrita é feito com os pais. Após todo o processo de escrita e ilustração, os livros são encaminhados à Estante Mágica, que cuida da parte de edição e produção das obras.
Além de colaborar para que as dificuldades ao longo do tratamento sejam amenizadas, o projeto visa contribuir com a base educacional dos pacientes, visto que, em muitos casos, as crianças precisam se ausentar da escola para se dedicar ao tratamento. O vínculo com a leitura também é estabelecido a partir da realização desse trabalho, bem como a aproximação da cultura. “Muitas crianças são do interior e acabam se afastando da escola no período do tratamento. Para que elas não percam esse contato com a aprendizagem e continuem vivendo o lúdico, o projeto se mostra essencial, com um significado que ultrapassa o cuidado médico”, afirma a gerente de mobilização de recursos do Hospital da Baleia, Danielle Ferreira.
RELATO DE EXPERIÊNCIAS
A educadora Cláudia Márcia, voluntária do projeto, acredita que a escrita pode ser importante no processo de tratamento das crianças, já que elas podem expressar o que sentem e enfrentam, além de aprender. “Nosso trabalho com os pequenos é de muita alegria e descontração. Eles adoram. Em um momento tão delicado para eles e suas famílias, transformar o hospital em um ambiente lúdico é extremamente positivo. Além disso, é uma forma de as crianças colocarem para fora suas angústias e relatar suas experiências”, explica.
São sete obras de autores diferentes. Com 6 anos, Ana Cecília Pires Martins é a mais nova entre os pacientes e lançou o livro A menina aventureira: Ana Cecília e seu cachorro Teo. Guilherme Cristiano Alves Lopes, de 7, nomeou sua obra de A festa no monte. Richard Ryan Trigueiro Santos e Juan Pablo Damasceno Oliveira de Queiroz, ambos de 7, apresentaram pela primeira vez O menino e o circo e A ilha. Iago, o supercoração, seu arqui-inimigo, o Dr. Osteossarcoma, de autoria de Iago Gabriel Pereira dos Santos, de 11 anos, e O menino que venceu o monstro do câncer, de Maike Jonathan de Almeida Gomes (em memória), também foram lançados durante a cerimônia. Intitulada O pequeno guerreiro, a obra de Luã Vinicyos Barbosa Medeiros, de 12, foi apresentada no Centro Olympico. Os livros podem ser adquiridos nos sites da Estante Mágica: www.lojinha.estantemagica.com.br e www.estantemagica.com.br/amigos.
* Estagiária sob supervisão da editora Teresa Caram