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Estado de Minas

Desafio da rasteira: médicos alertam para o risco de lesões e até morte

Popular entre adolescentes, 'brincadeira' viralizou nas redes sociais; entenda o perigo


postado em 12/02/2020 13:24 / atualizado em 14/02/2020 07:54

 

 

RESUMO DA NOTÍCIA

  • Ortopedistas alertam: o desafio da rasteira pode terminar em fraturas, contusões e luxações.
  • Em casos mais graves, a pegadinha provoca traumas cranioencefálicos, tetraplegia, paraplegia e até morte.
  • Precisa socorrer alguém machucado? Não tente remover a pessoa ferida. Chame o SAMU ou os bombeiros. 


Virou moda sobretudo entre crianças e adolescentes. Dois colegas chamam um terceiro para compor uma formação em linha reta. Primeiro, os dois da ponta dão um pulo, como se performassem uma coreografia. Depois, convidam o componente do meio para fazer o mesmo. No momento em que ele salta, surpresa: leva uma rasteira e cai de costas no chão.


O jogo, aparentemente, termina em muitas risadas e vai para as redes sociais, onde se transforma numa espécie de desafio. "Peguei um bobo! Agora, quero ver você pegar também!", instigam os posts - que ganharam popularidade em perfis de influenciadores digitais como Robson Calabianqui, o Fuinha.   

O problema, alertam especialistas, é que a brincadeira é perigosa e pode ter desfechos terríveis, que incluem lesões na coluna, fraturas e até morte.

Riscos para todos

Segundo  o ortopedista Eduardo Frois Temponi, o maior perigo do desafio está no fato de que a pessoa que recebe a rasteira, uma vez que é pega "no susto", cai sem chance de se apoiar durante a queda, usando as mãos ou os braços. Com isso, corre o risco de bater com a cabeça ou machucar a coluna em regiões importantes, o que pode ocasionar sequelas irreversíveis

"Por exemplo, traumas cranioencefálicos. Esse tipo de traumatismo leva a desmaios simples, perda de consciência, perda de habilidades cognitivas e até mesmo à morte, se houver um sangramento muito grande. No caso de ferimentos na coluna, tanto a lombar quanto a cervical, eles podem ocasionar prejuízos aos movimentos e à sensibilidade. Ou seja: paraplegia e tetraplagia", alerta. 

O especialista também chama atenção para a possibilidade de contusões e rupturas ósseas, que não raro requerem cirurgias complexas e longos períodos de imobilização e recuperação.  



"Estamos falando de impactos com potencial para romper ligamentos - uma experiência, por sinal, bastante dolorosa. Ou de gerar luxações - quando uma articulação perde o contato com a outra", explica o médico.

"É importante ressaltar também que quem dá a rasteira, os 'autores' da pegadinha não estão livres de sairem machucados. O tombo da pessoa agredida, afinal, pode acontecer em cima da perna de um deles. Essa 'brincadeira', portanto, é perigosa para todos os envolvidos. O trio, no fim, pode ir parar no hospital", pondera. 

Resgate

Em caso de desmaios e dificuldades de locomoção dos envolvidos na pegadinha, o especialista em coluna Daniel Oliveira é enfático: é muito importante deixar pessoa ferida imóvel, na superfície em que ela estiver. 

De acordo com o ortopedista, tentar remover o colega nessa situação, ou ajudá-lo a se levantar pode agravar possíveis fraturas na coluna e no pescoço, condenando-o à cadeira de rodas ou à morte. 

"Tem que chamar o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel) ou Corpo de Bombeiros imediatamente. Só eles são treinados para fazer esse tipo de resgate. Agora, o que todos podemos fazer é atuar na prevenção desses acidentes. O desafio da rasteira não é um entrentenimento saudável. Precisamos conscientizar juventude disso", reflete. 


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