Jornal Estado de Minas

Reportagem de capa

Carnaval sem indigestão




Em tempos de carnaval, valem alguns cuidados extras com a alimentação, considerando o aspecto nutritivo e de segurança. Andrea Beloni, farmacêutica e gerente de produtos de interesse da saúde da Prefeitura de Belo Horizonte, lembra que as ruas estão tomadas de food trucks, que oferecem alimentações rápidas, e recomenda que o consumidor observe tanto o local onde está estacionado quanto o veículo. Se estão limpos, organizados, sem presença de pragas, insetos ou roedores. Se os alimentos foram acondicionados em embalagens adequadas, dentro de vitrines protegidas de poeira e poluição. Os atendentes devem estar calçados e com roupas limpas e, no caso de ambulantes, o isopor precisa estar em boas condições e sem mofo. Importante também se assegurar de que os pegadores são de plástico, alumínio ou inox, evitando contato manual com alimentos.



No caso de molhos e maionese, o ideal é preferir os industrializados em sachê, evitando garrafinhas, que acabam sendo manipuladas por grande número de pessoas. As bebidas, da mesma forma, devem estar em embalagens originais e lacradas. Na pausa para recarregar as energias em plena festa, vale optar por pratos e copos descartáveis e nunca deixar de observar a cor, o cheiro e a consistência característicos do alimento a ser consumido. Beloni também chama a atenção para a “educação do próprio consumidor”, que deve evitar tocar nos cabelos e tossir em direção aos alimentos nas bancadas expositoras.

Regras 
Comidas em temperaturas adequadas, folhosas novas e legumes sem estar murchos, além de proteção aos alimentos ofertados na bancada do self-service devem ser considerados na seleção dos locais mais adequados para alimentação fora de casa. A reposição no autoatendimento deve observar o prazo de intervalo de quatro horas para pratos quentes e até seis para saladas. O serviço precisa ser feito em pequenas porções para que a comida seja rapidamente consumida e evitar desperdício, mas a bandeja exposta deve ser recolhida e trocada por outra higienizada. Não se deve sobrepor alimentos vindos da cozinha aos que estavam expostos. Alimentos que foram na distribuição não podem ser reaproveitados. O restaurante deve evitar o fluxo cruzado: do local de onde sai o alimento pronto não devem entrar pratos e vasilhas sujas ou com sobras.

No bolso 
Entre 2017 e 2018, do total de gastos das famílias brasileiras com alimentos, 32,8% foram fora de casa, segundo a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os brasileiros gastaram, em média, R$ 658,23 mensais com alimentação, sendo R$ 215,96 em restaurantes, bares e lanchonetes. Em relação a 2008/2009 (os dados são colhidos a cada 10 anos), a fatia destinada à alimentação fora de casa das famílias que residem em áreas urbanas subiu de 33,1% para 33,9%. A servidora federal Marina Passos faz parte do grupo. Aliadas às condições de limpeza do estabelecimento e da boa aparência dos pratos, a comodidade de estar perto do trabalho compõe a lista de suas preferências ao escolher o local onde vai almoçar.


Paulo Filgueiras/EM/D.A Press
Adepta do self-service, a servidora Marina Passos fica atenta às condições de limpeza do estabelecimento e da boa aparência dos pratos

Cachaça não é água, não...

A nutricionista Pâmela Archibusacci Sarkis lista algumas recomendações para a alimentação durante o carnaval. Veja a seguir:

» Se o folião começar seu carnaval pela manhã, é importante antes de sair de casa tomar um café mais completo, com suco ou frutas, porção de ovos e pão.

» Para quem preferir sair depois do almoço, o recomendável é uma alimentação completa, porém leve, evitando-se molhos gordurosos e frituras. Arroz, feijão, uma massa com molho de tomante e carne branca, cuja digestão é mais leve que a vermelha, são algumas sugestões

» Caso a refeição seja em restaurante, lanchonete ou food truck, além dos cuidados em relação à aparência da comida, recomenda-se evitar molhos à base de cremes, como maionese; o ideal é pedir para preparar na hora de consumir.



» No caso de bebidas, se for tomar diretamente na latinha, não encostar os lábios no metal, para não correr risco de contaminação, principalmente a leptospirose, originária da urina de roedores. O ideal é que a latinha seja higienizada antes de aberta.

» Um “plano B” como opções de alimentação são as barrinhas de cereais, proteínas, castanhas e paçoquinhas para reposição de glicose. “Frutas secas são legais por não ocupar muito espaço e não precisam de refrigeração. São ótimas opções para quem vai passar o dia todo na rua e compensa o lanchinho que não dá tempo para fazer”, conclui.