Quando a palavra é usada de modo errôneo, pode surgir um estado de histeria geral. Diante de situações de crise em saúde, principalmente quando o alcance é mundial, há que se ter atenção na maneira de tratar e nomear o problema. Depois que a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu, nessa quarta-feira (11), a propagação do novo coronavírus como uma pandemia, o nível de alerta cresceu no ritmo das dúvidas sobre como classificar a contaminação pelo Covid-19. A expressão que agora caracteriza a doença significa que ela já ultrapassa fronteiras continentais.
Três termos médicos principais que definem a disseminação de doenças são surto, epidemia e pandemia. Em aspecto quantitativo de pessoas contaminadas, o surto é o cenário mais inofensivo. Estudiosos aplicam a palavra no momento em que uma enfermidade ocorre em diferentes casos na mesma área. É como a situação da dengue, quando atinge uma cidade pequena.
A epidemia é detectada quando pacientes são diagnosticados em várias regiões - é como um estágio um degrau acima do surto. O quadro é observado quando diferentes zonas de um município, estado ou país contabilizam casos de uma mesma doença. O problema pode ser, nesse ponto de vista, um estado de alerta a nível municipal, estadual ou nacional. Um cenário constatado no Brasil, para citar apenas um, quando das epidemias de vírus da gripe, como o H1N1 - inclusive, vírus propagados por vias respiratórias têm como traço de comportamento o fato de se espalhar facilmente.
No caminho de progressão territorial das patologias, o quadro mais grave é, justamente, a pandemia. O problema é classificado dessa maneira quando a doença é registrada em todos os continentes. Do mesmo modo que o Covid-19, que surgiu primeiro na China e contabiliza agora milhares de casos e mortes, o que levou à nova nomeação pela OMS, uma situação similar é a gripe asiática de 1957, que, em um intervalo de dez meses, acometeu Austrália, Índia, Europa, África e Estados Unidos, ocasionando um número aproximado de 70 mil mortes.
No mundo globalizado, onde pessoas transitam todos os dias entre os seis continentes, o risco de pandemias é potencializado e se torna mais grave que no passado. Nesse cenário, a transmissão dos vírus é mais complicada de ser combatida. Em menos de dois meses, o Covid-19 só não chegou à Antártida.