A importância do relacionamento ainda mais humano na medicina durante um quadro de pandemia é urgente. A fragilidade de pacientes diante do desconhecido, a presença do medo, o aumento da insegurança, o despertar da ansiedade e o volume de dúvidas com perguntas sem respostas são gatilhos para que a reumanização de médicos diante dos pacientes cresça e se faça presente.
Leia Mais
Coronavírus e isolamento: atividades físicas podem e devem ser feitas no ambiente domésticoCoronavírus: condomínios e prédios residenciais devem adotar medidas de prevençãoCoronavírus: tal como entrar no ambiente doméstico, sair às ruas também requer atenção redobradaTelemedicina: a tecnologia como aliada no combate ao coronavírus
Uma saída para ter o médico acessível, diminuindo o risco de contágio, é a adoção da telemedicina, o exercício da profissão mediado pelo uso da tecnologia e as ferramentas disponíveis em várias frentes on-line ou off-line.
Na segunda-feira passada, dia 23, o Ministério da Saúde publicou, em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), portaria para regulamentar a telemedicina. O atendimento médico ocorrerá excepcionalmente durante o período de pandemia do novo coronavírus.
Poucos dias antes, o Conselho Federal de Medicina (CFM) tinha autorizado, em caráter excepcional, o teletrabalho, para reduzir a propagação da COVID-19. A telemedicina poderá ser adotada no Sistema Único de Saúde (SUS) e na rede privada.
Presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), a médica ginecologista Cláudia Navarro concorda com a decisão do Ministério da Saúde. No entanto, ela faz uma ressalva: “Podemos fazer a teleconsulta, utilizar a assinatura eletrônica para pedidos de exame e receitas, mas recomendo, dentro do possível, que o médico esteja, de preferência, em seu consultório para já fazer o prontuário, com todas as informações do paciente à mão".
Cláudia Navarro enfatiza que esta é uma decisão em caráter emergencial, que no futuro terá de ser revista. E nunca esquecer que há casos em que o exame presencial é insubstituível. O paciente terá de ir ao consultório.
A médica avisa que é necessário considerar o momento de crise: “Nosso sentimento é que em determinadas situações haja flexibilização. Ou seja, se a indicação é para o paciente idoso evitar sair de casa, assim como quem não apresenta quadro agudo, não tem por que eles não tirarem suas dúvidas por telefone com o seu médico, que já o conhece".
Assim, o médico pode orientá-lo. Mas, em caso de dúvida, o profissional nunca pode deixar de atendê-lo presencialmente.”
A arte de curar
O lituano Bernard Lown, professor emérito de cardiologia da Faculdade de Medicina de Harvard e membro emérito do Brigham and Women's Hospital de Boston, prêmio Nobel da Paz em 1985, é um dos nomes de maior destaque na medicina contemporânea. Foi ele quem desenvolveu o desfibrilador para a reanimação cardíaca e o cardioversor, para a correção de arritmias cardíacas.Em seu livro A arte perdida de curas (Editora Peirópolis), escreveu: “A medicina jamais teve a capacidade de fazer tanto pelo homem como hoje. No entanto, as pessoas nunca estiveram tão desencantadas com seus médicos. A questão é que a maioria dos médicos perdeu a arte de curar, que vai além da capacidade do diagnóstico e da mobilização dos recursos tecnológicos”.
Neste momento, tudo que o paciente deseja é ser atendido como um ser humano único. E que o médico também tenha o direito de se resguardar e ser visto como gente.
O fato de o paciente ter a segurança de que seu médico, que conhece seu contexto pessoal e familiar, vai atendê-lo é um alívio neste momento de coronavírus.
Ele se sente melhor ouvindo o encaminhamento ou diagnóstico de quem confia do que se apresentar em um pronto-atendimento, às vezes sem necessidade, para lidar com um profissional que nunca viu na vida, sobrecarregado e, seguramente, em um ambiente estressado e de risco.
Por outro lado, há quem não tem plano de saúde, médico de família ou da confiança, que também tem o direito de ter profissionais da saúde aptos a atendê-lo da maneira mais segura possível. Daí a importância do contato via smartphones, internet, e-mail, computador, enfim, ferramentas criadas pela tecnologia.
Alerta para os médicos
Do lado do profissional, o CRM-MG expediu um alerta de como os médicos, para sua proteção, devem agir em seus consultórios. A primeira atitude é a secretária questionar o paciente se é caso suspeito e orientar o uso de máscara cirúrgica.
Em seguida, agenda a consulta para o final do atendimento, quando todos deverão usar a máscara cirúrgica durante toda a abordagem.
O paciente deve aguardar em lugar arejado e ter sua consulta priorizada. A distância de segurança é de 1,8m e é importante que haja fluxo de ar atrás da cadeira do médico. Não tem cumprimento de mãos. Ao tossir ou espirrar, cobrir boca e nariz com o cotovelo flexionado.
Durante o exame ou procedimento, o profissional tem de usar avental, óculos de proteção e luvas. E sempre fazer a desinfecção de superfícies e objetos com álcool 70% ou hipoclorito 1%.
Até este instante, a saída vislumbrada é, na verdade, cada um se dispor a praticar a empatia, ter cautela, racionalidade, civilidade e solidariedade que todo brasileiro, urgentemente, tem de começar a aplicar no dia a dia, em isolamento ou não. Pensar no outro igualmente com direitos, deveres, carências, necessidades, medos, inseguranças e incertezas.
Ninguém está de fora, a COVID-19 não contamina diferenciando extrato social, que num país desigual e pobre como o Brasil sempre penaliza e é cruel com os mais desfavorecidos.
O que é o coronavírus?
Como a COVID-19 é transmitida?
Como se prevenir?
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Mitos e verdades sobre o vírus
Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:
Especial: Tudo sobre o coronavírus
Coronavírus: o que fazer com roupas, acessórios e sapatos ao voltar para casa
Coronavírus é pandemia. Entenda a origem desta palavra