A procura por tratamentos estéticos cresce no ritmo do desenvolvimento de novas tecnologias para conservar o corpo e a aparência. São equipamentos que revolucionam o setor da beleza e cuidados pessoais, com possibilidades, entre outras, de definir músculos, reduzir medidas e combater o envelhecimento. Um segmento que, como muitos outros, agora também sente os efeitos da pandemia do coronavírus. Muitas clínicas estão fechadas, seguindo orientação de órgãos e autoridades em saúde, e muita gente se pergunta como continuar com os procedimentos.
Há um grande número de métodos que demandam mais de uma sessão, mas agora muitas pessoas se viram obrigadas a interromper as terapias corporais. Ao mesmo tempo, o período de reclusão pode também ser uma chance para ter atenção a aspectos deixados de lado com a correria diária. Nesse cenário, especialistas ensinam maneiras para manter os processos mesmo dentro de casa e continuar com bons resultados.
Este é um momento em que tensões são potencializadas, principalmente pela incerteza sobre o que vai acontecer daqui para frente quanto aos efeitos da pandemia. O dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Lucas Miranda, reforça a importância de ter uma atenção especial com a saúde, já que questões emocionais refletem diretamente não só na mente, mas também na pele e no cabelo, visto que o estado de ansiedade e medo provoca, muitas vezes, manifestações psicossomáticas.
"A pele, maior órgão do corpo humano, juntamente ao sistema digestivo, é o que mais apresenta quadros de somatização. Já a eventual queda de cabelo é uma das manifestações mais frequentes associadas a períodos de estresse", ressalta o dermatologista. Para quem enfrenta problema com os cabelos, Lucas Miranda aconselha o uso de vitaminas e suplementos com cisteína, vitamina C, vitamina E, biotina e silício, entre outros e, claro, procurar orientação médica para entender o que é mais indicado em cada caso.
Além da queda capilar, a dermatite seborreica costuma ser agravada em períodos de ansiedade. Na pele, entre outros problemas está o surgimento de acnes, herpes (em pessoas com predisposição), psoríase (doença inflamatória) e vitiligo (doença autoimune). "Não existe fórmula mágica que faça com que esses medos desapareçam, mas é muito importante que tenhamos a consciência do quanto o equilíbrio é fundamental para evitar o desencadeamento de outras enfermidades. Beba muita água, alimente-se de maneira correta, durma bem, pratique atividades físicas e tente relaxar. Tudo isso vai passar", anima-se.
Diante da necessidade de isolamento social, pessoas que estavam realizando tratamentos dermatológicos estão se perguntando o que devem fazer - se continuam ou não o tratamento, se vale a pena esperar alguns dias para recomeçar, se podem dar um 'jeitinho' em casa para não perder o que já foi feito. Lucas Miranda conta que muitos atendimentos têm sido feitos por teleconsulta, uma forma de evitar aglomeração de pacientes em ambientes fechados.
O médico cita procedimentos que demandam mais de uma sessão, como os feitos com laser, microagulhamento e aparelho de ultrassom. "Se o paciente tiver menos de 60 anos, não apresentar sintomas que indiquem a infecção por coronavírus e não tiver doenças crônicas, o agendamento pode ser feito para que esse tratamento continue de maneira presencial. Tudo de maneira individualizada, com as medidas de higienização orientadas pelos órgãos mundiais de saúde."
Não é por causa da ordem para ficar em casa que os cuidados com a pele e o cabelo devem ser negligenciados. "Muito pelo contrário. O skincare pode e deve ser feito com mais atenção e tempo. Para as mulheres, o indicado é aproveitar esse período em que não precisam usar maquiagem, rímel, base, para deixar o rosto respirar", ensina o médico.
BONS HÁBITOS
Existem tratamentos para gordura localizada, por exemplo, que são realizados em apenas uma sessão, enquanto outros, para celulite e flacidez, demandam mais sessões. "Ainda não sabemos quanto tempo vai durar esse isolamento social. O ideal para não ser prejudicado é apostar nos bons hábitos", afirma Abdo Salomão Junior, dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia.
Quando o objetivo é o combate ao envelhecimento facial, o médico cita alternativas terapêuticas, que não têm tanto peso quanto um procedimento, mas são boas aliadas nesse momento. "Quando um tratamento com laser para manchas é interrompido, para seguir com os resultados o paciente pode usar em casa o ácido retinoico e o tranexâmico para manter o clareamento das manchas", exemplifica o dermatologista. No caso de ultrassom recomendado para rugas e flacidez de pele, uma saída para minimizar possíveis efeitos negativos com a interrupção é a utilização de substâncias renovadoras e hidratantes, como ácido retinoico, progenitrix, hyaxel. "Além disso, podemos indicar vitaminas orais, para o caso de flacidez, rugas e manchas", acrescenta a dermatologista Claudia Marçal.
Para os tratamentos corporais, bons hábitos impactam positivamente na manutenção dos resultados para amenizar celulite, gordura e flacidez. Praticar atividades físicas dentro de casa, controlar o estresse, preservar uma dieta alimentar equilibrada e observar a qualidade do sono são medidas recomendadas por especialistas. Entre as áreas do corpo que devem receber cuidados especiais, além do rosto, a região que mais recebe atenção durante a rotina de beleza, corpo e cabelos, há que se atentar para as pálpebras, os lábios, pescoço e colo, mãos, pés, joelhos e cotovelos.
Rotina necessária: o dermatologista Lucas Miranda sugere algumas dicas para manter a cútis saudável:
- Lavar a pele duas vezes ao dia (de manhã e de noite)
- Utilizar uma loção tônica para recuperar o PH cutâneo
- Usar creme para a área dos olhos para tratamento de olheiras e rugas
- Aplicar um bom hidratante facial recomendado para seu tipo de pele
- Na parte da manhã, independentemente de sair ou não de casa, é fundamental fazer uso do protetor solar com FPS30. Se o trabalho for home office e na frente do computador, melhor apostar nos protetores com cor, pois protegem mais da luz visível
- Entre os cuidados semanais, a realização de uma esfoliação com sabonete e hidratante (com partículas de tamanho pequeno ou médio) promove a retirada da camada superficial, torna a aparência da pele mais homogênea e aumenta a absorção dos cremes
- Os produtos devem ser espalhados em movimentos circulares, sempre com cuidado para não machucar a pele. Além disso, devem ter a capacidade de remover as impurezas sem agredir o tecido cutâneo
- Para o cabelo, a rotina de cuidado com os fios é muito individual, pois depende muito de seu aspecto
- Uma pessoa com cabelo oleoso deve lavá-lo todos os dias. Para cabelo seco, a lavagem deve ser de duas a três vezes por semana
- Para quem pratica atividades físicas e transpira muito, o ideal é lavar os fios sempre que suar, evitando o sal no cabelo
- O importante é lavar com água fria ou morna, e dar preferência para shampoos neutros e condicionadores hidratantes durante a semana
- Na quarentena, é importante tentar dar um tempo para o cabelo 'respirar' quando o assunto é secador e chapinha. E, sempre que fizer uso, passar o protetor térmico
- Na rotina de cuidados semanas, passar máscaras (hidratante/nutrição/ restauração) sempre intercaladas. A frequência pode ser semanal ou de duas vezes por semana, dependendo da indicação do profissional dermatologista ou tricologista.
- O corpo é reflexo do que comemos. Não adianta fazer uso, tanto na face, quanto no cabelo, de cremes caros, se não estiver com a rotina equilibrada
- Para melhorar a saúde dos fios, é importante uma dieta rica em alimentos como cenoura, espinafre, aveia, salmão e peixes, soja, laranja, morango, iogurte (de preferência sem açúcar e gordura), castanha do pará e agrião
- Entre os inimigos estão o açúcar, carboidrato refinado (farinha branca) e a ingestão de álcool
- No caso da pele, dê preferência para cenoura, mamão, manga, brócolis, espinafre, laranja, kiwi, limão, castanhas, como a do pará, avelã, amêndoa, nozes, semente de linhaça e de girassol, peixes como sardinha e salmão, amora, abacaxi, morango, cacau (70% para mais) e carnes vermelhas