A Nanox, empresa-filha da Universidade Federal de São Carlos, irá ceder materiais bactericidas para a produção de máscaras reutilizáveis a serem usadas como proteção ao novo coronavírus. Em parceria, a fábrica de brinquedos Elka será a responsável pela montagem do produto. Cerca de 10% dos equipamentos produzidos serão doados.
Luiz Gustavo Pagotto Simões, diretor da Nanox, explica que pelo padrão de classificação de filtragem de ar, do Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional, dos Estado Unidos, essas máscaras são consideradas como N95, mas com algumas vantagens para além deste grupo de especificação. “O que a difere das demais é a sua propriedade lavável. A pessoa descarta somente o filtro e higieniza o equipamento. Esse é um grande benefício.”
Além disso, Simões destaca que o polímero, material utilizado na produção da máscara, é outro diferencial. “O material usado é bactericida. Então, na superfície do plástico, não vão se desenvolver bactérias ou fungos. A característica antiviral também está presente.”
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O diretor da spin-off da UFSCar enfatiza, ainda, o benefício socioambiental presente na produção dessas máscaras. “O filtro, que é a parte principal do equipamento, é descartável. Ao comparar com as máscaras tradicionais N95, inteiramente feitas de filtro, é possível constatar uma diminuição do uso deste material, reduzindo, assim, o impacto ambiental.”
Parceria
Simões conta como se deu o processo criativo das máscaras. “As máscaras foram lançadas em Boston, onde a Nanox também atua. O modelo então foi recomendado a todos os parques de impressão 3D, utilizando um material antibacteriano como o que a empresa produz. Então, fizemos uma parceria com a Elka, que tem uma grande extensão fabril de injetores, recurso necessário para a produção do equipamento de proteção.”
O diretor da Nanox explica que a Elka precisou fazer mudanças em sua produção para atender algumas regulamentações, visto que, tradicionalmente, a empresa produzia brinquedos. “Foi necessário se adaptar a algumas normas, que no caso de brinquedos são diferentes. No entanto, o processo fabril em si é bem parecido, o que muda é o formato da peça. Então, pequenas adaptações foram feitas para atender a demanda de fabricação da máscara.”
A produção começará em maio, quando todas as etapas pré-processamento estarão concluídas. “Estamos ainda no estágio de finalização do molde. Já temos um protótipo e estamos recebendo pedidos e encomendas, mas a produção, de fato, começa a partir do dia 12 de maio.”
A princípio, a máscara será comercializada em todo o Brasil, sem previsões de exportação. “Estamos em uma fase que a curva de contaminação está se elevando cada vez mais, então a demanda interna tende a ser grande nos próximos vezes. Por isso, a ideia é que seja vendida para todo o Brasil, com foco nas áreas mais afetadas.”
Simões destaca que, cerca de 10% das máscaras produzidas devem ser doadas. “A Elka ainda está viabilizando, de forma, jurídica essa doação, mas a ideia é que parte da produção seja doada para instituições que estejam em risco iminente de contaminação.”
* Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram