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Estado de Minas COVID-19

Coronavírus: empresa spin-off da UFSCar produz máscaras bactericidas

A Nanox, em parceria com a fabricante de brinquedos Elka, lança máscaras respiratórias reutilizáveis com propriedades antibacterianas, antifúngicas e antivirais


postado em 29/04/2020 14:00 / atualizado em 29/04/2020 14:36

As máscaras serão produzidas a partir de maio e comercializadas em todo o Brasil(foto: Divulgação)
As máscaras serão produzidas a partir de maio e comercializadas em todo o Brasil (foto: Divulgação)
 
A Nanox, empresa-filha da Universidade Federal de São Carlos, irá ceder materiais bactericidas para a produção de máscaras reutilizáveis a serem usadas como proteção ao novo coronavírus. Em parceria, a fábrica de brinquedos Elka será a responsável pela montagem do produto. Cerca de 10% dos equipamentos produzidos serão doados

Luiz Gustavo Pagotto Simões, diretor da Nanox, explica que pelo padrão de classificação de filtragem de ar, do Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional, dos Estado Unidos, essas máscaras são consideradas como N95, mas com algumas vantagens para além deste grupo de especificação. “O que a difere das demais é a sua propriedade lavável. A pessoa descarta somente o filtro e higieniza o equipamento. Esse é um grande benefício.” 

Além disso, Simões destaca que o polímero, material utilizado na produção da máscara, é outro diferencial. “O material usado é bactericida. Então, na superfície do plástico, não vão se desenvolver bactérias ou fungos. A característica antiviral também está presente.” 

As propriedades antimicrobianas são resultantes da adição de micropartículas de prata aos polímeros. E, embora ainda não haja comprovação da eficácia deste recurso contra o novo coronavírus, Simões alerta que o material já tem ação comprovada contra outros vírus. “A eficácia bactericida é comprovada por uma norma ISO, que destaca a capacidade do produto de eliminação de 99,99% das bactérias presentes na superfície do plástico”, diz. 

Mesmo com propriedade bactericida, as máscaras produzidas pela Nanox, em parceria com a Elka, exigem cuidados como todas as outras. “O produto vem em uma embalagem lacrada. Após o uso, é preciso higienizar a máscara com água e sabão ou álcool 70% e descartar os filtros, que serão trocados por novos”, pontua Simões. 

O diretor da spin-off da UFSCar enfatiza, ainda, o benefício socioambiental presente na produção dessas máscaras. “O filtro, que é a parte principal do equipamento, é descartável. Ao comparar com as máscaras tradicionais N95, inteiramente feitas de filtro, é possível constatar uma diminuição do uso deste material, reduzindo, assim, o impacto ambiental.” 


Parceria 


Simões conta como se deu o processo criativo das máscaras. “As máscaras foram lançadas em Boston, onde a Nanox também atua. O modelo então foi recomendado a todos os parques de impressão 3D, utilizando um material antibacteriano como o que a empresa produz. Então, fizemos uma parceria com a Elka, que tem uma grande extensão fabril de injetores, recurso necessário para a produção do equipamento de proteção.” 

O diretor da Nanox explica que a Elka precisou fazer mudanças em sua produção para atender algumas regulamentações, visto que, tradicionalmente, a empresa produzia brinquedos. “Foi necessário se adaptar a algumas normas, que no caso de brinquedos são diferentes. No entanto, o processo fabril em si é bem parecido, o que muda é o formato da peça. Então, pequenas adaptações foram feitas para atender a demanda de fabricação da máscara.” 

A produção começará em maio, quando todas as etapas pré-processamento estarão concluídas. “Estamos ainda no estágio de finalização do molde. Já temos um protótipo e estamos recebendo pedidos e encomendas, mas a produção, de fato, começa a partir do dia 12 de maio.” 

A princípio, a máscara será comercializada em todo o Brasil, sem previsões de exportação. “Estamos em uma fase que a curva de contaminação está se elevando cada vez mais, então a demanda interna tende a ser grande nos próximos vezes. Por isso, a ideia é que seja vendida para todo o Brasil, com foco nas áreas mais afetadas.” 

Simões destaca que, cerca de 10% das máscaras produzidas devem ser doadas. “A Elka ainda está viabilizando, de forma, jurídica essa doação, mas a ideia é que parte da produção seja doada para instituições que estejam em risco iminente de contaminação.”
 
* Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram 


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