Jornal Estado de Minas

COVID-19

Hora de mudar hábitos

Júlia Lobo, diretora da Febracis Belo Horizonte, diz que o grande segredo está em enxergar um propósito nesta mudança (foto: Arquivo pessoal)

 

Em meio à pandemia de COVID-19, medidas de isolamento social foram recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a todos os países. Dessa forma, a necessidade de passar mais tempo em casa possibilitou a adoção de novos hábitos, a fim de aproveitar parte do tempo livre. Além disso, ações improdutivas podem ser identificadas e substituídas. E metas pessoas e profissionais cumpridas.



 

Júlia Lobo, diretora da Febracis Belo Horizonte, instituição de coaching integral sistêmico (CIS), explica que hábitos são atitudes inconscientes realizadas repetidamente e que a quarentena, devido à maior quantidade de horas disponíveis, se tornou um ótimo parâmetro de costumes diários.

 

O isolamento fez com que as pessoas permanecessem em casa. “Muitas pessoas que antes só voltavam para o lar para dormir ou viviam de forma improdutiva sua rotina, aproveitaram a oportunidade para promover o autoconhecimento, se permitindo substituir hábitos negativos, capazes de conduzir a resultados ruins até então desconhecidos, por novos hábitos, dessa vez positivos. Esses, consequentemente, trazem novos resultados, independentemente da área da vida, seja ela profissional, conjugal, financeira ou emocional”, diz.

 

 

A coach ressalta que, para a inserção desses novos hábitos no cotidiano, é necessário, primeiramente, reconhecer as práticas normalmente adotadas e ter consciência sobre elas. Ela explica que no coaching integral sistêmico existem 11 pilares, que podem ser chamados de espiritual, conjugal, familiar, parental, profissional, financeiro, social, intelectual, emocional, serviço e saúde. “Então, é necessário listar todos os hábitos, produtivos e improdutivos, e se conscientizar do conjunto que rege cada um deles para, assim, entender que resultados são consequências. A partir disso, é possível criar hábitos positivos. Como dizia Einstein, ‘loucura é continuar fazendo as mesmas coisas e esperar resultados diferentes’.”



 

É o que fez a estudante de relações públicas Sara Liz Nogueira Lima, de 21 anos, que encontrava empecilhos na falta de tempo, antes do início da quarentena, devido às tarefas diárias, para praticar exercícios físicos. “Normalmente, acordava, ia ao trabalho e depois para a faculdade. O tempo livre quase sempre era destinado à realização de trabalhos. Portanto, inúmeras vezes o cansaço me venceu e as atividades físicas foram deixadas de lado, se tornando hábitos prejudiciais ao meu organismo. Percebi, também, que se ficasse sem exercícios durante a quarentena, a ansiedade me consumiria, me fazendo comer cada vez mais e me propiciando enormes prejuízos futuramente”, conta.

 

Sara relata, ainda, que após fazer o reconhecimento dos hábitos que a faziam ter resultados ruins, e a quarentena a propiciar mais disponibilidade de tempo, a inserção de novos costumes foi benéfica. “Com a necessidade de ficar em casa, levando em conta a pandemia e o isolamento social, agora tenho aulas remotas e trabalho em home office, o tempo de deslocamento me herdou horas para que a prática fosse inserida no dia a dia. Os resultados são gradativos, mas tenho a sensação de dever cumprido.”

 
ROTINA

 

Júlia enfatiza que estabelecer uma rotina pode contribuir para que os hábitos sejam inseridos no cotidiano de cada pessoa e, também, melhor aceitos. “A rotina é a garantia de que algo acontecerá como previsto, como planejado. Ela faz com que os hábitos sejam executados no piloto automático, ou seja, de forma incons- ciente. Nosso corpo trabalha direcionado para uma ação, enquanto nossa mente está livre para focar em outra, o que gera produtividade.”



 

A coach pontua, também, que os benefícios são recompensas adquiridas após a mudança de hábitos e que criar um objetivo pode contribuir para essa inserção. Além disso, Júlia destaca que essa mudança pode se tornar benéfica ao corpo e propiciar uma extensão desse costume para além do isolamento social.

 

 

“Identificar hábitos ruins, mudá-los e criar uma rotina possibilita a criação de costumes positivos e consequências capazes de promover mudanças significativas na área escolhida por cada pessoa. Por isso, manter esses novos costumes é importante.” Dessa forma, é indicado que a pessoa aprenda a identificar o que a leva ao hábito para que, posteriormente, ela possa estabelecer uma nova rotina e ter clareza quanto à recompensa que ela terá. “O grande segredo está em enxergar um propósito nesta mudança”, explica.

 

Sara, ao reconhecer os benefícios do novo costume, afirma ter expectativa em conseguir estender o hábito de praticar atividades físicas, após a quarentena, para fora dos domínios de sua casa. “Espero entrar no ritmo e conseguir implantar esse hábito de atividades físicas em minha rotina após o fim do isolamento. É algo que gostaria, pois essa tem sido uma prática positiva em meu novo cotidiano.”

 

*Estagiária sob supervisão da editora Teresa Caram