Nesta terça-feira, 12, se comemora o Dia da Enfermagem, data dedicada a enaltecer o trabalho realizado pelo profissional de enfermagem. Trabalho este destinado ao cuidado e a salvar vidas.
Em meio à pandemia de COVID-19, o exercício da profissão na linha de frente do combate à doença ganhou destaque. No entanto, relatos evidenciam os desafios enfrentados diariamente e a ausência de um maior reconhecimento.
Em meio à pandemia de COVID-19, o exercício da profissão na linha de frente do combate à doença ganhou destaque. No entanto, relatos evidenciam os desafios enfrentados diariamente e a ausência de um maior reconhecimento.
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Para o mestre e professor de enfermagem da Una André Luiz Alvim, a enfermagem é a profissão fundamental no que tange a área da saúde, sendo considerada a maior força de trabalho neste âmbito, ao desenvolver a complexidade do cuidar.
“O ser humano é complexo e a enfermagem está preparada para lidar com essa complexidade. Não olhamos para o paciente de forma específica, com enfoque na patologia, e sim com uma abordagem holística, avaliando o paciente como um todo. Nos preocupamos com o indivíduo, com a família dele e com a coletividade. Então, quando se fala em prestar uma assistência de enfermagem, estamos falando em administrar um cuidado, em assistir o paciente, investigar sobre a patologia e educar. Todo enfermeiro é um educador em saúde.”
No entanto, Alvim afirma que a desvalorização por parte da população e mesmo dos poderes públicos e particulares é perceptível e sentida pelos profissiponais de enfermagem. E, endossa, inclusive, um apelo por melhores condições de trabalho e reconhecimento.
“Os profissionais de enfermagem não são e nunca foram auxiliares de médico. A escolha feita por estudar enfermagem se dá porque tal pessoa quer estudar e atuar como enfermeiro. Por isso, nos dedicamos diariamente a prestar a melhor assistência aos pacientes, uma assistência pautada em evidências científicas. Então, por esse motivo, a enfermagem luta por um piso salarial digno e uma jornada de trabalho compatível, pois são esses, os maiores desafios encontrados pelos enfermeiros.”
Em meio à pandemia de COVID-19, o mestre em enfermagem, especialista em atendimento de urgência e enfermeiro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Carlos Henrique Campos Castanheira conta que a necessidade de controle da doença e dedicação total aos pacientes fez com que houvesse uma mudança drástica na rotina de atendimentos.
“Temos que lidar todos os dias com o medo e a insegurança de voltar para casa, pois tememos estar infectados e, também, por contaminar nossos familiares. Além disso, lidamos com a exaustão física de passar mais de 12 horas com os equipamentos de proteção individual. Nossos rostos são feridos pelas máscaras N95. Os macacões nos fazem desidratar. Passamos longas horas sem comer ou ir ao banheiro. Mas, ainda assim, nos mantemos firmes para oferecer uma assistência segura e humanizada aos nossos pacientes.”
Para além da pandemia
Frente ao colapso da saúde pública mundial, diversas manifestações de agradecimento foram direcionadas aos profissionais de saúde. Para Alvim, os “parabéns” não devem ser destinados aos enfermeiros e técnicos de enfermagem somente no emergir de acontecimentos que comprometem a saúde ou mesmo na data destinada a essa celebração, mas sim todos os dias.
“Com o novo coronavírus, esses profissionais vêm recebendo destaque pelo cuidado, pela prática baseada em evidências e também pela preocupação. São mais de dois milhões de profissionais que lidam com vários pacientes, todos eles sendo o amor de alguém. Portanto, esses profissionais merecem reconhecimento por todos os dias dedicados ao cuidado humanizado.”
Em sala de aula
O enfermeiro Alvim conta que mesmo com as críticas de familiares e amigos, não se arrepende de ter escolhido a enfermagem, e que foi por amor a profissão que se especializou e hoje leciona. “O enfermeiro é um profissional que faz ciência também. Eu agradeço todos os dias por ter escolhido a enfermagem na minha vida.”
E, como professor de enfermagem, relata que desde o início da graduação tenta passar para seus alunos o encantamento da profissão, pois, para ele, a enfermagem encanta e merece destaque por lutar pela vida. “Sempre digo aos meus alunos que eles escolheram a profissão certa, na qual estarão diariamente na linha de frente do cuidado.”
Alvim ressalta que, como professor, busca sempre ensinar que não se pode olhar para o paciente apenas como doente e tratar de sua patologia, mas sim como ser humano e avaliar, também, o contexto biopsicossocial. “Peço para os meus alunos irem além da dor e utilizarem a teoria da enfermagem, pois é o processo de enfermagem que dá subsídio para que profissão de enfermeiro seja considerada uma ciência, a ciência do cuidar.”
Na linha de frente do atendimento
Atuando como enfermeiro do Samu, Castanheira destaca que se sente completamente realizado em seu trabalho. Castanheira afirma que há 15 anos sai de casa com alegria para cumprir o plantão e que, todos os dias, volta para o seu lar com a satisfação de ter feito a diferença na vida de várias pessoas. “Salvar uma vida é a melhor sensação do mundo.”
Castanheira ressalta, ainda, que a enfermagem é a única profissão da área da saúde que fica 24 horas ao lado do paciente, oferecendo todos os cuidados necessários à manutenção da vida e do bem-estar. “Tenho consciência do trabalho imprescindível que realizo. Todos os profissionais de saúde são fundamentais, cada um com sua expertise. Mas, o sistema de saúde não funciona sem a enfermagem.”
* Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram