Jornal Estado de Minas

COVID-19

Coronavírus: documento orienta gestantes, puérperas e familiares

 
A Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig) elaborou documentos destinados à orientação de mulheres e médicos sobre os cuidados a serem tomados na gravidez, durante o período da pandemia.


As recomendações, de acesso gratuito, têm especificidades em seus registros, a depender de seu público-alvo. Sendo assim, grávidas e profissionais de saúde têm acesso a documentos distintos

O diretor da Sogimig, Francisco Lírio Ramos Filho, destaca que o objetivo da associação é auxiliar grávidas, puérperas, ou seja, mulheres em resguardo, e profissionais da linha de frente no acompanhamento gestacional, tendo em vista as orientações de isolamento social.  

O alto risco de contaminação desse grupo aliado à falta de conhecimento científico sobre a totalidade do vírus e sua ação são questões, também, pertinentes quanto à necessidade de orientações específicas.

Por isso, os registros são baseados em recomendações do Ministério da Saúde, das Secretarias Estadual e Municipal de Saúde e em publicações científicas feitas em relação à COVID-19.  

Além das notas técnicas e estudos divulgados recentemente, os documentos foram elaborados por ginecologistas obstetras da diretoria da Sogimig, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde. 



“Entre as principais recomendações estão as medidas necessárias para prevenir a propagação do novo coronavírus, como etiquetas de tosse, distanciamento social, agendamento de consultas em horários mais espaçados, utilização de máscara cirúrgica para atendimento, e que a gestante tenha todas as orientações de como se contrai a doença para, assim, se prevenir do contágio”, explica. 

Ramos pontua, ainda, que, caso haja o aparecimento de sintomas relacionados a COVID-19, é necessário que a mulher comunique imediatamente ao médico sobre seu quadro, a fim de que uma avaliação seja feita. “Posteriormente se faz fundamental a notificação do caso e, ao atestar condições clínicas estáveis, a mulher deve ficar em isolamento domiciliar por pelo menos 14 dias, a chamada quarentena, bem como todas as pessoas com as quais ela teve contato nesse período.” 

Em casos mais graves, o diretor da Sogimig alerta que a orientação é que a gestante seja encaminhada para uma maternidade de referência para que uma avaliação sobre a necessidade de internação seja feita. 


Recomendações 


Ramos afirma ser de suma importância que o acompanhamento pré-natal seja mantido e que todas as gestantes cumpram o isolamento social. Além disso, o diretor da Sogimig pontua que gestantes que são profissionais da saúde devem ser afastadas do ambiente de trabalho por tempo indeterminado. “Aquelas que não atuam na área da saúde, mas têm contato com público em geral, devem trabalhar de casa ou serem desviadas para outra função.” 

Para ele, é necessário agir com cautela a fim de evitar o contágio da doença por gestantes, pois, neste contexto, o cuidado é direcionado a duas vidas. “Se a gestante não fica bem, possivelmente o bebê pode ter a saúde prejudicada. E, é importante reforçar: deve-se manter as consultas de pré-natal. Do contrário, protegemos a mulher, mas aumentamos o risco para outros problemas que podem afetar a gravidez e a saúde dessa mulher e de seu filho.” 

Quanto ao parto, Ramos ressalta que não há nenhuma evidência científica de transmissão da doença da mulher para o feto, seja por meio da placenta ou da amamentação, após o nascimento. No entanto, alguns cuidados devem ser tomados. 



“Em casos em que a mãe esteja contaminada com a doença, é importante saber que não é permitido o contato pele a pele e a amamentação ocorre depois que a mãe toma banho, mesmo que este seja de leito. Além disso, é necessário o uso de máscara e que a higienização das mãos seja feita. No alojamento, o distanciamento de dois metros entre a cama da mãe e o berço do bebê deve ser mantido.” 

As visitas hospitalares são proibidas com o intuito de evitar trânsito de pessoas que possam estar contaminadas. "A gestante permanece com o direito de um acompanhante, conforme garantido por lei, mas este não pode ser sintomático ou parte do grupo de risco.” 

Os documentos podem ser acessados, de forma gratuita, no site da Sogimig e em suas redes sociais. O instrumento técnico, destinado a profissionais de saúde, também são encaminhados aos ginecologistas obstetras do estado, vinculados à associação, por e-mail e WhatsApp.  

“Vale destacar que qualquer profissional da saúde pode ter acesso às recomendações, não só ginecologistas e obstetras, visto que, muitas vezes, outros médicos acompanham essas mulheres durante o pré-natal e/ou assistem essas gestantes ao chegarem às maternidades”, destaca Ramos. 

De acordo com o diretor da Sogimig, o documento é atualizado sempre que necessário, acompanhando os desdobramentos do cenário atual. Dessa forma, a primeira versão, publicada em março, seguirá disponível, à medida que as atualizações forem sendo feitas, nos canais digitais da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais  

* Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram