Jornal Estado de Minas

COVID-19

Coronavírus: ciência social pode ajudar na busca por respostas


Um estudo feito pelo professor e especialista em neurociência pela Universidade Presbiteriana Mackenzie Paulo Boggio, em parceria com outros 40 pesquisadores internacionais, apontou a relevância da ciência social e comportamental no enfrentamento da pandemia de COVID-19. Neste contexto, a pesquisa discutiu como aspectos relacionados ao estresse, saúde mental, liderança política e tomada de decisões podem influenciar no combate à pandemia. 





Para Boggio, isso se justifica pelo fato de não haver ainda uma solução médica para a crise em questão, o que resulta em um combate totalmente pautado na prevenção. Sendo assim, a mudança de comportamento se faz necessária, a fim de evitar a contaminação pelo vírus, como o uso de máscaras, isolamento social e evitar contato físico, todas elas ditadas pelas normas sociais as quais regem as atitudes humanas

Portanto, conforme o pesquisador, a ciência social e comportamental, ou parte dela, assume papel fundamental no enfrentamento ao novo coronavírus, a considerar, justamente, esse aspecto.  

“Outra parcela disso diz respeito ao fato de que sendo as atitudes humanas as principais formas de combater esse vírus no momento, o distanciamento e a falta de contato com o próximo podem estimular efeitos negativos. Isso porque o ser humano é altamente sociável e o estar próximo das pessoas oferece ganho significativo ao comportamento das pessoas, no entanto não é o recomendado, e é preciso lidar com isso também”, explica. 

E é neste cenário que o especialista em neurociência destaca ser importante, mais uma vez, a compreensão das ciências sociais e do comportamento, visto que ao se deparar com situações desastrosas e consequências negativas, o ser humano precisa denotar como agir perante elas, como é o caso da chamada percepção de risco





“As pessoas podem perceber um risco aumentado ou diminuído face ao mesmo problema. Então, as pessoas podem estar diante da mesma adversidade, como de fato o mundo está, mas não necessariamente esses indivíduos vão ter a mesma percepção de risco, o que é fácil de ver no dia a dia. Algumas pessoas estão olhando para essa pandemia e achando que ela é uma coisa simples, apenas uma gripe e que não tem nada demais. E, outras estão tendo a noção de que ela é grave e que tem uma taxa de fatalidade alta.” 

Sendo assim, o professor pontua que essa percepção tende a constituir-se de variações, a considerar alguns fatores relacionados àquele que sente o perigo. E, o aspecto pessoal é o mais determinante deles, pois, segundo o pesquisador, é essa característica a responsável por processar a informação recebida e delinear a interpretação do fato. 
 
 

Portanto, a racionalidade e demais particularidades podem ser cruciais para o entendimento de uma situação e a forma como tal pessoa irá se posicionar e agir acerca do assunto.  

“O otimismo, por exemplo, contribui para que, de certa forma, a situação seja interpretada como algo improvável de se acontecer com a pessoa em questão. Pensamentos como ‘essa doença é grave, mas eu tenho um histórico de atleta, isso não vai acontecer comigo’ ou ‘eu tenho uma saúde boa, não vou me infectar’ são clássicas ilustrações deste viés otimista atuando na mente humana.” 

Além disso, Boggio destaca que a forma como a informação ou notícia é comunicada à população é relevante neste cenário, e pode interferir nas atitudes e comportamento humano. Por isso, o especialista ressalta a importância de que a pandemia, e outras situações em geral, sejam passadas ao público de forma a produzir uma consciência indicativa relativamente compatível com o tamanho do perigo, a fim de que isso se reflita também nas medidas a serem tomadas individualmente e coletivamente

Liderança

 

Boggio elucida que, dentro dos aspectos estudados pela ciência social e comportamental, o papel dos líderes e lideranças também devem ser analisados a fim de que medidas promissoras sejam adotadas, visto que eles exercem influência sobre aqueles que o seguem.  

Paulo Boggio, professor e especialista em neurociência pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (foto: Divulgação)
“Em momentos como esses, é preciso tomar atitudes coordenadas, então, não adianta estabelecer quarentena onde a maioria das pessoas não as seguem. E muitas delas não permanecem em isolamento social pois precisam trabalhar e ganhar dinheiro para se sustentarem. E é aí que é preciso ter suporte governamental para que essas pessoas não precisem se expor, o que é cruel”, comenta. 





Neste contexto, o especialista destaca a justificativa para tal cenário: “falta coordenação e liderança”. E, para o professor, neste momento, é fundamental que líderes importantes apareçam e mostrem direções a serem tomadas, bem como ofereçam suporte e auxílio, para que as pessoas possam se resguardar e se prevenir do vírus, assegurando seus direitos

Futuro 


O pesquisador destaca que o estudo sobre os aspectos da ciência social e comportamental relacionados ao combate do novo coronavírus se baseou em evidências científicas registradas em outros momentos históricos, como gripe espanhola, peste negra, e de grandes tragédias ocorridas no mundo.

Dessa forma, Boggio pontua que, assim como o passado contribuiu para constatações feitas no artigo, este também pode ser um importante embasamento para futuros estudos. 

"O isolamento social pode trazer uma série de consequências na saúde mental da população, o que sinaliza para que sejam estudados modelos protetivos para este problema em uma eventual futura pandemia, caso outras situações de distanciamento sejam necessárias", afirma.



Então, a gente não tinha preparo para ficar tão sozinho do jeito que temos que ficar. E a psicologia pode já começar a se preparar para ter lá na frente, em outras situações e em outros momentos históricos, respostas melhores”, diz. 

* Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram 
 

O que é o coronavírus

Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
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Como a COVID-19 é transmitida? 

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.



Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?

Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
  

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Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus. 

Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.



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