Como forma de deixar os momentos ainda mais divertidos, amigos, assim como o grupo de pôquer do empresário Rodrigo Galvão, de 28 anos, usam aplicativos de voz e vídeo para conversar durante as partidas. Rodrigo não é fã de jogos, mas, uma vez a cada dois meses, se reunia com os amigos para jogos de pôquer, encontros que cessaram com o isolamento. Para driblar o tédio e manter o contato, o grupo resolveu criar um torneio on-line. “Acabou sendo muito mais organizado e frequente do que o presencial”, conta.
Os amigos criaram um grupo no WhatsApp e o número de participantes acabou crescendo, alguns deles chamaram outros amigos e hoje eles são cerca de 20 pessoas.
Há 10 semanas, toda segunda-feira, às 21h, eles estão reunidos na frente do computador em uma plataforma de jogos gratuita. O torneio é organizado, a liga tem um nome, controles de pontuação e de apostas por meio de planilhas e algumas previsões para a final, que deve ser no fim do ano.
Quando for possível, o grupo quer voltar a fazer alguns encontros presenciais, mas a praticidade de cada um jogar da própria casa e a rapidez que o processo eletrônico traz ao jogo de cartas os conquistou. Outra vantagem é a possibilidade de agregar os amigos que moram em outras cidades e estados. O pôquer on-line vai continuar mesmo após o fim do isolamento.
O empresário conta que todo o processo trouxe uma rotina que ele não tinha. Quando o isolamento começou, tentou jogar alguns jogos da infância e adolescência, como Counter strike, mas não conseguiu se empolgar. No pôquer com os amigos, tem mais dedicação e diversão.
Rodrigo se programa para jantar antes de a rodada começar e senta à frente do computador alguns minutos antes, para planejar sua estratégia. “Além disso, tem a parte da interação, das conversas. A gente ri, faz piadas e até faz alguns amigos novos. Acabamos esquecendo um pouco de tudo que está acontecendo e tendo bons momentos”, ressalta.
PARCERIA NO PÔQUER
Amigo de Rodrigo, o administrador Mayro Molina, de 30, é integrante do torneio. Apesar da falta dos encontros presenciais, vê a disputa como uma forma de manter a amizade e se distrair. Além do pôquer, Mayro tem curtido outros jogos. O administrador, que sempre gostou de jogos on-line, de baralho e de tabuleiro, está aproveitando a quarentena para jogar com a família presencialmente e com os amigos virtualmente.
Entre os que mais gosta, destaca Age of empires, que jogava quando era mais novo e tinha deixado de lado com a vida adulta e suas obrigações. Quando o cunhado disse que gostava e o convidou, resolveu voltar, e agora eles disputam entre si e com outros amigos virtualmente.
Em casa, com o pai, a madrasta, a irmã e o cunhado, que preferiram passar o isolamento juntos, tem jogado buraco e outras modalidades. “Com todo mundo junto, a gente acaba tendo mais opções que envolvem a família.”
A sinuca e o tênis têm sido algumas das alternativas da família de Mayro para driblar o isolamento. Para ele, esses momentos funcionam como válvula de escape, formas de fugir da rotina do home office e da sensação de estar preso em casa.
INTERAÇÃO
O comunicador social Gustavo Santana Costa Gomes, de 25, sempre gostou de jogar variadas mo- dalidades. Há alguns anos, mesmo com amigos que jogavam, torcia o nariz para os tabuleiros e não via muito sentido em jogos longos, como War.
Quando começou a namorar, no entanto, percebeu que as brincadeiras seriam uma forma divertida e diferente de interagir. Gustavo comprou alguns jogos e descobriu uma nova paixão. “Alguns deles têm esse lado criativo, estimulam, criam raciocínio. Fazem a gente sair um pouco da caixinha e desenvolver esse lado social também.”
A empolgação também foi, em parte, pela grande variedade de tempo, quantidade de jogadores, gênero e nível de dificuldade. Os que envolvem blefe, intrigas, conflitos e a possibilidade de “apontar o dedo na cara do amigo”, de brincadeira, são os preferidos de Gustavo.
Durante a quarentena, no entanto, o comunicador começou a sentir falta dessa interação com os grupos de amigos, mesmo estando isolado com a namorada, pois muitos dos jogos precisam de mais participantes. Foi aí que voltou sua atenção aos jogos on-line, que já curtia, como Counter strike, mas, em conversas com os amigos, acabou descobrindo novas opções. “Existem alguns que simulam jogos de tabuleiro e meus amigos e eu nos reunimos para que todos comprassem o mesmo jogo, como o Pummel party”, revela.
Gustavo enxerga os jogos como formas de se desligar do mundo e de tudo que está acontecendo e de se entregar a crises de riso com os amigos, como as que teve enquanto ele e outro amigo jogaram cerca de três horas em um simulador de pesca e caça. “Não tinha nada para fazer, ficamos lá, esperando e esperando, mas rimos muito juntos. É a interação e a descontração, sobreviver cuidando da saúde mental.” Eles fazem chamadas de áudio e vídeo enquanto jogam, para deixar os momentos mais divertidos.
Outra vantagem foi o fato de o comunicador se reconectar com algumas pessoas com quem não falava há algum tempo. “Sei que tem vários amigos e conhecidos que sempre gostaram de jogar e, no isolamento, acabamos jogando juntos on-line. Até estou conhecendo novas plataformas”, conta.
Dicas para “se jogar” nesta quarentena
Conheça alguns dos jogos que têm feito sucesso durante o isolamento. Há alternativas para quem tem familiaridade com o mundo gamer e outras que simulam jogos presenciais. Muitos deles são pagos, mas é possível obter jogos de graça na internet
Para jogar com os amigos on-line
» Pummel Party
» Gartic
» Stop
» Garry’s Mod
» Counter Strike
» Catan
» Legend of Leagues
» Northgard
» Dota
» Minecraft
» Outward
» Apalavrados 2
» Uno
» The Counting Kingdom
» Valiant Hearts: The Great War
» Thomas Was Alone
» Civilization
» Red Dead Redemption
» Minecraft Education Edition
Para jogar com a família e colegas de quarto
Alguns jogos precisam de cartas ou tabuleiros,
mas com um pouco de criatividade, papel e caneta
é possível se distrair com uma infinidade de brincadeiras
» Imagem e Ação
» Mímica (escrevendo em um papel normal e
contando os pontos)
» Jogos de tabuleiro como Detetive, Perfil, War, entre outros
» Adedanha oral ou escrita
» Jogos de baralho, como buraco, mexe-mexe, pôquer
» canastra, entre outros
» Killer ou assassino
» Jogos de adivinhação de desenho
» Caças ao tesouro
» Jogos de desafios e charadas