Com a obrigatoriedade do uso da máscara por causa do poder de contágio da COVID-19, os olhos ganham papel de destaque por transmitir as emoções na nova forma de contato entre as pessoas no dia a dia. Por isso, o olhar tem sido o mais cuidado, tanto no ramo da estética quanto clinicamente. A cirurgiã plástica Cíntia Mundin, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, está com a agenda lotada e com cirurgias agendadas em sequência: “Com todos os cuidados de biossegurança, com consultas marcadas de hora em hora (antes era a cada 20 minutos) e atendimento até as 22h, a procura por intervenções cirúrgicas neste período está enorme. Inclusive, pacientes acima de 60 anos”.
Ela percebe dois tipos de comportamento: aqueles que não colocam o nariz para fora de casa, nem no elevador; e quem toma os cuidados, são mais destemidos e seguem a vida com suas atividades, em todas as faixas etárias. Muitos aproveitam a quarentena para ter uma recuperação pós-operatória tranquila em casa.
Cíntia Mundin confirma que aumentaram os procedimentos para os olhos: “A máscara chama a atenção para o olhar. Então, muitos pacientes querem ter os olhos descansados e com menos pés de galinha. Tenho operado muito pálpebras. Mas o campeão de pedido continua sendo o botox. Há muita procura também para os estimuladores de colágeno, que terá o auge do efeito em 30 dias. Há agendamentos para harmonização facial e preenchimento que podem deixar um roxo, inchar um pouco e, novamente, em casa, ganham tempo de recuperação. E, se trabalham em home office, uma maquiagem resolve, disfarça”.
E a busca, garante Cíntia Mundin, é tanto de mulheres quanto de homens, jovens e idosos. Para ela, com todos sendo obrigados a se ver mais via telas, o despertar para a imagem ficou mais forte: “Muitos pacientes não estão gostando da imagem refletida no Zoom, nas reuniões por vídeo, virtuais. Eles se olham mais, se veem falando e, assim, percebem defeitos que não viam antes e que, numa selfie, por exemplo, é uma imagem parada e sempre com a garantia de escolher o melhor ângulo”.
A médica revela que há pessoas com medo da consulta presencial, mas não de passar por uma cirurgia. “Uma paciente de 16 anos não quis vir ao consultório, receio da mãe, mas já definiu data da cirurgia para se recuperar a tempo do retorno das aulas presenciais.”
A médica revela que há pessoas com medo da consulta presencial, mas não de passar por uma cirurgia. “Uma paciente de 16 anos não quis vir ao consultório, receio da mãe, mas já definiu data da cirurgia para se recuperar a tempo do retorno das aulas presenciais.”
Para a cirurgiã plástica, a decisão de agora é simples e tem força: “Vou cuidar de mim”. Para ela, existe também uma positividade, de não vou me abandonar, vou me acarinhar. “Quem me procura está otimista, tenho a mesma reação dos pacientes da clínica em São Paulo, também com horários lotados. E é bom ressaltar que estética é diferente de procedimento médico. Faço clínica médica, fiquei com o consultório fechado por um mês, mas voltamos diante da demanda dos pacientes.”
A pele e a máscara
Paola Pomerantzeff, médica dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), enfatiza que deixar de usar a máscara não é uma opção. No entanto, seu uso constante como proteção pode levar ao surgimento de dermatite de contato, tanto irritativa, quanto alérgica, devido aos materiais e à pressão exercida sobre a pele. Ainda é possível observar, segundo ela, o aparecimento de secura, vermelhidão, descamação, infecções secundárias e maceração na pele, o que pode causar o agravamento de doenças preexistentes, como a dermatite atópica, rosácea, psoríase e dermatite seborreica. Além do aparecimento e agravamento de quadros de acne, com a obstrução dos poros.
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Rotina diária de beleza na quarentenaProteger a pele é essencial para a saúde e bem-estarCuidar de você na quarentena é sinal de autoestimaAlém da perda de eficácia, uso de máscaras sem lavar pode causar doençasEstudo comprova eficiência das máscaras de pano para conter COVID-19“Se surgirem alterações na pele pelo uso constante da máscara, consulte seu dermatologista, consulta on-line ou presencial, para diagnóstico correto e indicação do melhor tratamento", enfatiza Paola Pomerantzeff.