Ao mesmo tempo em que aumenta a procura de animais como companheiros durante o isolamento social, o número de casos de abandono de cães e gatos, em Belo Horizonte, tem crescido.
Arantes ressalta que, devido à falta de conhecimento sobre abrigos e demais instituições que trabalham em prol do resgate e proteção animal, o destino escolhido para esses animais geralmente são as ruas. E, conforme relatado pelo diretor da ONG, o receio e a vergonha, também, interferem nessa decisão, fazendo com que os pets sejam abandonados em locais quase que desconhecidos.
“Outro fator capaz de influenciar na decisão de tutores em deixar seus bichinhos de estimação nas ruas é a falta de informação. Muitas pessoas acreditam que o animal será um vetor de propagação do vírus”, destaca. No entanto, a médica veterinária Sílvia Helena Marotta Alves explica que não há informações que indiquem que os animais desenvolvam a doença. E nem que o contato entre pele humana e o pelo do animal possa ser uma via de transmissão.
CRIME “As pessoas precisam entender que o abandono é uma covardia. E é um crime. Além disso, ao deixar um animal solto nas ruas, sem qualquer amparo, o tutor transfere sua responsabilidade para toda a sociedade, causando assim uma espécie de caos, possibilitando a ocorrência de acidentes e/ou maus-tratos ao animal”, afirma Lívia Almeida, de 37 anos, voluntária da ONG Bicho Loko.
Frente ao crescente abandono de animais de estimação, o diretor da ONG Adote meu dog conta que cerca de 12 cães e/ou gatos são recolhidos das ruas diariamente pela entidade, em Belo Horizonte. Mesmo com os altos índices de abandono, o número de animais adotados cresceu.
“A Laicca e o Nick preenchem meu dia. Acordo, abro a porta do meu quarto, e lá estão eles me esperando para brincar com as bolinhas. Assim, já começo meu dia sorrindo”, diz a economiária Elayne do Socorro Madureira Nunes, de 54. Ela conta, ainda, que Laicca e Nick se tornaram parte integrante da família.
Outra vida salva foi a de Luke, filhote de uma cadela que havia sido recolhida de um canil clandestino. A funcionária pública Erika Christina Horta Piazarollo, de 49, e seus filhos, Matheus Horta Piazarollo, de 15, e Thiago Horta Piazarollo, de 13, foram os responsáveis pela adoção. “Estávamos em plena pandemia quando o adotamos, e não tinha noção que nos apaixonaríamos tão rapidamente pelo nosso filhote. Luke está sempre do nosso lado, seja no home office ou nas atividades do dia a dia”, conta Erika.
Mestrando em ciência e tecnologia dos materiais no Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), Bruno Lourencio, de 24, adotou Gaia, uma cadelinha de dois meses que, segundo ele, levou muita agitação para o novo lar. “Durante a quarentena, acabei ficando um pouco sedentário, e como ela é cheia de energia, acaba fazendo com que eu me movimente bastante enquanto brinco com ela”, diz.
PRECONCEITO Miriene Fernanda Lorenzi, de 32, é responsável pela Gato Uai, um projeto em parceria com amigas que resgata gatos das ruas de Belo Horizonte e assume a missão de encontrar um novo lar para eles. “Ainda existe muito preconceito, mas aos poucos, devido ao trabalho de conscientização de abrigos e protetores, isso está diminuindo. Gatossão animais extremamente companheiros e conviver com eles é algo muito especial.”
A biomédica Sara Luana Ribas Duarte, de 30, e o marido, o analista de sistemas Frederico Fonseca, de 37, adotaram a gata Luna, de apenas três meses. “Ela chegou em nossas vidas muito bebê. A companhia dela tem nos ajudado muito a passar por esse momento difícil, pois ela é muito presente, está sempre conosco, seja durante o trabalho ou quando estamos assistindo a televisão”, diz.
* Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram