De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 6,3% dos adultos, em Minas Gerais, têm diagnóstico de alguma doença relacionada ao coração. Algumas delas podem necessitar de cirurgias de urgência ou emergência, e a espera, segundo especialistas, pode ser fatal.
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Mortes em domicílio por doenças cardiovasculares aumentam por medo do coronavírusAlta temperatura pode ser vilã do coração. Entenda o motivoCOVID-19: Obesos têm mais riscos de desenvolver forma grave da doençaCampanha alerta para prevenção e aumento de mortes cardiovasculares Falta de informação agrava riscos cardiovasculares do diabetesHCor procura por pacientes com infarto recente para pesquisas“Praticamente, todas as cirurgias feitas em hospitais do SUS foram suspendidas. E só há operações em caso de urgências eventuais. Já nos hospitais particulares, o movimento é maior, mas ainda, sim, reduzido. Consegue-se manter uma rotina, devido ao cuidado especial para que não haja nenhum contato com os pacientes contaminados por COVID-19, mas, mesmo assim, as cirurgias ocorrem com menor frequência.”
Braulio explica que isso se dá por dois motivos: medo de contaminação e falta de leitos destinados ao atendimento de pessoas com problemas cardíacos. Sendo assim, o cardiologista explica que, muitas pessoas, com sintomas cardiovasculares e ataques cardíacos, não procuram ajuda médica pelo medo de infecção pelo Sars-Cov-2, o que pode agravar a doença ou mesmo causar a morte, pela ausência de consulta e cirurgias de urgência.
“Além disso, alguns hospitais estão completamente parados durante a pandemia para o atendimento de cirurgias cardiovasculares. E isso preocupa, porque em hospitais públicos, por exemplo, todos os CTIs de pós-operatório foram destinados ao tratamento do novo coronavírus. Dessa forma, pacientes que necessitam do procedimento podem morrer na espera”, diz.
Dessa forma, Braulio reforça que, em um futuro pós-pandemia, pode ocorrer muitos óbitos em função do cancelamento de cirurgias consideradas de não urgência, as chamadas eletivas, e o consequente agravamento de quadros clínicos. Isso porque, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas procedimentos essenciais devem ser feitos neste momento.
“Todas as cirurgias cardíacas deveriam ser feitas, mesmo em tempo de pandemia. Existem casos mais leves, que podem esperar mais tempo, mas esse tempo sempre será limitado, não é coisa para se pensar em muitos meses e nem anos, mas, sim, em algumas semanas ou mesmo dias", afirma o especialista.
Mas, segundo ele, a maioria delas não pode esperar muito, porque o risco de morrer pelo problema cardiovascular é muito maior do que o risco de contaminação por COVID-19.”
Cuidados
Braulio destaca a importância de que pacientes com sintomas cardiovasculares procurem assistência médica e de que aqueles que necessitem de cirurgia optem por fazê-la, em decisão conjunta com o médico.
“O setor privado está preparado para receber os doentes. Portanto, não se deve ter medo de ir, porque a doença de base é mais mortal do que o risco de se contaminar com a COVID-19", afirma Braulio.
Além disso, esses hospitais têm se preparado para receber os pacientes com o mínimo de risco. "E, a mensagem principal é: não fiquem em casa nessas situações porque pode matar, fiquem em casa pela prevenção da doença causada pelo vírus, mas em caso de sintomas que indiquem problemas cardiovasculares, vá ao médico”, diz.
* Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram