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Estado de Minas AGOSTO DOURADO

Amamentação reforça vínculo entre mãe e filho

A amamentação pode ser um momento prazeroso e de intimidade materna, além de trazer benefícios. No entanto, muitas vezes necessita de prática e cuidado


23/08/2020 08:40 - atualizado 23/08/2020 08:50

Professora de educação infantil, Alessandra Silva Cardoso Miguel, de 33 anos, destaca o combo de carinho e vínculo pele a pele com o pequeno João, de 1 ano (foto: Deborah Pinheiro Fotografia/divulgação)
Professora de educação infantil, Alessandra Silva Cardoso Miguel, de 33 anos, destaca o combo de carinho e vínculo pele a pele com o pequeno João, de 1 ano (foto: Deborah Pinheiro Fotografia/divulgação)

Amamentar, para mim, é o momento mais sublime e mais prazeroso. É um momento único entre mim e meu filho, em que estou produzindo o próprio alimento dele. Considero uma das coisas mais importantes, pois tenho a oportunidade de manter contato olho no olho, e, além disso, tem um combo de carinho e vínculo pele a pele”, afirma a professora de educação infantil Alessandra Silva Cardoso Miguel, de 33 anos, ao descrever a amamentação.
 
Alessandra é mãe do pequeno João, de 1 ano, que até hoje faz uso do leite materno, mesmo com a inserção de alimentos em seu dia a dia. Ela conta que, apesar do medo de não produzir leite suficiente para que o bebê se alimentasse e/ou de que não conseguisse, de fato, amamentar, não sofreu nenhum tipo de intercorrência.
 
“Não precisei, em nenhum momento, de solicitar ajuda médica, pois não tive complicações no seio e nem mesmo na distribuição de leite. Sou muito grata porque sempre foi um sonho meu e é um momento de muito aconchego. A ajuda do meu marido é fundamental, pois ele me apoia nos momentos de amamentação, fazendo, na verdade, o papel de pai”, diz.

No entanto, a médica Paula Cristina Martins Soares, ginecologista, obstetra e mastologista e membro do Comitê de Aleitamento Materno da Sogimig, pontua que, no primeiro mês, a mãe pode encontrar alguns desafios práticos na hora de amamentar, visto que este tende a ser um período de adaptação tanto para a criança, quanto para a mãe.

“O processo de adequação é lento e gradual. Além disso, o estresse, a privação de sono e o cansaço materno nos cuidados com o recém-nascido podem prejudicar a amamentação.”

Leia a continuação dessa matéria:
Desafios emocionais no ato de amamentar


Justamente por isso, Paula Soares afirma ser essencial que a lactante conte com o apoio de familiares, amigos e, principalmente, do marido.

Segundo a mastologista, é preciso que as mulheres sejam encorajadas e se conscientizem sobre a importância da amamentação e dos benefícios do leite na nutrição do filho, principalmente nos primeiros seis meses de vida.

“O leite materno é a ‘primeira vacina’ de um recém-nascido, conferindo grande imunidade ao longo de toda a vida, especialmente na primeira infância.

Além disso, o leite materno contém as quantidades certas de vitaminas, minerais, gorduras, proteínas, carboidratos e anticorpos que protegem o organismo do bebê, diminuindo os riscos de desnutrição, obesidade, alergias, leucemias da infância e infecções no trato respiratório.

A amamentação favorece, também, o desenvolvimento da musculatura da face, beneficiando a fala e a respiração”, destaca.

Paula Soares pontua, ainda, que o leite produzido durante a gestação é consumido na temperatura adequada para a criança, não exigindo preparação e proporcionando uma digestão mais fácil e rápida para o bebê. Ela reforça que o leite materno é o método mais barato e seguro de alimentação até o sexto mês de vida.
 
  
Além disso, a mastologista explica que o benefício não se restringe ao bebê. Portanto, ao amamentar, a mãe também se beneficia. “Com a amamentação, a mulher reduz as chances de desenvolver câncer de mama e de ovário, anemia e hemorragia após o parto. Seu útero volta ao normal mais rapidamente e a perda de peso adquirida com a gravidez ocorre em menos tempo. O aleitamento materno exclusivo adia o retorno dos ciclos menstruais, ajudando também na contracepção.”
 
PERSISTÊNCIA 

Foi justamente por saber dos benefícios que a jornalista Gerusa Coelho dos Anjos, de 38, insistiu na amamentação da pequena Olívia, mesmo passando por dificuldades práticas e fisiológicas no momento de amamentar a filha.

“Todo mundo acha que a amamentação é uma coisa muito intuitiva, que a mãe nasce sabendo amamentar e que o bebê nasce sabendo mamar, e não é por aí, requer muita técnica e é um aprendizado.”

A experiência de Gerusa se deu em momentos de prazer e descoberta, mas outros, também, de muita dor. Isso porque, ainda no hospital, ela sentia incômodos fortes na mama, devido à falta de conhecimento quanto à forma correta de oferecer o leite e de proporcionar a conhecida “pega” da mama.

Mas, segundo a jornalista, esse não foi o único desafio encontrando durante o início da amamentação, já que o diagnóstico de glândula auxiliar mamária também interferiu nesse processo.

“Foi uma primeira semana bem difícil, porque a gente não estava encaixando muito bem, eu ainda tive questões de ordem natural, ao constatar que tinha glândula auxiliar mamária. Então, isso causava muita dor e muito desconforto. Mas, apesar disso tudo, só sei que depois de uma semana de tentativas, de erros e acertos, conseguimos finalmente nos entender”, conta.

Olívia, de apenas sete meses, nutriu-se integralmente do leite materno até o fim do sexto mês de vida, mas a amamentação ainda faz parte da rotina dela e de Gerusa.

 “Contratei, ainda nos primeiros dias de vida da Olívia, uma enfermeira que me assessorou e me ajudou com dicas e macetes de posição, técnica para segurar o bebê e posicionar o mamilo, o encaixe certo. E, em todos esses momentos, a colaboração do meu marido, Rafael, foi fundamental, me ajudando na ordenha manual, principalmente em um período difícil que passamos, quando a Olívia engasgava muito, devido ao excesso de leite. Ele me ajudava e me ajuda muito.”

Gerusa conta que muitas descobertas foram feitas sozinha ao longo do processo de amamentação. Isso porque trata-se de um momento íntimo entre mãe e filho. A mãe de Olívia destaca, ainda, que, mesmo com todas as dificuldades encontradas ao longo do processo de amamentação, o sentimento final é satisfatório e compensador.

“Descobri que não é intuitivo e que é preciso técnica. Além disso, é importante quem lhe ensine, precisa ter paciência, tem que saber que dói, saber que se for a sua escolha fazer isso e oferecer o leite em livre demanda, que isso cansa, que tem hora que vai ser fantástico, mas que tem hora que vai ser superchato. Enfim, tem muitas coisas legais e boas em amamentar, mas é muito cansativo. O mais importante, porém, é que todo esse esforço vale a pena”, diz.

* Estagiária sob supervisão da editora Teresa Caram 
 


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