Cerca de 320 crianças e adolescentes são abusados sexualmente por dia no Brasil. Este número representa cerca de 70% de todos os casos que envolvem abuso sexual no país. Os dados foram divulgados pela Organização dos Advogados do Brasil (OAB), do Rio Grande do Sul.
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Outro fator capaz de provocar a ocorrência de casos de pedofilia virtual, segundo a psicóloga, é a facilidade desse contato por meio de redes sociais e jogos. A internet é um mundo totalmente desconhecido, no qual tudo pode acontecer. Justamente por isso, o pedófilo age de forma natural por estar em casa e não estar, também, sujeito a uma exposição.
"Dessa forma, ali, ele pode criar uma identidade e não se mostrar, o que torna fácil e cômodo para o abusador tentar, por inúmeras vezes e com diversas pessoas diferentes, o primeiro contato. Posteriormente, então, ele passa a criar uma relação de abuso.”
"Dessa forma, ali, ele pode criar uma identidade e não se mostrar, o que torna fácil e cômodo para o abusador tentar, por inúmeras vezes e com diversas pessoas diferentes, o primeiro contato. Posteriormente, então, ele passa a criar uma relação de abuso.”
O estado emocional da criança e do adolescente, por vezes fragilizado pela experiência familiar tida em casa, pode vir a torná-lo um alvo em potencial para os abusadores. Isso se justifica, de acordo com Fernanda, pela necessidade, em alguns casos, de aceitação e ajuda, o que os pedófilos, visando o abuso sexual, oferecerão de antemão a possível vítima.
“Uma criança e/ou adolescente com uma autoestima desequilibrada ou com dificuldades afetivas familiares ao encontrar alguém que teoricamente o ajudaria tende a se tornar uma presa fácil, pois no mundo virtual não existe contato olho no olho e nem medo de conversar com o estranho. No meio on-line tudo flui muito rápido e, por isso, estes ambientes se tornam propícios para esse tipo de ação”, comenta a especialista.
Este mesmo cenário se torna ainda mais preocupante em meio ao isolamento social, visto que com a necessidade de passar mais tempo em casa, e com o próprio home office dos pais, o tempo de conexão das crianças e adolescentes se elevaram, o que, para Fernanda, resulta em “terra fértil” para a ação de abusadores.
Os dados divulgados pela ONG Safernet Brasil representam bem este pensamento. De acordo com os índices, somente no primeiro mês de distanciamento - março - os casos de pedofilia virtual subiram 190%. Ainda, segundo a entidade, o acesso de páginas de pornografia infantil subiu 69%.
Atenção e prevenção
A fim de prevenir o contato via internet com abusadores e evitar a ocorrência de casos de pedofilia virtual, a educadora parental pontua ser importante manter um diálogo saudável e contínuo com crianças e adolescentes, a fim de estabelecer uma relação de confiança entre pais e filhos. Para Fernanda, o monitoramento de redes e aparelhos eletrônicos não é a medida mais eficaz.
“Existem muitos aplicativos para controlar tempo de uso de celular e para verificar o que o filho tem ou não assistido. Mas o que eu recomendo é manter uma boa relação com a criança e/ou adolescente, com muito companheirismo. O mais importante é isso, construir e manter uma um lar com relações de confiança, porque se os pais punem, gritam, xingam e castigam, eles acabam empurrando os filhos para viver situações parecidas, pois os abusadores reconhecem essas fragilidades para usar como ‘arma’."
Então, segundo a especialista, manter uma boa relação é fundamental para propiciar um local seguro de conversa e desabafo para os filhos, e este é o meio mais eficaz de prevenir a pedofilia, doenças psíquicas e demais acontecimentos indesejáveis.”
Então, segundo a especialista, manter uma boa relação é fundamental para propiciar um local seguro de conversa e desabafo para os filhos, e este é o meio mais eficaz de prevenir a pedofilia, doenças psíquicas e demais acontecimentos indesejáveis.”
Além disso, para Fernanda, é de suma importância que os pais conheçam seus filhos e se atentem aos sinais apresentados por eles. Isso porque, além de prevenir, é preciso combater casos que podem, por ventura, estar acontecendo.
“É preciso ficar alerta com as mudanças de comportamento, como medos repentinos, ansiedade, agressividade e culpa, pois esses podem ser sinais de que algo está acontecendo, seja relacionado à pedofilia ou demais abusos. Por isso, é importante que os pais se atentem a isso e abram um espaço ainda maior para o diálogo.”
“É preciso ficar alerta com as mudanças de comportamento, como medos repentinos, ansiedade, agressividade e culpa, pois esses podem ser sinais de que algo está acontecendo, seja relacionado à pedofilia ou demais abusos. Por isso, é importante que os pais se atentem a isso e abram um espaço ainda maior para o diálogo.”
Crime
De acordo com a Lei nº 11.829, de 25 de 2008, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), várias atividades relacionadas à produção, difusão e consumo de pornografia infantil são crimes com penas de reclusão entre um e oito anos, além de multa.
Deste modo, produzir, participar e agenciar a produção de pornografia infantil; vender, expor à venda, trocar, disponibilizar ou transmitir pornografia infantil; adquirir, possuir ou armazenar, em qualquer meio, a pornografia infantil e simular a participação de crianças e adolescentes em produções pornográficas, por meio de montagens são práticas consideradas criminosas.
Além disso, a atividade de aliciar crianças, pela internet ou qualquer outro meio, com o objetivo de praticar atos sexuais ou para fazê-las se exibirem de forma pornográfica, também é crime com pena de reclusão de um a três anos, e multa. Ainda, de acordo com ECA, o acesso frequente a tais imagens, assim como a filiação a sites de pedofilia, estarão sujeitos à investigação criminal.
* Estagiária sob supervisão da editora Teresa Caram