Jornal Estado de Minas

Câncer

Câncer esofágico: Conheça a doença que Carica, ex-integrante da banda Sensação, revelou ter


Carica, fundador e ex-integrante do grupo Sensação, um dos sucessos do pagode brasileiro na década de 1990, revelou, durante transmissão ao vivo em seu canal oficial no YouTube, na noite de segunda-feira (7), sofrer com um câncer no esôfago. No estágio quatro da doença, o músico já está fazendo quimioterapia





“Bom, na verdade, é difícil falar essas coisas, porque a gente quer falar de alegria, a gente não quer falar de doença. E Deus está me segurando. Estou feliz de estar com toda a minha força aqui para a rapaziada, estou passando aqui por uma coisa difícil, um câncer no esôfago, no estágio quatro, um carcinoma de células escamosas. São palavras que a gente nunca pensou em querer saber”, informou Carica. 

Mas o que é o câncer esofágico? De acordo com o cirurgião do aparelho digestivo do grupo onco-TGI e professor na Faculdade de Ciências Médicas Thiago Furtado, a doença é uma neoplasia, uma espécie de tumor, que acomete o esôfago – órgão do sistema digestivo humano. “Nestes casos, há uma proliferação anormal de células na superfície do órgão, em contato com alimento e agressores externos, que causa nodulações e úlceras, evoluindo, posteriormente, para uma obstrução da passagem dos alimentos”, explica. 

Furtado destaca, também, que o câncer de esôfago pode vir a atingir estágios mais graves da doença em pouco tempo. Isso porque, segundo o especialista, o órgão atravessa algumas partes do corpo humano, como pescoço, tórax e abdômen, e, também, tem certa proximidade com demais órgãos – coração, artéria aorta, brônquios e traqueia. 





“Além disso, ele pode atingir órgãos distantes, como pulmões e fígado, por meio da metástase. Dessa forma, como atinge um estado avançado precocemente, raramente se consegue um diagnóstico em estágio inicial, comprometendo, assim, o tratamento da doença e apresentando altas taxas de mortalidade.” 

Alexandre Jácome.oncologista clínico e gastrointestinal do Grupo Oncoclínicas (foto: Infinita/Divulgação)
Apesar disso, o oncologista clínico e gastrointestinal do Grupo Oncoclínicas Alexandre Jácome enfatiza que há cura para o câncer de esôfago, estando essa possibilidade diretamente ligada com o rastreamento da doença. Ou seja, quanto mais precoce for o diagnóstico, mais chances de cura o paciente terá. 

“A doença pode ser diagnosticada em estágio um, dois três ou quatro, por meio de uma endoscopia digestiva alta e, consequente, biópsia, e quanto mais precoce, maior a chance de cura. E, para isso, o tratamento curativo padrão é o cirúrgico."

Em quadros clínicos nos quais o tumor é sólido e está localizado em um órgão e não há evidências de este tenha implantado em outros locais, ele pode ser retirado cirurgicamente, explica o oncologista.



"Há ainda o uso de tratamentos combinados, que aumentam as chances de cura, e isso mesmo em casos de reconhecimento precoce da doença, associando ao procedimento cirúrgico modalidades como quimioterapia e/ou radioterapia, antes da retirada do tumor.” 

Prevenção 


O cirurgião gastrointestinal explica que há uma maior predisposição de ocorrência do câncer de esôfago em pessoas com vício em tabagismo e histórico de refluxo, por exemplo, haja vista serem esses dois fatores de risco para a doença. Por isso, Furtado e o também médico especialista da área Jácome recomendam o cuidado diário com o organismo, a fim de prevenir o aparecimento da doença. 

“A primeira medida fundamental é não fumar, a segunda, uso moderado de bebidas alcóolicas e, também, evitar o uso em temperaturas muito altas de maneira contínua. Ainda, é importante manter o peso dentro da normalidade, não ter sobrepeso e obesidade e ter uma dieta sem excesso de carne vermelha e rica em frutas, verduras e fibras”, indica Jácome. 


Fique atento aos sinais! 

 
Thiago Furtado, cirurgião do aparelho digestivo do grupo onco-TGI e professor na faculdade de ciências médicas (foto: Inspira/Divulgação)
Furtado destaca que, inicialmente, o câncer esofágico apresenta pouca ou nenhuma manifestação clínica, mas pontua ser importante que as pessoas se atentem aos pequenos sinais dados pela doença. Segundo o especialista, esses primeiros apontamentos podem ser percebidos em casos de disfagia, ou seja, a dificuldade de engolir, a princípio, alimentos mais sólidos.  

Com a progressão do quadro, Furtado afirma que pode se tornar difícil a ingestão até mesmo de substâncias líquidas. “Dor e emagrecimento também podem ser constantes, bem como vômitos. Em alguns casos, pode haver o aparecimento de sangue nas secreções alimentares”, completa. 

* Estagiária sob supervisão da editora Teresa Caram




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