“Quando falamos de saúde mitocondrial, estamos falando da saúde de todo o organismo. A mitocôndria é a organela celular mais importante do nosso metabolismo, pois é responsável por garantir que o corpo tenha energia ao longo do dia e seja capaz de manter suas funções em equilíbrio. Se nossas mitocôndrias estão doentes, nosso corpo fica doente. Mas quanto mais numerosas e saudáveis são essas organelas no organismo, maiores as chances de uma vida longeva e saudável.”
É o que diz o médico endocrinologista Guilherme Renke, titular da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e consultor da Via Farma, ao comentar sobre como as mitocôndrias podem estar diretamente relacionadas à saúde do corpo humano. Justamente por isso, Renke explica que o mau funcionamento dessas organelas pode gerar alterações significativas no organismo, propiciando o surgimento de novas patologias.
"Se nossas mitocôndrias estão doentes, nosso corpo fica doente. Mas quanto
mais numerosas e saudáveis
são essas organelas no organismo, maiores as chances de uma
vida longeva e saudável”
Guilherme Renke, médico endocrinologista, consultor da Via Farma
“Entre as alterações causadas pelo mau funcionamento das mitocôndrias pode-se citar a perda de cognição, com efeitos neurodegenerativos, desordens no sistema cardiovascular e mau funcionamento global do organismo, o que pode culminar no aparecimento de outras doenças. Por isso, é necessário que o médico esteja atento para equilibrar a saúde mitocondrial e corrigir possíveis patologias, fornecendo ao organismo do paciente os nutrientes e suplementos necessários”, observa.
Claudia Luz, nutricionista do Departamento de Inovação da Via Farma, pontua que isso se justifica, principalmente, pelo fato de as mitocôndrias serem organelas essenciais para o funcionamento das células. Isso porque, em alguns casos patológicos, essa funcionalidade é afetada, possibilitando uma desordem mitocondrial capaz de afetar qualquer órgão do corpo humano.
“A função dessas organelas é a produção de 90% de toda a energia necessária para o funcionamento do nosso organismo. Elas convertem os alimentos ingeridos em energia celular. Quando há uma disfunção dessas mitocôndrias, a produção de radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento precoce, se torna maior do que a energia em si, culminando nas mitocondriopatias, um grupo de doenças, com variedade de manifestações clínicas, capaz de acometer apenas um órgão ou múltiplos ao mesmo tempo.”
Sendo assim, Claudia destaca que músculos, coração e cérebro são os órgãos mais sujeitos à disfunção decorrente de anormalidades mitocondriais, justificando-se pela alta demanda energética desses tecidos. “Estudos recentes vêm associando a disfunção mitocondrial com doenças neurodegenerativas, como Parkinson, Huntington, esclerose lateral amiotrófica (ELA) e Alzheimer”, diz.
AUTOIMUNES
Renke afirma ser difícil perceber os sinais relacionados com o mau funcionamento das mitocôndrias, mas pontua que algumas doenças e/ou condições do organismo tendem a evidenciar essa disfunção, como patologias autoimones – artrite reumatoide, por exemplo – miastenia grave e até mesmo o câncer.
A nutricionista explica que essas doenças atacam diretamente o mecanismo de funcionamento normal das células, que não conseguem sobreviver caso não existam condições favoráveis para o funcionamento das mitocôndrias. Essas organelas dependem de oxigênio, um aporte adequado de vitaminas e nutrientes, cofatores derivados de minerais como o zinco, glicose, aminoácidos e gorduras que ajudem na formação de energia celular. “Quando existe escassez de algum desses fatores, ou mesmo o aumento da oxidação celular, pode ser desencadeado o mau funcionamento mitocondrial”, aponta.
O QUE FAZER?
“A primeira coisa a ser feita é identificar se existe alguma patologia que esteja causando esse maufuncionamento mitocondrial, para que o médico possa seguir com o melhor tratamento. Caso não haja uma doença por trás, o indicado é melhorar o aporte nutricional por meio da alimentação e também de suplementos personalizados que possam favorecer o metabolismo mitocondrial, como o ribosídeo de nicotinamida, que traz uma melhora expressiva da função mitocondrial”, recomenda Renke a pessoas com quadros clínicos confirmados de disfunção mitocondrial.
A nutricionista destaca, ainda, que esses suplementos podem ser benéficos para a saúde neurológica dos pacientes devido à sua função neuroprotetora. Porém, Claudia pontua ser importante o acompanhamento médico. “Esses ativos podem ser combinados em diferentes fórmulas, de acordo com as necessidades individuais, em farmácias de manipulação, e podem trazer muito mais vigor, qualidade de vida e longevidade ao organismo humano.”
Além disso, de acordo com Claudia, alguns fatores, como restrição calórica e exercícios físicos, podem reduzir a disfunção mitocondrial e melhorar a qualidade de vida e a vitalidade. “O exercício físico regular também é fundamental para manter nossas mitocôndrias funcionando de forma adequada. O exercício é capaz de estimular a formação de novas mitocôndrias, processo conhecido como biogênese mitocondrial, sendo um aliado essencial para o envelhecimento saudável e para a prevenção de doenças neurodegenerativas”, afirma a especialista.
* Estagiária sob supervisão da editora Teresa Caram