No Colégio Marista Arquidiocesano, em São Paulo, o Núcleo de Atividades Complementares (NAC), procurou em uma postura interdisciplinar os meios para proporcionar conteúdos programáticos de suporte e auxílio aos alunos através de atividades esportivas, culturais e artísticas, totalmente adaptadas ao ambiente virtual, exigência da pandemia. Foram disponibilizados treinamentos individuais, possíveis de execução em pequenos espaços, atividade lúdicas com desafios esportivos ou atividades físicas gamificadas, partindo de plataformas virtuais como redes sociais e pelo celular, de fácil acesso.
"Com a individualização dos exercícios, conseguimos ampliar a adesão de alunos em nossas atividades. Porém, mesmo mantendo todo conteúdo totalmente adaptado ao período de distanciamento, houve questões que não foram possíveis suprir, como a presença, a sociabilização e a comunicação direta entre os estudantes", diz o professor Mario de Oliveira, coordenador do NAC.
Entre benefícios incontáveis, o educador frisa o significado do esporte no sentido de promover socialização, resiliência, disciplina, controle emocional, além de ajudar no desenvolvimento de habilidades como solução de problemas, pensamento crítico e criatividade. "Neste momento de confinamento, é importante para manutenção do corpo, fortalecimento do sistema vascular e respiratório, para combater o sobrepeso, melhorar a disposição e o humor, entre outras benesses", conclui.
DEVAGAR, SEM PARAR
A fisioterapeuta Clarissa Dias Santiago trabalha no Centro de Esportes, Saúde e Reabilitação (Cesar) há dois anos. Atende crianças a partir dos 5 anos, muitas adeptas de futebol, natação e balé. Ela orienta sobre como recomeçar melhor os exercícios físicos. Alongamento, aquecimento e a hidratação frequente, principalmente com o calor, são passos fundamentais.
É importante voltar devagar, ensina. Treinando entre duas a três vezes por semana, em torno de 20 a 30 minutos por sessão, em até 20 dias o preparo físico retorna ao parâmetro anterior. Após esse período, é possível aumentar a frequência. Entre os relatos de quem ficou afastado das atividades, ela salienta perda de flexibilidade, fadiga, aumento da ansiedade, dores no corpo, e cansaço generalizado, tanto muscular quanto respiratório. "A atividade física libera endorfina, e quando a produção desse hormônio cessa surgem os efeitos negativos da falta da atividade. Um ponto a favor é que a criança, geralmente, recupera a forma bem rápido", ressalta Clarissa.
Palavra de especialista
Murilo Meira, técnico de voleibol do Colégio Marista Paranaense, de Curitiba
Equilíbrio físico e mental
“O esporte é muito importante para o desenvolvimento de crianças e jovens. Durante a pandemia, tornou-se essencial. Além dos benefícios físicos, também é uma forma de combater o estresse. Nesses tempos quando tudo está no ambiente on-line, a atividade física pode ser um dos únicos momentos em que esse jovem se desconecta das telas e libera hormônios importantes. A endorfina e a dopamina auxiliam na saúde física e mental, proporcionando a sensação de bem-estar, euforia, alívio de dores, com efeito tranquilizante e analgésico. E é muito importante que o indivíduo encontre um equilíbrio físico e mental principalmente nesse período que estamos vivendo. As práticas esportivas ainda minimizam fatores de risco ou comorbidades que muitas vezes levam a quadros graves da infecção pelo coronavírus, por exemplo. Mais além, estimulam o sistema imunológico como um todo, previnem doenças cardíacas e obesidade, e aumentam a capacidade respiratória.”