De acordo com um estudo realizado por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), a COVID-19, doença causada pelo vírus Sars-Cov-2, além de ser caracterizada como uma patologia pulmonar, é considerada como uma enfermidade vascular.
O estudo, feito em amostras de pacientes que foram a óbito em razão do contágio da doença, detectou lesões nas células que revestiam os vasos sanguíneos dos pulmões.
O estudo, feito em amostras de pacientes que foram a óbito em razão do contágio da doença, detectou lesões nas células que revestiam os vasos sanguíneos dos pulmões.
Segundo o médico cirurgião vascular e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) Gustavo Solano, isso ocorre porque, a infecção pelo novo coronavírus provoca no organismo um processo inflamatório intenso, chamado de tempestade inflamatória, que tem início nos pulmões e tende a afetar demais regiões do corpo.
Ele explica que esse fenômeno é caracterizado pela liberação de uma grande quantidade de substâncias inflamatórias na corrente sanguínea. Muitas delas contribuem para os desequilíbrios que levam à trombose: lesão no endotélio ou coagulação disseminada dentro do vaso.
"Esses dois mecanismos ocorrem praticamente de forma sobreposta, elevando a gravidade do quadro e a necessidade de diagnóstico e medidas terapêuticas precoces, como a utilização de remédios anticoagulantes.”
"Esses dois mecanismos ocorrem praticamente de forma sobreposta, elevando a gravidade do quadro e a necessidade de diagnóstico e medidas terapêuticas precoces, como a utilização de remédios anticoagulantes.”
Gustavo Solano pontua, ainda, que esse mesmo fenômeno pode ocorrer em todos os demais vasos do corpo. Conforme destaca o especialista, o quadro arterial é o mais grave, porém, quando essa inflamação ocorre nas veias profundas das pernas – trombose venosa profunda – pode-se ter uma evolução desfavorável, caso não o quadro clínico não seja identificado e logo tratado.
“Além disso, em 90% dos casos, a condição atinge os membros inferiores e causa grande desconforto. Há, ainda, o risco de um fragmento do coágulo se desprender e entrar na corrente sanguínea, em direção aos pulmões, provocando um quadro de embolia pulmonar, que pode levar a óbito”, completa.
O cirurgião vascular informa que o tratamento de trombose venosa profunda pode ser feito por meio de medicamentos e, também, contar com o auxílio de terapias de compressão graduada.
Alerta médico
Quem já teve ou tem algum quadro de trombose e/ou doenças venosas, como varizes, precisa ter a atenção redobrada. Para além de evitar o contágio da doença, Gustavo Solano recomenda que os cuidados com a saúde vascular sejam intensificados neste período, principalmente com o uso frequente de meias de compressão graduada, que estimulam o fluxo sanguíneo e evitam a formação de coágulos.
“Essas pessoas precisam evitar ao máximo qualquer tipo de exposição ao novo coronavírus e seguir todas as recomendações de higiene das mãos, em razão dos maiores riscos de graves complicações. É importante, também, que as pessoas que já têm doenças venosas e/ou histórico familiar da patologia, mesmo sem sintomas, não interrompam o tratamento de trombose ou varizes”, indica.
*Estagiária sob supervisão da editora Teresa Caram