Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que aproximadamente 70% dos pacientes diagnosticados com algum tipo de câncer serão submetidos à radioterapia em alguma fase do tratamento. Com o câncer de mama – o mais comum entre as mulheres –, não é diferente.
Nesses casos, a radioterapia intraoperatória (RT-IO) é utilizada durante o procedimento operatório ou mesmo como complemento da cirurgia.
Nesses casos, a radioterapia intraoperatória (RT-IO) é utilizada durante o procedimento operatório ou mesmo como complemento da cirurgia.
Porém, a técnica de hipofracionamento pode otimizar a forma como o câncer de mama é tratado. Isso porque, segundo o rádio-oncologista do Hospital Felício Rocho e do Hospital São Francisco Miguel Torres Teixeira Leite, a aplicação do método diminui o número de visitas ao serviço de radioterapia. “É um avanço em termos de tempo e, também, de economia.”
Mas, o que é o hipofracionamento? De acordo com Miguel, é uma técnica de radioterapia em que se emprega um pequeno número de dias de tratamento. “O tratamento convencional geralmente é realizado em seis semanas, enquanto que, com o hipofracionamento, este pode ser realizado entre uma e três semanas. Isto só foi possível devido ao avanço tecnológico dos aparelhos de radioterapia, que estão mais precisos e seguros. Além disso, o ramo experimental da radioterapia muito contribuiu para que essa técnica fosse utilizada”, destaca.
Miguel explica, ainda, o porquê de o hipofracionamento ser mais eficiente. Conforme exemplificado pelo rádio-oncologista, os aceleradores usados para o processo de radioterapia normalmente não têm sistema de imagem integrado, o que tende a resultar em dois problemas: o tratamento fica mais demorado, em função da necessidade de realizar exames raio-x separadamente, e menos preciso.
Ao contrário disso, o sistema de hipofracionamento calcula precisamente onde as doses do medicamento precisam ser aplicadas, sem erro. “O Synergy, da Elekta, permite que a distribuição da dose seja realizada de forma segura e rigorosamente controlada em todos os tratamentos. O sistema de imagem integrado permite localizar a área de irradiação com precisão submilimétrica, garantindo que o tumor receberá a dose adequada e os tecidos sadios serão devidamente protegidos”, pontua.
Dessa forma, Miguel ressalta que, apesar de haver o emprego de doses diárias maiores no tratamento feito com o método de hipofracionamento, os efeitos tendem a ser os mesmos da quantidade menor, aplicada no tratamento convencional.
Tendência
Em razão da pandemia causada pelo novo coronavírus, Miguel explica que o uso do hipofracionamento se mostrou “extremamente útil”, haja vista a necessidade de o paciente se deslocar menos vezes para realizar o tratamento, o que se caracteriza como um fator de segurança neste cenário.
Além disso, para o especialista, a técnica pode virar tendência no tratamento de câncer de mama, justamente pela eficácia e proteção.
Além disso, para o especialista, a técnica pode virar tendência no tratamento de câncer de mama, justamente pela eficácia e proteção.
“Isto contribui para maior segurança da paciente, diminuindo uma eventual exposição a uma carga viral, como a de COVID-19. Nos parece que essa moderna opção se tornará cada vez mais uma tendência, ou seja, os aparelhos estarão tecnologicamente preparados para que a paciente precise fazer poucas visitas até o hospital para receber a radioterapia”, argumenta.
*Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram