Qualquer radicalismo, imposição pela força e reação desmedida perde a razão. Para que haja mudança o passo fundamental é a consciência. Aos amantes de carne, antes de mais nada, é preciso que saibam consumir, que façam escolhas sábias que não irão prejudicar a saúde, em primeiro lugar.
Certo é que a cada ano a alimentação à base de plantas é vista como alternativa possível e acessível para toda a população. Sem falar, o que não será tratado aqui, das questões ativistas do meio ambiente ao manejo com os animais.
Certo é que a cada ano a alimentação à base de plantas é vista como alternativa possível e acessível para toda a população. Sem falar, o que não será tratado aqui, das questões ativistas do meio ambiente ao manejo com os animais.
Dessa busca do equilíbrio nasceu o movimento chamado flexitarianismo. A nutricionista e empresária Junia Bethonico explica como ele se dá: “Trata-se de um estilo de vida que incentiva diminuir o consumo de produtos de origem animal, ao mesmo tempo em que aumenta a ingestão de vegetais. Cada vez mais, as pessoas estão repensando seus hábitos alimentares. As pessoas estão aceitando esse estilo de vida com mais facilidade e com menos julgamento".
"Os flexitarianistas podem ser considerados um caminho do meio. Como consomem produtos de origem animal, eles não são considerados vegetarianos ou veganos. O flexitarianismo não tem regras claras ou números recomendados de calorias e macronutrientes. Na verdade, é mais um estilo de vida do que uma dieta”.
"Os flexitarianistas podem ser considerados um caminho do meio. Como consomem produtos de origem animal, eles não são considerados vegetarianos ou veganos. O flexitarianismo não tem regras claras ou números recomendados de calorias e macronutrientes. Na verdade, é mais um estilo de vida do que uma dieta”.
Junia Bethonico destaca que, devido à natureza flexível e foco no que incluir em vez de restringir, o flexitarianismo é uma escolha popular para pessoas que procuram uma alimentação saudável e mais ecofriendly. Se ficou interessado, a nutricionista aponta o caminho para quem pensa em adotar a dieta flexitariana.
“No flexitarianismo, a atenção deve ser concentrada nas refeições em que se decide eliminar a carne, e do número de vezes por semana. Nesses dias, seu cardápio deve conter alimentos ricos em proteínas, vitaminas e minerais, para suprir essa ausência. Ou seja, nutrir-se de forma consciente e equilibrada.”
Junia Bethonico lembra que é preciso respeitar a alimentação e as necessidades do organismo. “Pense sempre nos alimentos que irão compor a refeição em substituição à carne. Seu comportamento determinará o modo como o organismo absorverá a nova rotina. O flexitarianismo permite começar em um ritmo gradual, sem exigências ou obrigações.”
COMO SUBSTITUTIR
Mas como substituir a carne nos dias alternados? A especialista recomenda escolher entre os alimentos vegetais de preferência, observando a combinação dos valores nutricionais. Alimentos ricos em proteína como feijão, lentilha, grão-de-bico, couve-flor, brócolis, sementes, tofu, espinafre e quinoa são excelentes opções.
Não deixe também de consumir calorias suficientes para a energia corporal. Os alimentos vegetais têm menor riqueza de carboidrato e gordura. Por isso, acrescenta, é importante considerar a necessidade de cada pessoa, baseando no seu peso e estilo de vida, se sedentário ou não.
Não deixe também de consumir calorias suficientes para a energia corporal. Os alimentos vegetais têm menor riqueza de carboidrato e gordura. Por isso, acrescenta, é importante considerar a necessidade de cada pessoa, baseando no seu peso e estilo de vida, se sedentário ou não.
Toda transição, além da vontade, exige esforço e foco. Mas Junia Bethonico avisa que ela pode ocorrer de forma tranquila e prazerosa: “É possível sim, desde que não se esqueça dos princípios básicos da alimentação saudável. Qualidade: os alimentos devem ser nutritivos, com capacidade para abastecer o organismo e o corpo para um funcionamento pleno; quantidade: o organismo precisa de porções diárias de alimentos que produzam energia o suficiente para uma rotina saudável; harmonia: além de bonita, uma boa refeição deve ter uma combinação balanceada de alimentos e seus nutrientes; e adequação: a alimentação com base nos hábitos alimentares, no perfil socioeconômico e na prática de atividades físicas são aspectos essenciais para a composição adequada dos alimentos”.
Leia Mais
Em isolamento, 4 em cada 10 brasileiros mudaram alimentaçãoMinistério da Saúde lança guia de alimentação saudávelEscolha consciente: novos hábitos alimentaresMudanças na alimentação dos brasileiros devem permanecer no pós-pandemiaAntibióticos podem desestabilizar flora intestinal. Entenda o papel dos probióticosMudança do hábito alimentar deixa prato do brasileiro mais saudávelPara que a mudança se transforme em hábito e não ocorra o vaivém, Junia Bethonico recomenda elaborar seu próprio cardápio balanceado para as principais refeições do dia: “Comer os mesmos alimentos todos os dias pode ser cansativo e enfadonho, criando certa resistência. Por isso, é importante criar variações de carnes vegetais ou produtos desenvolvidos para vegetarianos e veganos. Existem excelentes opções no mercado. Além dos vegetais, inclua alimentos de sabores diferentes. Isso vai ajudar a esquecer aquele suculento bife, ter prazer ao se alimentar e sentir-se satisfeito. As carnes vegetais, à base de ervilha, são saborosas e se assemelham à carne em gosto e textura.”
Se quiser se inspirar, no Instagram @juniabethonico, a nutricionista disponibiliza vários e-books, gratuitos, com receitas deliciosas. “Posso dizer que o flexitarianismo é a melhor forma de adequar o desejo de não consumir carne, experimentar e preparar-se para uma dieta mais profunda, como o vegetarianismo e o veganismo. Se seu desejo é este, reduzir o consumo de alimentos de origem animal, procure um nutricionista. O profissional irá orientá-lo baseando-se nas suas necessidades e estilo de vida, elaborando o plano alimentar e um bom cardápio flexitariano.”
EQUILÍBRIO
O médico endocrinologista Adauto Versiani Ramos, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional Minas Gerais (SBEMMG) e membro do corpo clínico do Hospital Felício Rocho, não entra na discussão que envolve o ativismo, seja pelo meio ambiente e trato com animais. Ele não entra no mérito da questão.
Apenas reforça que “diante do aquecimento global e da plantação de transgênicos, é importante ter bom senso. Reduzir a proteína animal, parar de comer carne, ser vegetariano ou vegano não significa que a pessoa será mais saudável, terá melhor qualidade de vida ou sobrevida. Nenhum estudo comprova isso. O fundamental não é o que se tira, mas o que se põe no lugar. Equilíbrio sem modismo. Exagero não é bom. A indicação é conversar com o médico e não fazer nada da cabeça. E procurar sempre ter um prato colorido, a metade dele sempre com verduras e legumes”.
Apenas reforça que “diante do aquecimento global e da plantação de transgênicos, é importante ter bom senso. Reduzir a proteína animal, parar de comer carne, ser vegetariano ou vegano não significa que a pessoa será mais saudável, terá melhor qualidade de vida ou sobrevida. Nenhum estudo comprova isso. O fundamental não é o que se tira, mas o que se põe no lugar. Equilíbrio sem modismo. Exagero não é bom. A indicação é conversar com o médico e não fazer nada da cabeça. E procurar sempre ter um prato colorido, a metade dele sempre com verduras e legumes”.