De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), na pesquisa “Tackling drug-resistant infections globally. Final report and recommendations”, até 2050, estima-se que cerca de 10 milhões de pessoas morram em decorrência de uma resistência bacteriana, que é quando o corpo deixa de responder ao uso de antibióticos.
Isso porque, com o tempo, infecções simples podem se tornar cada vez mais difíceis de serem combatidas, podendo, eventualmente, levar a uma piora do quadro e até ao óbito.
Isso porque, com o tempo, infecções simples podem se tornar cada vez mais difíceis de serem combatidas, podendo, eventualmente, levar a uma piora do quadro e até ao óbito.
“Isso ocorre, muitas vezes, naturalmente, mas quando você utiliza o antibiótico de maneira inadequada – em subdoses, doses menores que a recomendada ou por muito mais tempo – ou utiliza o antibiótico em uma infecção que não é bacteriana e, sim, causada por vírus, como quadros clínicos de gripe, influenza e resfriado, o antibiótico passa a favorecer o movimento de resistência”, explica Antônio Carlos Pignatari, infectologista e membro da Global Respiratory Infection Partnership (Grip).
Nesse cenário, Antônio Carlos Pignatari destaca a importância do diagnóstico correto das infecções, a fim de que um dos pilares do favorecimento da resistência bacteriana, o uso errôneo do medicamento, seja evitado. “Os antibióticos são muito utilizados para tratar infecções respiratórias do trato superior, a qual, em sua maioria, são causadas por vírus. Nesses casos, isso favorece a seleção de bactérias existentes que estão naquele local.”
A fim de evitar o uso inadequado, desde 2010, a venda de antibióticos no Brasil é controlada com retenção de receita, de acordo com determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Porém, a atenção com o corpo também pode ajudar a atenuar os casos de resistência bacteriana. “Nem sempre quando o paciente não responde ao tratamento significa resistência. Muitas vezes, a dose está inadequada ou o antibiótico não tem ação sobre aquela bactéria. Por isso, é preciso estar muito atento a essa não resposta do organismo ao tratamento, pois em caso de suspeita, é necessário que exames sejam refeitos.”
O que pode ser feito?
Para evitar a ocorrência de quadros de resistência bacteriana, Antônio Carlos Pignatari explica que, em ambiente hospitalar, há a inserção do método de vigilância, que, por meio de estudos, comissões e controles de infecção, ajudam no controle.
“Caso uma bactéria seja identificada no laboratório, por meio da análise de urina, sangue, pus ou secreção, o procedimento necessário é isolar a bactéria e fazer o antibiograma, no qual é possível identificar se a bactéria é sensível a algum antibiótico.”
“Caso uma bactéria seja identificada no laboratório, por meio da análise de urina, sangue, pus ou secreção, o procedimento necessário é isolar a bactéria e fazer o antibiograma, no qual é possível identificar se a bactéria é sensível a algum antibiótico.”
“Em alguns casos, não é necessário o isolamento total do paciente, apenas a prevenção com luvas, aventais adequados e evitando que esse paciente entre em contato com outros”, informa.
As ações podem ser tomadas, também, em nível coletivo, já que, nas comunidades, é possível detectar possíveis resistências por meio de estudos de vigilância, a partir do tratamento de algumas infecções, como pneumonia, sinusite e infecções urinárias.
As ações podem ser tomadas, também, em nível coletivo, já que, nas comunidades, é possível detectar possíveis resistências por meio de estudos de vigilância, a partir do tratamento de algumas infecções, como pneumonia, sinusite e infecções urinárias.
Assim, caso apareça alguma bactéria resistente e não esperada para algum antibiótico, o infectologista elucida que o mais indicado é comunicar e divulgar cientificamente, inclusive fazendo mudanças nos esquemas de antibióticos para tratar determinadas infecções. Justamente por isso, o diagnóstico correto é tão importante.
Além disso, Antônio Carlos Pignatari pontua sobre a necessidade de conscientizar a população sobre os riscos de utilizar antibióticos em excesso, a fim de evitar casos de resistência bacteriana. “Os antibióticos são muito importantes para tratar infecções, portanto devem ser preservados e utilizados com critério”, diz.
Em ação
Entre os meses de outubro e novembro deste ano, o Grupo Reckitt Benckiser desenvolveu uma série de materiais que foram entregues em filiais da Cruz Vermelha alertando para as consequências do uso indiscriminado de antibióticos, a fim de conscientizar e alertar a população sobre os riscos.
“Fizemos um treinamento com voluntários da Cruz Vermelha para torná-los multiplicadores de conhecimento”, completa Daniel Torres, general manager da RB Health & Nutrition Comercial.
“Fizemos um treinamento com voluntários da Cruz Vermelha para torná-los multiplicadores de conhecimento”, completa Daniel Torres, general manager da RB Health & Nutrition Comercial.
O presidente nacional da Cruz Vermelha Brasileira, Julio Cals, ressaltou a importância da ação no país. “Sabemos da necessidade de levar a conscientização à população, então para além de termos promovido a campanha de doação de Strepsils, a Cruz Vermelha Brasileira irá promover ações de educação e saúde para que, de fato, as pessoas entendam a importância do uso correto dos antibióticos. Sem medir esforços, cuidaremos das pessoas”, destaca.
*Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram