O coronavírus vem assolando o mundo há praticamente um ano e causando muitas mortes em todo o planeta. Em Minas Gerais, de acordo com boletim epidemiológico divulgado nesta segunda-feira (21/12), já são 11.235 mortes e quase 500 mil casos.
Várias perguntas continuam sem respostas, mas algumas delas já estão sendo esclarecidas. É o caso das variações de manifestação da doença em cada paciente.
O clínico geral e CEO da Clínica Penchel, Lucas Penchel, explica que as taxas de mutação e recombinação genética do Sars-Cov-2 – vírus responsável pela COVID-19 – são muito altas e isso faz com que a infecção produza diferentes efeitos nos pacientes, até mesmo em um sistema imunológico já adaptado.
Segundo o médico, a imunidade de cada pessoa também deve ser levada em consideração. “Alguns pacientes podem apresentar apenas sintomas de um resfriado, outros podem evoluir para um quadro mais grave e serem hospitalizados. Em determinadas situações, o vírus pode até levar ao óbito”, ressalta.
Sistema Imunológico
Ainda de acordo com Penchel, “o sistema imunológico possui um importante papel para definir a capacidade de recuperação ou o nível de gravidade de cada caso. Uma grande parcela das mortes ocasionadas pelo novo coronavírus, se deve a existência de sistemas imunológicos fragilizados. Uma pessoa nestas condições possui um mecanismo de defesa ineficiente e com dificuldades em oferecer a correta resposta de proteção contra os danos causados pelo vírus. Por isso, os chamados grupos de riscos necessitam de maior atenção”, aponta.
Para o médico, a COVID-19 pode se desenvolver de forma semelhante ao câncer e ao Alzheimer. “Em ambos os casos, essas patologias podem estar instaladas no organismo, mas permanecerem imperceptíveis por um período de tempo. Estes eventos estão atrelados diretamente a carga genética do paciente”, afirma.
Hábitos de vida e características
“Algumas pessoas possuem alterações em seus genomas que podem impulsionar modificações no sequenciamento genético do DNA. Estas ocorrências acabam acarretando deficiências na produção de proteínas e, consequentemente, podem estimular o surgimento de doenças”, explica Penchel.
Alguns pacientes, no entanto, podem carregar tais mutações e mesmo assim, não apresentar nenhum sintoma das possíveis enfermidades favorecidas por seus atributos genéticos. Segundo o médico, o aparecimento ou não dos sinais dessas doenças até então assintomáticas, dependerá dos hábitos de vida e características do paciente, como por exemplo, a rotina alimentar, o consumo ou não de cigarros e bebidas alcoólicas, o sedentarismo, a faixa etária, o peso e o nível de exposição à poluição.
“Um sistema imunológico em condições mais favoráveis, pode evitar que alguns pacientes desenvolvam infecções”, afirma.
Assim, na pandemia do novo coronavírus, cada caso é específico. “Até mesmo o nível de contato com o vírus pode influenciar no surgimento ou não de sintomas. Quanto menor o contato com o Sars-Cov-2, menor será a gravidade no organismo humano”, destaca.
“Isso explica a recomendação dos órgãos de saúde para a utilização das máscaras, especialmente, as feitas de algodão em dupla camada e o uso do álcool em gel, pois eles previnem a propagação do vírus e impedem o surgimento de casos de reinfecção. Até a chegada da vacina, eles são as únicas armas que temos contra a COVID-19”, completa.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Jociane Morais