Andar de bicicleta não se esquece. Para muitos, é uma experiência vívida que vem da infância. Com o passar do tempo, a diversão vai virando assunto sério. O prazer de descobrir a liberdade tem feito muita gente procurar a prática.
A cada dia, pipocam grupos de entusiastas da magrela. Além de movimentar o corpo, físico e mental, pedalar melhora a energia vital, os padrões de saúde, fortalece o sistema imunológico, é uma forma de transporte sustentável e, muito mais, uma grande oportunidade de interação social.
São pessoas de todas as idades que se reúnem para aproveitar os benefícios dos caminhos sobre duas rodas, e com os mais variados motivos. A bike é uma paixão daquelas raras. E o que não falta é história para contar.
A advogada e pedagoga Juliane Rocha, de 45 anos, conta que o gosto pela bicicleta vem de pequena. Em 2010, passando pela região do Colégio Arnaldo, na capital, o grupo Bike de Anjo chamou atenção.
O interesse foi imediato. Eram pessoas ensinando as outras a pedalar, e ela logo se inscreveu para ser capacitada como professora de bicicleta. Acabou criando o próprio grupo, Bike de Elite, há sete anos.
O interesse foi imediato. Eram pessoas ensinando as outras a pedalar, e ela logo se inscreveu para ser capacitada como professora de bicicleta. Acabou criando o próprio grupo, Bike de Elite, há sete anos.
Os ciclistas se reúnem algumas vezes por semana à noite para pedaladas na cidade, além dos encontros aos fins de semana e feriados para o que chamam cicloviagens, quando vão para outras cidades, e ainda as trilhas em moutain bike, e os treinos que chamam de "longão", quando é bate e volta, no mesmo dia.
Contabilizando o número de participantes por grupos em aplicativos de mensagem, são 256 pessoas reunidas pelo WhatsApp e 170 no Telegram, que já estiveram em vários lugares. Muitas vezes, o total chega a 200 quilômetros andando de bicicleta.
Contabilizando o número de participantes por grupos em aplicativos de mensagem, são 256 pessoas reunidas pelo WhatsApp e 170 no Telegram, que já estiveram em vários lugares. Muitas vezes, o total chega a 200 quilômetros andando de bicicleta.
NÍVEIS DIVERSOS
Às segundas, quartas e quintas, o Bike de Elite atende ciclistas amadores de diversas faixas etárias, divididos em níveis: médio leve, com 120 integrantes, alto médio, com 90 a 95 pessoas participantes, e nível iniciante, com 60.
A extensão de cada percurso varia, além da distância, também quanto à altimetria – se é um caminho com muitos morros ou não. Quando o percurso é em BH, o grupo sai para pedalar sempre às 20h, partindo do Colégio Arnaldo.
A extensão de cada percurso varia, além da distância, também quanto à altimetria – se é um caminho com muitos morros ou não. Quando o percurso é em BH, o grupo sai para pedalar sempre às 20h, partindo do Colégio Arnaldo.
Bicicleta significa vida. É uma sensação gostosa de liberdade, de se sentir
parte do lugar onde está”
Juliane Rocha, de 45 anos, coordenadora do grupo Bike de Elite
“Bicicleta significa vida. É uma sensação gostosa de liberdade, de se sentir parte do lugar onde está. Você vai andando, vendo o mundo ao redor, percebendo o que se passa, algo que o carro não proporciona. É o contato com as pessoas, os olhos captam coisas singulares. Quando sobe uma montanha, chega e vê aquela paisagem maravilhosa, você fica até mais perto de Deus. Um sentimento de gratidão pela vida", diz Juliane.
Para ela, outro encanto da bike é encontrar pessoas do bem, sempre prontas para ajudar umas às outras, em um ambiente de afeto. "Estou ali para aproveitar, curtir o momento. Também é um retorno à infância. É contagiante", acrescenta.
Para ela, outro encanto da bike é encontrar pessoas do bem, sempre prontas para ajudar umas às outras, em um ambiente de afeto. "Estou ali para aproveitar, curtir o momento. Também é um retorno à infância. É contagiante", acrescenta.
Para pessoas com depressão, por exemplo, o pedal é um santo remédio. "Melhora a autoestima, leva à superação, a se perceber capaz." E não se trata só de passeios. Juliane lembra da questão da mobilidade urbana. Ela e o marido costumam ir ao trabalho de bicicleta. Com mais bikes nas ruas, menos carros.
"Você chega mais rápido, se apropria da cidade, além do aspecto ambiental. Menos poluição sonora, menos emissão de gases. É toda uma engrenagem que a bicicleta move, e deve ser vista como um veículo importante. Acredito que, nem tanto quanto na Europa, mas em BH estamos na vanguarda, ainda que muitos motoristas não respeitem as bikes."
"Você chega mais rápido, se apropria da cidade, além do aspecto ambiental. Menos poluição sonora, menos emissão de gases. É toda uma engrenagem que a bicicleta move, e deve ser vista como um veículo importante. Acredito que, nem tanto quanto na Europa, mas em BH estamos na vanguarda, ainda que muitos motoristas não respeitem as bikes."
Juliane também organiza o VIVA! Pedalando, o grupo feminino do Bike de Elite, criado recentemente para atender às especificidades femininas no contexto da bicicleta e tudo o que diz respeito ao desenvolvimento da atividade de pedalar. "É um movimento de redescobrir a vida, saber que somos fortes, donas de nós mesmas, que dá para superar tudo, transpor barreiras sociais e convenções", diz.
O objetivo central com os grupos é incentivar ciclistas de ambos os sexos e variadas faixas etárias a praticar mountain bike, pedais urbanos e cicloviagens. "Proporcionar um novo estilo de vida através de um esporte que contribui para a saúde física e mental, enchendo a vida de bons hábitos e alegria", continua.
O objetivo central com os grupos é incentivar ciclistas de ambos os sexos e variadas faixas etárias a praticar mountain bike, pedais urbanos e cicloviagens. "Proporcionar um novo estilo de vida através de um esporte que contribui para a saúde física e mental, enchendo a vida de bons hábitos e alegria", continua.
O engenheiro Paulo Soares, de 70, lembra da prática da bicicleta quando ainda adolescente. Com mais constância e intensidade, é adepto do esporte há 10 anos. Em uma ocasião, apresentou um problema no quadril, passou por cirurgia e precisou colocar prótese. Precisava de uma atividade física sem impacto, e foi aí que retomou a bicicleta. Sempre amante do esporte, costumava praticar futebol, natação e musculação e hoje, além da bike, faz caminhadas.
Paulo conta que está mais disposto para as atividades do dia a dia, o metabolismo e o sono melhoraram, assim como a parte cardiovascular. Está com todos os exames fisiológicos com bons resultados.
"A autoestima aumentou, o emocional melhorou, o estresse com o trabalho. Foi um ano difícil para mim. Perdi minha mãe e meu irmão. A bicicleta me ajudou a superar a tristeza, é muito bom para extravasar", diz.
"A autoestima aumentou, o emocional melhorou, o estresse com o trabalho. Foi um ano difícil para mim. Perdi minha mãe e meu irmão. A bicicleta me ajudou a superar a tristeza, é muito bom para extravasar", diz.