O Brasil enfrenta em 2021 um novo capítulo no combate ao novo coronavírus: a vacinação. Enquanto 50 países já estão imunizando e mais de 17 milhões de pessoas já receberam a vacina, o Estado brasileiro continua enfrentando uma difícil questão fiscal. ´
Para que a vacinação comece, é preciso que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) libere a imunização. Nesta sexta-feira (08/01), o Instituto Butantan e a Fiocruz entraram com o pedido de uso emergencial da vacina CoronaVac e da Oxford/AstraZeneca, respectivamente.
Para que a vacinação comece, é preciso que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) libere a imunização. Nesta sexta-feira (08/01), o Instituto Butantan e a Fiocruz entraram com o pedido de uso emergencial da vacina CoronaVac e da Oxford/AstraZeneca, respectivamente.
Em entrevista coletiva na tarde dessa quinta-feira (07/01), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, garantiu, em um cenário otimista, que a vacinação em solo brasileiro comece até 25 de janeiro. Mas, afinal, quais vacinas podem ser liberadas no Brasil?
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Na manhã desta sexta, o Instituto Butantan oficializou o pedido de uso emergencial da CoronaVac à Anvisa. O órgão prevê que a análise do pedido emergencial leve até 10 dias. Caso seja aprovado, a imunização de grupos de risco, como idosos e profissionais da saúde, estará autorizada.
Acesse o plano de vacinação brasileiro aqui
na entrevista de quinta, Pazuello falou sobre cada vacina. O ministro citou que a vacinação vai ser de graça e voluntária e comentou sobre o valor de cada uma.
Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, esta vacina foi o segundo imunizante aprovado pela Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para a Saúde (MHRA).
Segundo estudiosos, esse imunizante é o mais econômico e fácil de armazenar. Isso porque ele custa cerca de 2,50 libras (cerca de R$ 14) a dose. Além disso, o medicamento também pode ser conservado na temperatura de um refrigerador, entre 2°C e 8°C, diferentemente das vacinas da Moderna e Pfizer/BioNTech, que podem ser armazenadas apenas a temperaturas muito reduzidas (-20°C no primeiro caso e -70°C no segundo).
A vacina Oxford/AstraZeneca é de "vetor viral". Ou seja, toma como base outro vírus (um adenovírus de chimpanzé) que foi transformado e adaptado para combater o coronavírus.
Na terça-feira (05/01), o Ministério da Saúde confirmou a aquisição de 2 milhões de doses da vacina. A pasta tinha pedido cerca de 10 milhões de doses, mas conseguiu apenas 20% dos imunizantes.
Segundo Pazuello, a decisão do governo federal de optar em um primeiro momento pela vacina da farmacêutica AstraZeneca foi tomada por ser o melhor negócio para o governo na época.
"Há seis meses, optamos pela melhor vacina na época, o melhor negócio. Fizemos uma encomenda tecnológica a AstraZeneca, com uma MP (Medida Provisória) de R$ 1,9 bilhão para, com R$ 600 milhões, fazermos o investimento necessário de produção", explicou Pazuello. "Com a tecnologia incorporada até julho de 2021, passaremos a produzir por mês 20 milhões de doses totalmente brasileiras com a estrutura da Fiocruz", informou.
Ainda segundo Pazuello, uma dose da vacina custa cerca de US$ 3 (R$ 16,40).
Janssen (Johnson & Johnson)
Ainda está em andamento no Brasil a fase 3 do estudo clínico da Janssen. Chamado de Ensemble, o estudo é randomizado e controlado por placebo desenhado para avaliar a segurança e eficácia da vacina.
Os testes estão sendo conduzidos em cerca de 60 mil adultos com idade acima de 18 anos. Além do Brasil, a pesquisa está sendo feita na Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru, África do Sul e Estados Unidos.
Os testes estão sendo conduzidos em cerca de 60 mil adultos com idade acima de 18 anos. Além do Brasil, a pesquisa está sendo feita na Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru, África do Sul e Estados Unidos.
Os 28 centros de pesquisa participantes no Brasil estão distribuídos em 11 estados. Entre eles: São Paulo, Bahia, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Segundo o site da Janssen, a vacina é baseada em vetores de adenovírus sorotipo 26 (Ad26). Os adenovírus são um tipo de vírus que causam o resfriado comum – portanto, são bons transportadores em seres humanos. Ao serem modificados para desenvolver a vacina, eles não se replicam e não causam resfriado.
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Outra parte do processo envolve o código genético da própria COVID-19. Ele possui em sua superfície externa uma espécie de coroa, formada pelos chamados “spikes”, ou espigões, que são os responsáveis pela ligação do vírus às células do corpo humano. Para produzir a vacina da Janssen, um pedaço da proteína “S”, presente nesses espigões, é colocado dentro do adenovírus (que é o vetor, ou transportador).
Quando a pessoa recebe a vacina composta do adenovírus não replicante que carrega a informação genética do novo coronavírus, o corpo inicia um processo de defesa e produz anticorpos contra aquele invasor. A resposta imunológica produzida por esse processo cria então uma memória no corpo contra o coronavírus e ensina o próprio corpo a reconhecer e atacar o vírus quando a pessoa entrar em contato com ele.
Durante a coletiva, Pazuello confirmou a compra do medicamento. Ele fez elogios ao imunizante e destacou que os técnicos do ministério afirmam se tratar da "melhor negociação". Apesar disso, ele disse que "infelizmente" só foram oferecidas 3 milhões de doses ao Brasil a partir de abril ou maio.
Pfizer/BioTech
A vacina “favorita do mundo”, a Pfizer/Biotech, está sendo aplicada em pelo menos 40 países. No Brasil, ela ficou conhecida depois que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) falou sobre os efeitos colaterais. Na época, o presidente ironizou e disse que as pessoas que tomaram a vacina poderiam ser transformadas em jacarés.
Segundo a Pfizer Brasil, a vacina contra a COVID-19 é baseada no RNA mensageiro, ou mRNA, que ajuda o organismo a gerar a imunidade contra o coronavírus, especificamente a COVID-19. A ideia é que o mRNA sintético dê as instruções ao organismo para a produção de proteínas encontradas na superfície do vírus. Uma vez produzidas no organismo, essas proteínas (ou antígenos) estimulam a resposta do sistema imune resultando, assim, potencialmente em proteção para o indivíduo.
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Ainda segundo a empresa, no momento, não é possível definir uma data para que a vacina esteja disponível no Brasil.
Segundo Pazuello, esse imunizante não é o ideal para o Brasil. O ministro fez várias críticas e reclamou do valor e da proposta oferecidos pelo laboratório. Ele também citou quatro condicionantes apresentadas, entre elas a isenção de responsabilidade por eventuais efeitos colaterais pela vacina.
"Isso tudo, obviamente, faz com que a gente não consiga contratar a Pfizer", explicou. "Queremos que a Pfizer nos dê o tratamento compatível com o nosso país, amenize essas cláusulas. Não podemos assinar dessa forma", afirmou.
Coronavac
A Coronavac é a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. A vacina “brasileira” apresenta 78% de eficácia na prevenção de casos leves da doença causada pelo coronavírus. Essa eficácia aumenta para 100% para casos graves e moderados.
A vacina do Butantan é a grande responsável pela “guerra política” entre o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o presidente Bolsonaro. Entre as tentativas de Doria para garantir de imediato a aquisição de milhões de doses e o negacionismo de Bolsonaro pondo em dúvida a origem do produto - a China, país comunista - e eficácia da imunização, o imunizante acabou ganhando os holofotes no Brasil.
Dois dos principais nomes para as eleições de 2022, Bolsonaro e Doria trocaram diversas farpas sobre o assunto. O presidente chegou até mesmo a chamar o governador de “médico do Brasil” e ainda comemorou a morte de um dos pacientes do estudo, o que fez a pesquisa ser paralisada por algum tempo.
Em outubro de 2020, o ministro da Saúde anunciou, em uma reunião com mais de 23 governadores, a compra do imunizante chinês. Menos de 24 horas depois, a aquisição foi desautorizada pelo presidente em live feita pelo Instagram. Na época, o anúncio gerou polêmica entre os governadores polarizando ainda mais a guerra política entre o governador paulista e o presidente.
Apesar disso, na coletiva de ontem,
Pazuello confirmou a compra de 100 milhões de doses da vacina.
O ministro afirmou que só conseguiu avançar no contrato com o Butantan após a edição, na quarta-feira (06/12), da MP que permite a compra de vacinas antes da liberação do registro pela Anvisa.
Nesta sexta-feira, a Anvisa recebeu o pedido de uso emergencial da CoronaVac. A agência pretende fazer a análise do uso emergencial em até 10 dias.
Entenda como a vacina é aprovada
- Fase 1 - Segundo a Anvisa, essa é a primeira etapa de testes em humanos para avaliar a segurança e possíveis reações indesejáveis no local da aplicação da vacina ou no organismo. Nessa fase também pode ser verificada, de forma preliminar, a imunogenicidade da vacina, ou seja, sua capacidade de gerar anticorpos contra o novo coronavírus.
- Fase 2 - Essa é a hora de avaliar a dose, a forma de vacinação e a capacidade de gerar anticorpos (contra o novo coronavírus) na população (faixa etária, por exemplo) que deverá ser indicada para receber a vacina. A segurança continua em análise aqui.
- Fase 3 - Os testes nessa etapa são realizados em grandes populações para avaliar a segurança e a eficácia da vacina. A vacina precisa provar que, de fato, é capaz de proteger da doença.
- Pedido de uso emergencial - Feito antes do registro final para aplicar a vacina em um grupo específico da população. Precisa ser enviado à Anvisa pela empresa fabricante ou importadora da vacina, presente no território brasileiro. Pode ser realizado com a fase 3 em andamento.
- Registro - Profissionais especializados da Anvisa precisam revisar todos os documentos técnicos e regulatórios e verificar os dados de segurança e eficácia, bem como avaliar a qualidade da vacina. O registro concedido pela Anvisa é o sinal verde para que a vacina seja comercializada e disponibilizada no país. Precisa ser solicitado à Anvisa pela empresa fabricante da vacina.
- Dados de eficácia e segurança - Essas informações compreendem estudos clínicos e não clínicos. Estão incluídos nesta fase dados referentes aos estudos realizados em animais e humanos.
- Dados de tecnologia farmacêutica - São dados referentes à qualidade, ao processo de fabricação e ao controle de qualidade. Eles têm como objetivo demonstrar que o produto será fabricado com qualidade e de forma consistente, dentro das especificações de uso. Esses dados também determinam o prazo de validade do produto.
- Pacotes - São os grupos de documentos apresentados pelas empresas à Anvisa.
- Pacotes 1, 2, 3 e sucessivamente - São pacotes com dados e informações parciais. As empresas apresentarão mais dados e informações em pacotes subsequentes ou quando apresentarem o pedido de registro da respectiva vacina.
- Status - É referente à análise de um determinado pacote de documentos.
- Submissão parcial - É assim chamada porque a empresa não apresentou a documentação completa para o registro da respectiva vacina.
- Certificação de Boas Práticas de Fabricação - Essa é a valiação realizada por inspetores qualificados para garantir que uma fábrica, em qualquer lugar do mundo, cumpre com os requisitos determinados pela legislação brasileira. São avaliadas as estruturas físicas das áreas de produção, armazenamento e laboratórios de controle de qualidade, além de toda a documentação do sistema de garantia de qualidade da empresa.
Fonte: Anvisa
Veja a lista de países que já começaram a vacinação contra COVID-19
- Alemanha - 26/12/2020
- Arábia Saudita - 17/12/2020
- Argentina - 29/12/2020
- Áustria - 27/12/2020
- Barhrein - 16/12/2020
- Bélgica - 28/12/2020
- Bielorussia - 29/12/2020
- Bulgária - 27/12/2020
- Canadá - 14/12/2020
- Chile - 24/12/2020
- China - julho de 2020
- Chipre- 27/12/2020
- Costa Rica - 24/12/2020
- Croácia - 27/12/2020
- Dinamarca - 27/12/2020
- Emirados Árabes - 14/09/2020
- Escócia - 8/12/2020
- Eslováquia - 26/12/2020
- Eslovênia - 27/12/2020
- Espanha - 27.12/2020
- Estônia - 27/12/2020
- EUA - 14/12/2020
- Finlândia - 27/12/2020
- França - 27/12/2020
- Grécia - 27/12/2020
- Hungria- 26/12/2020
- Inglaterra - 08/12/2020
- Irlanda - 29/12/2020
- Irlanda do Norte - 08/12/2020
- Islândia - 29/12/2020
- Israel - 19/12/2020
- Itália - 27/12/2020
- Kuwait - 24/12/2020
- Letônia - 28/12/2020
- Lituânia - 27/12/2020
- Luxemburgo - 28/12/2020
- Malta -27/12/2020
- México - 24/12/2020
- Noruega - 27/12/2020
- Omã - 27/12/2020
- País de Gales - 08/12/2020
- Polônia - 27/12/2020
- Portugal - 27/12/2020
- Qatar - 23/12/2020
- República Tcheca - 27/12/2020
- Romênia - 27/12/2020
- Rússia - 05/12/2020
- Sérvia - 24/12/2020
- Suécia - 27/12/2020
- Suíça -27/12/2020
Fonte: Imprensa Internacional
Veja a lista de países que já anunciaram as datas do ínicio da imunização
- Austrália: 20 de março de 2021
- Colômbia: fevereiro de 2021
- Egito: janeiro de 2021
- Holanda: 8 de janeiro de 2021
- Índia: janeiro de 2021
- Nova Zelândia: 2º trimestre de 2021
- Paraguai: entre março e abril de 2021
- Turquia: até 15 de janeiro de 2021
- Indonésia:13 de janeiro de 2021
- Brasil: 25 de janeiro de 2021
Fonte: Ministério da Saúde dos países
Lista de vacinas aprovadas no mundo
- Sputinik V - Rússia (aplicada na Rússia, Argentna e Belarus)
- Sinophramp - Pequim - China (aplicada apenas na China)
- Moderna - Estados Unidos (aplicada nos EUA, Canadá e Israel)
- CanSino - China - (uso limitado apenas para militares na China)
- Vector - Rússia (aplicada na Rússia)
- Sinophramp-Wuhan - China (aplicada na China e Emirados Arabés)
- Coronavac -Brasil/China (China e Indonésia)
- Pfizer- BioTech - EUA/Alemanha - (RUA, Reino Unido, Chile, Costa Rica, E.A.U, Kuwait, Equador, México, Panamá, Isarel, Cingapura, Bahrein, Colômbia, Argentina, Guiana Francesa, União Europeia para uso emergencial e Canadá e Arabía Saudita para uso definitivo)
*Estagiária sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz