Para além dos riscos de contaminação pela COVID-19, a pandemia impulsionou uma série de mudanças na rotina das pessoas e, inclusive, aumentou a incidência de algumas doenças, bem como a gravidade de alguns quadros clínicos. No caso da constipação idiopática crônica não foi diferente.
E isso muito tem a ver com a necessidade de isolamento social e a consequente impossibilidade de frequentar academias e locais públicos, diminuindo, assim, a frequência e intensidade de práticas esportivas e/ou exercícios físicos.
E isso muito tem a ver com a necessidade de isolamento social e a consequente impossibilidade de frequentar academias e locais públicos, diminuindo, assim, a frequência e intensidade de práticas esportivas e/ou exercícios físicos.
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Nesse cenário, o diagnóstico da constipação idiopática crônica é, muitas vezes, clínico, sendo estimulado pela conversa entre o médico e o paciente.
É importante ressaltar, segundo a especialista, que essa anamnese seja o mais detalhada possível. Para isso, é essencial que o paciente conheça a sua rotina no banheiro e que consiga descrevê-la conforme os critérios de Roma para contribuir para o diagnóstico.
É importante ressaltar, segundo a especialista, que essa anamnese seja o mais detalhada possível. Para isso, é essencial que o paciente conheça a sua rotina no banheiro e que consiga descrevê-la conforme os critérios de Roma para contribuir para o diagnóstico.
Menos de três evacuações espontâneas por semana; mais de 25% das evacuações com esforço evacuatório; mais de 25% das evacuações de fezes irregulares ou endurecidas; mais de 25% das evacuações com sensação de obstrução ou bloqueio anorretais; mais de 25% das evacuações com necessidade de manobras manuais para defecar.
"Esses são os sintomas normalmente apresentados por pessoas com constipação idiopática crônica. Para que, de fato, a doença seja apresentada como laudo, o indivíduo precisa apresentar, no mínimo, dois dos sintomas listados por, pelo menos, três meses”, explica Maria do Carmo Friche.
"Esses são os sintomas normalmente apresentados por pessoas com constipação idiopática crônica. Para que, de fato, a doença seja apresentada como laudo, o indivíduo precisa apresentar, no mínimo, dois dos sintomas listados por, pelo menos, três meses”, explica Maria do Carmo Friche.
Porém, em alguns casos, somente essa “conversa” não é o suficiente para dar o "veredicto" sobre a doença. Assim, é necessário a realização de exames específicos a serem solicitados pelo gastroenterologista ou proctologista para maior certeza ou exclusão de outras patologias.
“Entre os exames capazes de identificar o quadro clínico estão: defecografia, colonoscopia, manometria anorretal e tempo de trânsito colônico. Além disso, se o paciente apresentar sintomas acrescido de dor abdominal mesmo após a ida ao banheiro, é preciso considerar a possibilidade de síndrome do intestino irritável com predominância de constipação.”
“Entre os exames capazes de identificar o quadro clínico estão: defecografia, colonoscopia, manometria anorretal e tempo de trânsito colônico. Além disso, se o paciente apresentar sintomas acrescido de dor abdominal mesmo após a ida ao banheiro, é preciso considerar a possibilidade de síndrome do intestino irritável com predominância de constipação.”
E o que o a pandemia tem a ver com isso? Segundo Maria do Carmo Friche, isso se justifica pela falta de atividade física causada pela redução de exercícios durante o isolamento social, o que propicia o agravamento dos quadros da doença.
“Isso pode ocorrer pois os exercícios estimulam os movimentos peristálticos do intestino, contribuindo com a evacuação. Não à toa, uma das recomendações médicas para lidar com os efeitos da constipação idiopática crônica é o exercício aeróbico como caminhadas, bicicleta e natação, que ajudam no funcionamento do intestino.”
“Isso pode ocorrer pois os exercícios estimulam os movimentos peristálticos do intestino, contribuindo com a evacuação. Não à toa, uma das recomendações médicas para lidar com os efeitos da constipação idiopática crônica é o exercício aeróbico como caminhadas, bicicleta e natação, que ajudam no funcionamento do intestino.”
Deste modo, conforme elucidado pela gastroenterologista, a ausência da prática frequente pode desestabilizar o funcionamento do intestino.
IMPACTOS
E quem sofre com tudo isso é o corpo, haja vista que o trânsito intestinal pode ser, e muito, comprometido pela constipação idiopática crônica. “O paciente com constipação idiopática crônica costuma apresentar fezes dos tipos 1 (em cíbalos ou bolinhas) e 2 (ressecadas e endurecidas), 75% dos pacientes acometidos pela constipação idiopática crônica dizem passar mais de uma hora no banheiro”, aponta a especialista.
Maria do Carmo Friche destaca que isso vai muito além, já que os danos passam a ser percebidos na forma como o paciente lida com a situação. “Esse fato traz prejuízos na vida pessoal e profissional, pois o indivíduo pode deixar de viajar, socializar-se, fazer exercícios físicos e até mudar de emprego em razão da doença. Mas vale destacar que aproximadamente 70% dos casos apresentam trânsito intestinal absolutamente normal, é o que chamamos de constipação funcional”, explica.
O QUE FAZER?
Maria do Carmo Friche elucida que a constipação idiopática crônica não tem cura, portanto, o tratamento da doença consiste na redução de sintomas e melhora da qualidade de vida dos pacientes. Isso inclui o uso de medicamentos prescritos sob orientação médica.
E, nesses casos, não se deve tomar laxante por conta própria, porque o uso crônico pode acostumar o intestino, fazendo com que o organismo exija uma dose maior para obter o efeito.
E, nesses casos, não se deve tomar laxante por conta própria, porque o uso crônico pode acostumar o intestino, fazendo com que o organismo exija uma dose maior para obter o efeito.
Segundo a especialista, o primeiro passo para ganhar em bem-estar mesmo com o diagnóstico incurável é deixar o tabu de lado e conversar com um médico sobre o problema.
Além disso, a gastroenterologista ressalta a importância da mudança de hábitos para a melhora da condição de saúde do paciente e, consequentemente, de sua qualidade de vida.
Além disso, a gastroenterologista ressalta a importância da mudança de hábitos para a melhora da condição de saúde do paciente e, consequentemente, de sua qualidade de vida.
“A reeducação é uma grande aliada nessa luta. Isso porque, para controlar a doença, a ingestão de líquidos e a alimentação rica em fibras são muito importantes, pois estimulam o peristaltismo intestinal, melhorando a constipação”, diz Maria do Carmo Friche, que pontua, ainda, a importância de hábitos mais saudáveis na prevenção da constipação idiopática crônica.
“A causa da constipação idiopática crônica ainda é desconhecida, mas pode estar associada à redução da ingestão de fibras e de líquidos. Portanto, para prevenir o quadro, a orientação médica é manter uma boa saúde, com mudanças comportamentais e reeducação de hábitos, principalmente durante a pandemia, na qual uma grande parte da população está isolada em casa, com menos acesso a parques e espaços para a prática regular de atividades físicas que ajudam no fortalecimento da musculatura abdominal e no funcionamento intestinal.”
*Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram