Jornal Estado de Minas

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Estudo aponta possível eficácia da colchicina no tratamento da COVID-19

Ensaios clínicos preliminares divulgados pelo The Montreal Heart Institute (MHI), do Canadá, mostram evidências de que o anti-inflamatório colchicina, adotado no tratamento da gota, tem potencial eficácia para prevenir a evolução para quadro grave em pacientes com COVID-19.





 

O estudo clínico designado Colcorona mostrou que a colchicina reduziu o risco de morte ou internações em comparação com o placebo. O ensaio clínico analisou 4.159 pacientes não hospitalizados de forma randomizada em vários países de diferentes continentes.

 

No grupo infectado pelo novo coronavírus, o medicamento reduziu as hospitalizações em 25%, a necessidade de ventilação mecânica em 50% e as mortes em 44%.

 

“Nossa pesquisa mostra a eficácia do tratamento com colchicina na prevenção do fenômeno da ‘tempestade de citocinas’ e na redução das complicações associadas à COVID-19”, disse, por meio de nota, Jean-Claude Tardif, pesquisador principal do ensaio e diretor no MHI.



Segundo nota do MHI, a descoberta faz da colchicina a primeira droga oral do mundo que poderia ser usada para tratar pacientes não hospitalizados com COVID-19.

Cientistas aguardam a revisão completa

 

A comunidade científica brasileira comemora os resultados do estudo, mas prega cautela até a divulgação e a revisão completa da pesquisa. Médicos também chamam a atenção para os efeitos colaterais do uso do fármaco sem a supervisão de um profissional de saúde, que envolve sérios riscos, podendo levar à morte, quando há overdose, por sua toxicidade. Casos de superdosagem acidental já ocorreram.

 

Luciana Machado, pesquisadora sênior da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), alertou, por meio de seu perfil no Twitter, que ainda não está clara a eficácia da colchicina e que o MHI só divulgou uma “análise interina” onde ainda há muitas lacunas a serem preenchidas.

 

“Então vamos ter calma para não cair no erro que lutamos tanto para combater. Não podemos fazer com que tratamentos com eficácia e segurança ainda desconhecidas sejam implementados com base em uma nota na imprensa e sem dados que possam ser avaliados pela comunidade científica”, postou a pesquisadora.

 

 

O médico especialista em infectologia e saúde pública Gerson Salvador também exaltou os resultados do ensaio clínico, ao qual chamou de “boa nova”, mas, como Luciana, ressalta a necessidade da divulgação dos dados.

 

 

*Estagiário sob supervisão da subeditora Kelen Cristina





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