Em nota oficial, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) pediram, nesta segunda-feira (15), às autoridades brasileiras a incorporação do Zé Gotinha na campanha de vacinação contra a COVID-19.
O documento pede que ele seja usado, com “sua imagem original, alegre, pacífica e motivadora, como símbolo de mais esse esforço nacional, ressaltando os valores que representa: o apego à ciência, a solidariedade, a união de forças e, sobretudo, a oferta de saúde e paz”.
O pedido, segundo as autoridades, surge em meio à preocupação das entidades médicas com discussões partidárias e ideológicas, e que nos últimos dias tem ofuscado uma das ações que mais importam neste momento: a realização de amplas e massivas campanhas de vacinação.
Porém, as entidades reforçam que o início de 2021 trouxe um alento ao mundo, com o anúncio do licenciamento de vacinas contra a COVID-19.
“Tal conquista, que resulta dos grandes avanços da ciência, trouxe a esperança de superação dessa crise sanitária sem precedentes. Entretanto, esse motivo de celebração tem sido ofuscado no Brasil por discussões e disputas políticas que desrespeitam as vítimas dessa trágica doença”, afirmam os médicos.
Polêmicas envolvendo o personagem
Na semana passada, Zé Gotinha virou alvo de discussões depois de uma fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele fez duras críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em discurso na última quarta-feira (10/3). Um dos principais pontos levantados pelo petista foi a má condução de Bolsonaro durante a pandemia do novo coronavírus.
"Na minha época, nós vacinamos 80 milhões de pessoas em três meses. Cadê o Zé Gotinha? Bolsonaro mandou embora, porque achou que era petista", afirmou.
Já na sexta-feira (12/3), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) postou em suas redes sociais, um desenho do personagem carregando um fuzil e escreveu: “Nossa arma é a vacina”.
No final do ano passado, durante a cerimônia de lançamento do Plano Nacional de Operacionalização da Vacina contra a COVID-19, o personagem viralizou nas redes sociais, ao se esquivar da mão do presidente Jair Bolsonaro, que tentou cumprimentá-lo. Além disso, Zé Gotinha chamou a atenção por ser um dos únicos a usar máscara no evento, em meio a uma aglomeração no Palácio do Planalto.
Zé Gotinha
Criado em 1986 pelo artista plástico Darlan Rosa, o personagem surgiu da resistência da população adulta e do medo por parte das crianças em relação às vacinas. Ele é considerado um símbolo histórico do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e ajudou a motivar e informar, diferentes públicos, sobre a importância da vacinação e prevenção de várias doenças.
"Desde então, todas as campanhas nacionais contaram com a presença desse respeitado personagem, que, com o empenho e a orientação dos pediatras sobre a importância da vacinação, ganhou notoriedade, constituiu família e muito tem contribuído para o alcance de resultados exitosos nas coberturas vacinais, especialmente entre o público infantil", destaca a nota. Para os médicos, atualmente o personagem representa valores inestimáveis, como o apego à ciência, a solidariedade, a união de forças e, sobretudo, a oferta de saúde e paz.
Leia a nota na íntegra:
Pediatras pedem incorporação do Zé Gotinha, defensor da saúde e da paz, como símbolo da campanha de vacinação contra COVID-19
Há pouco mais de um ano, o mundo enfrenta uma pandemia, cujo agente causador é o coronavírus SARS-CoV-2 e a doença decorrente a COVID-19. Até meados de março deste ano, só no Brasil, cerca de 11,3 milhões de pessoas foram contaminadas e mais de 275 mil morreram em decorrência da doença. O início de
2021, no entanto, trouxe um alento ao mundo, com o anúncio do licenciamento de vacinas contra a COVID-19. Tal conquista, que resulta dos grandes avanços da ciência, trouxe a esperança de superação dessa crise sanitária sem precedentes.
Entretanto, esse motivo de celebração tem sido ofuscado no Brasil por discussões e disputas políticas que desrespeitam as vítimas dessa trágica doença. Posições partidárias e ideológicas assumem o espaço que, neste momento, deveria ser ocupado pelo que realmente importa: amplas e massivas campanhas de divulgação sobre a vacinação.
Em 1986, ao perceber que havia resistência da população adulta, além de medo por parte das crianças, em relação às vacinas, as autoridades criaram o personagem Zé Gotinha, símbolo histórico do Programa Nacional de Imunizações (PNI), e que foi capaz de dialogar com diferentes públicos para motivar e informar sobre a importância da vacinação e prevenção de várias doenças.
Desde então, todas as campanhas nacionais contaram com a presença desse respeitado personagem, que, com o empenho e a orientação dos pediatras sobre a importância da vacinação, ganhou notoriedade, constituiu família e muito tem contribuído para o alcance de resultados exitosos nas coberturas vacinais,
especialmente entre o público infantil.
Diante disso, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) requerem do Governo Federal que o Zé Gotinha – em sua imagem original, alegre, pacífica e motivadora – seja incorporado à campanha de vacinação contra a COVID-19, como símbolo de mais esse esforço nacional,
ressaltando os valores que representa: o apego à ciência, a solidariedade, a união de forças e, sobretudo, a oferta de saúde e paz.
Rio de Janeiro, 15 de março de 2021.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP)
SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES (SBIm)
*Estagiárias sob supervisão