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Estado de Minas SAÚDE

Pacientes com COVID-19 têm alta incidência de lesão renal aguda, diz estudo

Agravantes incluem histórico de hipertensão e terapia com hidroxicloroquina e azitromicina. Mais estudos podem apontar medicamentos para tratar a complicação


24/03/2021 13:16 - atualizado 24/03/2021 13:54

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Pacientes contaminados com COVID-19 têm alta incidência de Lesão Renal Aguda (LRA) – em torno de 70%. E algumas condições podem inferir maior gravidade a esse quadro no rim, como o histórico de hipertensão ou o uso de certos medicamentos para tratar a infecção causada pelo coronavírus, no caso, a hidroxicloroquina e a azitromicina. É o que diz um estudo realizado por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

Segundo um dos responsáveis pela realização do estudo, o professor de nefrologia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) Miguel Angelo de Góes Junior, a pesquisa foi feita com base na análise de comparação de dois grupos específicos: pessoas com COVID-19 e com incidência de Lesão Renal Aguda e pacientes com a infecção viral, mas sem o histórico de LRA. Ao todo, cerca de 275 pacientes foram avaliados. 

Os resultados? “Com as comparações, não observamos nenhuma diferenciação no que tange idade, gênero ou histórico de diabetes. Porém, logicamente, alguns fatores, como hipertensão, foram relacionados. Ou seja, observamos que muitos pacientes renais agudos eram hipertensos. Outra observação feita foi que o uso de droga vasoativa para elevar a pressão quando ela está muito baixa também registou maior relação com os quadros renais agudos.” 

O uso de drogas para tratar COVID-19 também registrou associação de casos de infecção pelo vírus e a Lesão Renal Aguda. "55% dos pacientes que usaram hidroxicloroquina para tratar a doença, por exemplo, tiveram evolução do quadro para LRA, ao mesmo passo que apenas cerca de 30% não apresentaram o problema associado. As estatísticas evidenciam bem isso. Em resumo, o uso de medicamentos, como hidroxicloroquina e azitromicina, bem como o histórico de hipertensão foram os fatores mais pré-dispostos”, explica o pesquisador. 

Mas por que há esse pré-disposição associada? Miguel Angelo de Góes elucida que ainda não se tem respostas, haja vista que o primeiro passo do estudo foi apenas avaliativo e de coleta de dados. Portanto, o que se pode afirmar no momento é: hipertensos, pessoas que utilizam hidroxicloroquina e azitromicina para tratar a doença e pacientes que fazem uso de drogas vasoativas para elevar a pressão podem ter uma evolução negativa do quadro de COVID-19 para a Lesão Renal Aguda. 
 

"55% dos pacientes que usaram hidroxicloroquina para tratar a doença, por exemplo, tiveram evolução do quadro para LRA, ao mesmo passo que apenas cerca de 30% não apresentaram o problema associado. As estatísticas evidenciam bem isso. Em resumo, o uso de medicamentos, como hidroxicloroquina e azitromicina, bem como o histórico de hipertensão foram os fatores mais pré-dispostos."

Miguel Angelo de Góes Junior, professor de nefrologia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) e um dos responsáveis pelo estudo

 

“Temos hipóteses: a hidroxicloquina por si só inibe a proteção de uma membrana renal que quando a célula está doente é englobada para se autodefender”, afirma o professor de nefrologia. 

Apesar disso, Miguel Angelo Góes lembra que esse estudo "abriu portas” para novas investigações. É uma esperança. “Podemos, a partir disso, buscar desenvolver medicamentos que possam atenuar a Lesão Renal Aguda, porque ela está muito associada a maior parte das mortalidades de pacientes graves de COVID-19.” 

*Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram 
 

O que é o coronavírus

Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.


transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.


A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê

Principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia
  • Em casos graves, as vítimas apresentam:
  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal
  • Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus 

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.


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