Jornal Estado de Minas

SAÚDE

COVID-19: casos graves podem causar lesões oculares, diz estudo brasileiro


Pacientes com casos graves – internados em UTIs e enfermarias – de infecção por COVID-19 podem desenvolver lesões vasculares graves nos olhos. É o que diz um estudo brasileiro feito por pesquisadores da Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp).



Segundo os dados, 12,9% das 104 pessoas analisadas – voluntários do Hospital Municipal de Barueri – tiveram comprometimento vascular da retina. Destes, 3% sofreram danos permanentes na visão

As lesões encontradas nos olhos dos infectados pelo novo coronavírus foram identificadas como microtombos e hemorragias. Em alguns casos, o acometimento se deu em ambos os olhos do paciente. Quadros de conjuntivite também foram registrados. 

“Esses dados comprovam o primeiro relato de alteração na retina por COVID-19 realizado por nós em maio do ano passado. Agora, nesse segmento de pacientes em hospital, nós verificamos que alguns deles têm alteração na retina, e tanto aqueles que estavam precisando de ventilação mecânica quanto os que não precisaram. Portanto, não é apenas uma questão de severidade maior da parte pulmonar. Também não foi relacionado nenhuma droga ou outro tratamento. Portanto, parece que é da própria doença.” 

É o que explica Rubens Belfort Jr., professor titular de oftalmologia da EPM/Unifesp, presidente da Academia Nacional de Medicina (ANM) e um dos responsáveis pelo estudo. Segundo os dados, as internações em UTIS e enfermarias também não inferiram maior ou menor acometimento.



Segundo o estudo, esses indicativos corroboram para afirmar a hipótese do professor: as complicações causadas podem, de fato, ser oriundas da infecção pelo vírus causador da COVID-19 e não pelo tratamento administrado em cada caso. 

A pesquisa traz à tona, ainda, uma preocupação para os médicos: a retina é um biomarcador de complicações no sistema nervoso, já que é por meio dela que as imagens se formam. É como se o olho fosse “a janela da alma”, no caso, do cérebro e, por meio dela, fosse possível identificar complicações. 

Porém, não há confirmações ou certezas sobre se a retina é afetada pelo coronavírus, pela inflamação causada pela doença, por problemas de coagulação causados pela COVID-19 ou por fatores combinados. Também não se sabe se pacientes com quadros leves e moderados de infecção pelo novo coronavírus apresentam danos oculares. 





“As pesquisas, agora, continuam para saber se com as variantes aparecerão lesões diferentes e saber se essa é uma ação direta causada pelo vírus ou pela resposta imunológico que o vírus causa em vários órgãos. A grande vantagem é que examinar a retina é rápido e, por meio do exame, pode-se identificar lesões que talvez estejam ocorrendo no cérebro, pulmão e outros órgãos. É importante seguir na pesquisa para entender se os pacientes desenvolverão lesão mais crônica, em quadros neurológicos, psiquiátricos, entre outros. Também vai ser importante para correlacionar as lesões da retina e outros órgãos.” 

Novos estudos buscarão, também, descobrir se as lesões na retina podem indicar mais chances de o paciente desenvolver sequelas após a infecção por COVID-19 ou não. 

*Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram
 

O que é um lockdown?

Saiba como funciona essa medida extrema, as diferenças entre quarentena, distanciamento social e lockdown, e porque as medidas de restrição de circulação de pessoas adotadas no Brasil não podem ser chamadas de lockdown.



Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca

Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).





  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.

  • Janssen

A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.

  • Pfizer

A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.





Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades

Como funciona o 'passaporte de vacinação'?

Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.

 

 

Entenda as regras de proteção contra as novas cepas



 

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.



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