Sociedades médicas brasileiras de várias especialidades defendem a vacinação prioritária para pessoas que têm risco elevado de desenvolver uma infecção grave e, também, recomendando a aplicação do imunizante como forma de prevenção contra a COVID-19. Notas técnicas e oficiais são emitidas frequentemente.
Para a SBCBM, a vacinação prioritária dos portadores de obesidade é fundamental, “além de constituir um direito consagrado na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, LBI, (Estatuto da Pessoa com Deficiência — Lei 13.146, de 6/7/2015)”, diz o documento.
“A vacinação tem um impacto substancial na redução da incidência, hospitalizações, admissões em unidades de terapia intensiva e mortes, especialmente entre indivíduos vulneráveis como é o caso dos pacientes que têm obesidade grave e doenças associadas a ela”, afirmou o presidente da SBCBM, o médico e cirurgião Fábio Viegas.
Ainda, de acordo com a entidade, o fato de a obesidade ser considerado como agravante para quadros clínicos de infecção por COVID-19, a doença, junto com suas patologias associadas, como hipertensão e diabetes, são as causas mais comuns de óbitos causados por doenças infecciosas virais, incluindo a infecção pelo Sars-Cov-2.
“A obesidade e suas doenças associadas também são preditores de morte por COVID-19. O Relatório da Federação Mundial de Obesidade mostra que em países onde menos da metade da população adulta é classificada como com sobrepeso/obesidade, a probabilidade de morte por COVID-19 é uma pequena fração do nível visto em países onde mais da metade da população é classificada como portadores de excesso de peso”, afirma o doutor em cirurgia, diretor do Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, São Paulo, e ex-presidente da SBCBM, o cirurgião Ricardo Cohen.
Para ele, a vacinação de pacientes com obesidade e doenças associadas é ação fundamental para reduzir a sobrecarga do sistema de saúde público e privado no Brasil, que precisam abrir espaço para tratamento de doenças crônicas. “É evidente a necessidade de desafogar os sistemas de saúde e a vacinação é comprovadamente eficaz para a redução de internações e mortalidade. Precisamos priorizar a população de maior risco e os portadores de obesidade são parte dela”, completa Cohen.
RECOMENDAÇÃO
Enquanto isso, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) emitiram, na última sexta-feira (23/4), uma nota técnica recomendando a vacinação prioritária para gestantes com diabetes. Segundo o comunicado, assinado pelos coordenadores das sociedades médicas, a indicação tem fundamento no recente aumento de números de casos severos de COVID-19 em mulheres durante a gestação e no puerpério.
Por isso, então, as entidades “recomendam a vacinação contra COVID-19 de gestantes, puérperas e lactantes com diabetes mellitus, obesidade ou hipertensão arterial sistêmica, de acordo com a nota técnica número 1/2021 do Ministério da Saúde”.
“As vacinas contam com diferentes tecnologias disponíveis no Brasil, ainda não foram testadas em gestantes, puérperas e lactantes, não havendo dados e informações definitivas sobre os seus efeitos nessas populações específicas. Entretanto, estudos em animais não mostraram efeito teratogênico. A urgência em se posicionar sobre essa população, mesmo com ausência de evidências, decorre do maior risco de complicações que as gestantes e seus bebês apresentam. Os efeitos adversos pós-vacinação devem ser notificados e monitorados.”
“É importante destacar que as medidas de proteção contra COVID-19, como distanciamento social, uso de máscara e higiene frequente das mãos, devem ser mantidas, mesmo após a vacinação. A vacinação das gestantes, puérperas e lactantes é facultativa e as mulheres que não aceitarem devem ter sua decisão respeitada”, finaliza a nota técnica.
O que é um lockdown?
Saiba como funciona essa medida extrema, as diferenças entre quarentena, distanciamento social e lockdown, e porque as medidas de restrição de circulação de pessoas adotadas no Brasil não podem ser chamadas de lockdown.
Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- CoronaVac/Butantan
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.
- Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
- Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.
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Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
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Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:
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