Jornal Estado de Minas

SAÚDE

COVID-19: por que anticoagulantes são usados no tratamento da infecção?


Em meio a inexistência de um tratamento específico para os quadros de COVID-19, alguns medicamentos são receitados e usados durante a infecção pelo novo coronavírus como forma de evitar complicações e/ou sequelas graves. Os anticoagulantes, como as enoxaparinas e as heparinas sódicas, são alguns deles. 





Isso porque a inflamação causada pela contaminação é capaz de coagular o sangue. “Não só a COVID-19, mas qualquer doença infecciosa que leva a uma resposta inflamatória muito grande ativa a coagulação. E quando ela ativa a coagulação, há mais chances de formar coágulos. Aparentemente, quando se tem quadro infeccioso e ativação da coagulação, há uma piora de vários órgãos por causa da formação de coágulos.” 

“Isso faz com que se tenha um piora do quadro, com maior chance de mortalidade. E a gente vê isso em COVID-19, assim como em outras doenças infecciosas”, aponta o hematologista, patologista clínico e diretor do Laboratório São Paulo, Daniel Dias Ribeiro. 

Nesse cenário, uma pessoa ao ser infectada pela COVID-19 e desenvolver sintomas, tem o pulmão como primeiro órgão afetado. O vírus entra pelo corpo por meio da respiração e chega às vias aéreas. Em alguns pacientes, ocorre uma tempestade inflamatória, processo inflamatório intenso que, com o passar de horas ou dias, pode afetar outras regiões do corpo.  

Esse fenômeno ocorre quando há grande liberação de fatores inflamatórios no corpo, que podem causar desequilíbrio no organismo e levar à trombose. Dois mecanismos ocorrem quase de forma sobreposta: lesão no endotélio ou coagulação disseminada dentro dos vasos sanguíneos.

Esses pacientes passam a ter maiores riscos de ter quadros graves com obstrução dos vasos sanguíneos do coração, cérebro e pulmão.  

Muito tem a ver também com os receptores utilizados pelo vírus para entrar nas células, já que eles são encontrados no revestimento dos vasos sanguíneo, conforme Vinicius Brito da Cruz, farmacêutico da Singular Medicamentos Especiais. 





Assim sendo, “toda vez que se tem uma resposta infecciosa muito grande, com a ativação da coagulação em pacientes internados, faz sentido usar algum tipo de anticoagulante para bloquear essa ação”, afirma Daniel Dias Ribeiro. 

E isso tem sido feito em hospitais, a fim de bloquear a cascata da coagulação e diminuir a formação de trombos. O maior risco do uso é a hemorragia, podendo haver sangramentos leves nas mucosas ou graves no sistema nervoso central ou intra-abdominal. Porém, quando a risco de trombose, é muito importante o uso, aponta o hematologista. 

“Quando há formação de um trombo em um quadro infeccioso, normalmente é preciso tratar e usar o anticoagulante entre três e seis meses. Quando tem as tromboses, chamadas de provocadas, que acontecem devido a um estímulo ou gatilho, que nesse caso é a COVID-19, o risco de recorrência não é grande e, por isso, suspende o uso após alguns meses de tratamento.” 

Vinicius Brito reitera que não há necessidade de que o paciente faça uso contínuo de anticoagulantes após o uso medicamento durante a internação hospitalar. Além disso, ele pondera que o uso é realizado sob prescrição médica e com doses intermediárias e padrões, dependendo do quadro clínico da pessoa que necessita do medicamento, haja vista os riscos de hemorragia. Ainda, não há comprovação sobre a necessidade do uso de anticoagulantes em pacientes com quadros leves. 





Além da prevenção de trombos, pesquisa realizada pelo Hospital Sírio-Libanês, em parceira com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), constatou uma funcionalidade melhor do pulmão de pacientes graves com COVID-19 que foram tratados com medicamentos como heparina sódica, um tipo de anticoagulante.  


EVITE A COAGULAÇÃO 


Para evitar a coagulação sanguínea, algumas atitudes podem ser tomadas. Por isso, Daniel Dias Ribeiro afirma que há algumas medidas mecânicas que ajudam a não formar coágulos, normalmente usadas em hospitais.  

“Um dos motivos de formação de coágulo e trombos é a estase sanguínea, ou seja, o fato de ficar acamado por muito tempo, porque isso faz com que o paciente tenha maior risco de desenvolver trombose. Por isso, recomenda-se em um pós-operatório, onde há resposta inflamatória, que o paciente levante da cama e caminhe. Isso diminui a estase. Em um paciente internado é difícil, em CTI é impossível, mas o paciente que está em casa com COVID-19, a dica é tentar se movimentar dentro de casa para diminuir a estase sanguínea.” 

Vinicius Brito chama atenção, também, para outras medidas a fim de evitar o aparecimento de coágulos, como evitar o tabagismo, ter uma dieta equilibrada, não consumir álcool em excesso e utilizar medicações apenas com orientação adequada. 

*Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram 
 


Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca

Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.





  • Janssen

A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.

  • Pfizer

A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.

Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades

Como funciona o 'passaporte de vacinação'?

 

Os chamados passaportes de vacinação contra a COVID-19 estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países.



O sistema de controle tem como objetivo garantir o trânsito de pessoas imunizadas e fomentar o turismo e a economia.  


Especialistas dizem que os passaportes de vacinção impõem desafios éticos e científicos.



Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.

 

 

Entenda as regras de proteção contra as novas cepas



 

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.



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