Uma pesquisa feita entre os dias 29 de março e 5 de abril aponta que 89% dos profissionais de saúde que atuam na linha de frente do combate à COVID-19 estão psicologicamente cansados.
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O percentual faz parte do estudo Pandemia na Linha de Frente que ouviu 4.398 profissionais da saúde de todo o Brasil, sendo que 2.239 afirmaram atuar na linha de frente. Destes últimos, 1.013 são médicos, 668 são enfermeiros e 558 são técnicos de enfermagem.
O levantamento também mostra que os profissionais de linha de frente têm enfrentado dificuldades com disponibilidade de equipamentos, insumos e mão de obra. Dos profissionais ouvidos pela pesquisa, 70,8% relataram falta de leitos de UTI, 56,6% afirmam que, em algum grau, faltam respiradores mecânicos e 67,5% relatam que faltam profissionais suficientes para atender à demanda.
A pesquisa foi conduzida pela PEBMED, healthtech de conteúdo para médicos da Afya Educacional.
Desgaste físico e psicológico
Segundo Eduardo Moura, co-fundador da empresa, muitos profissionais têm se sentido esgotados tanto mental como fisicamente.
"Os dados levantados nessa pesquisa mostram como os profissionais da saúde têm se sacrificado para atender pacientes com COVID-19, atuando de forma heroica em situações em que faltam leitos de UTI, equipamentos e mão de obra. Esse sacrifício tem resultado em uma situação de extremo desgaste psicológico e físico para os profissionais da linha de frente.”
A pesquisa avaliou ainda o medo dos profissionais da linha de frente com a infecção e transmissão do coronavírus.
O levantamento aponta que, dos profissionais da linha de frente que já foram diagnosticados com a COVID-19 (41,7%), 87,9% têm medo de se reinfectar.
Entre os que ainda não tiveram diagnóstico confirmado para o coronavírus (58,3%), 86,1% têm medo de se infectar. O medo de levar o vírus para dentro de casa é alto: 97,2% dos entrevistados afirmam que temem infectar familiares com a doença.
Em julho de 2020, a empresa divulgou a pesquisa Burnout durante a pandemia. O levantamento avaliou a ocorrência do problema entre os profissionais de saúde e identificou fatores que contribuem ou atenuam a situação, mostrando a exaustão dos trabalhadores de saúde durante a pandemia.
Após 9 meses dessa primeira pesquisa, os profissionais continuam se sentindo desamparados psicologicamente.
"Uma das perguntas que fizemos na pesquisa sobre a Pandemia na Linha de Frente, aponta que 53,7% dos profissionais discordam que se sentem amparados psicologicamente em seus ambientes de trabalho, se comparado com o ano passado", ressalta Moura.
Perfil dos profissionais da linha de frente ouvidos pela pesquisa
Foram entrevistados 2.239 profissionais:
- Homens: 30,6%
- Mulheres: 69,4%
- Média de idade: 37,5 anos
Atuação:
- 44,4% em emergência ou pronto atendimento
- 26,5% em ambulatório (atendimento eletivo)
- 23,1% em unidade de internação/enfermaria
- 23,1% em unidade de terapia intensiva (UTI/CTI)
- 6% em transporte de pacientes (ambulância)
- 4,9% em serviços de apoio (imagem, diagnóstico etc.)
- 70,7% atuam no sistema público de saúde
- 29,3% atuam no sistema privado de saúde
Distribuição geográfica:
- Sul: 15,3%
- Sudeste: 50,5%
- Centro-Oeste: 8%
- Norte: 7,1%
- Nordeste: 19,5%
Metodologia
A pesquisa Pandemia na Linha de Frente foi conduzida por meio de um estudo transversal, com autoavaliação dos profissionais de saúde e avaliação de seus respectivos ambientes de trabalho.
A coleta de informações ocorreu por meio de um questionário on-line entre os dias 29 de março de 2021 e 05 de abril de 2021. No total, 4.398 profissionais de saúde aceitaram participar, sendo que 2.239 afirmaram atuar na linha de frente do combate à COVID-19.
Entre esse grupo, 1.013 são médicos, 668 são enfermeiros e 558 são técnicos de enfermagem. Os dados levantados a partir das respostas dos profissionais que atuam na linha de frente, tendo como base os 2.239 profissionais, têm grau de confiança de 95% e erro amostral de 2 pontos percentuais.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Eduardo Oliveira