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Estado de Minas SAÚDE

Semana da tireoide alerta para tratamento precoce de disfunções na glândula

Especialistas chamam a atenção para complicações e listam mitos e verdades sobre as disfunções da glândula. Problemas atingem cerca de 15% dos brasileiros


28/05/2021 13:02 - atualizado 28/05/2021 17:11

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

Falta de energia, sonolência, alterações repentinas de peso e de humor e memória fraca podem ser problemas na glândula tireoide. Um problema que cerca de 15% dos brasileiros sofrem, segundo dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), atualmente.

Porém, a maioria deles inclusive desconhece a situação. Justamente por isso, a Regional Minas Gerais (SBEM-MG) promoveu a campanha da “Semana Internacional da Tireoide”, que termina nesta sexta-feira (28/5). 

“Queremos ressaltar a importância do tratamento correto das alterações na tireoide, porque é uma via de mão dupla, tanto as alterações nas funções da tireoide podem interferir no coração quanto o tratamento de arritmias, por exemplo, pode atrapalhar o funcionamento da tireoide. Queremos chamar a atenção para isso: pacientes com hipotireoidismo e hipertireoidismo, se não tratados corretamente, têm grande chance de desenvolver problemas de coração, como infarto, AVC, arritmia cardíaca ou piora na insuficiência cardíaca.” 

É o que destaca Flávia Coimbra Pontes, vice-presidente da SBEM-MG. Segundo ela, é importante entender, antes de mais nada, que há duas disfunções clássicas na tireoide, glândula localizada na região anterior e inferior do pescoço: o hipotireoidismo e o hipertireoidismo.

Como o próprio nome diz, essas disfunções querem dizer que a tireoide não está funcionando adequadamente. Mas o que cada uma delas, de fato, é e causa ao organismo? 

“O hipotireoidismo é quando a glândula está funcionando pouco e produzindo poucos hormônios. Nesse caso, o metabolismo fica lento, a pessoa sente cansaço, desânimo e falta de energia. Além disso, pode haver alterações no colesterol e na pressão arterial”, explica a especialista. É o caso da farmacêutica Marjorie Coimbra, de 33 anos, que descobriu a função ainda na juventude. 

“Descobri a disfunção aos14 anos. Eu sempre fui um pouco letárgica, minhas unhas sempre muito quebradiças e com muita queda de cabelo, e na minha família muitas mulheres tinham hipotireoidismo. Então, minha mãe, desconfiada, me levou ao médico para fazer o exame. Desde então, precisei me submeter ao tratamento para a disfunção: medicamentos de reposição, os quais as doses foram sendo ajustadas com o tempo. Essa condição influenciou um pouco no meu fluxo menstrual, que ficou instável, e na minha absorção de vitamina D, a qual também tenho que fazer reposição”, conta. 

Já o hipertireoidismo é quando há excesso na produção de hormônio. Ou seja, a glândula tireoide lança na circulação muito hormônio de uma vez só e então o paciente fica com o metabolismo mais acelerado.

“É um paciente mais agitado, que tem taquicardia, tremores e perda de peso mesmo tendo mais fome e mais apetite. Além disso, esse paciente costuma ficar mais nervoso, não consegue dormir e tem alteração no intestino com episódios de diarreia”, explica Flávia Pontes. 
 

"Pacientes com hipotireoidismo e hipertireoidismo, se não tratados corretamente, têm grande chance de desenvolver problemas de coração, como infarto, AVC, arritmia cardíaca ou piora na insuficiência cardíaca"

Flávia Coimbra Pontes, vice-presidente da SBEM-MG

 

Essas irregularidades podem afetar a qualidade de vida do paciente, conforme Gustavo Cancela Penna, endocrinologista que coordena o Núcleo de Tireoide no Instituto Orizonti. Ainda, segundo ele, haja vista os sintomas da disfunção, ela pode ser comumente confundida com outras patologias.  

Além do excesso ou diminuição de funcionamento da tireoide, tumores podem acometer a glândula. Segundo o cirurgião de cabeça e pescoço do Orizonti Gustavo Meyer, a incidência é crescente em todo o mundo.

“Muitas pessoas têm nódulos na tireoide, mas não sabem disso. Em mulheres acima de 55 anos, chega a ser mais frequente ter um nódulo na tireoide do que não ter. Entretanto, a maioria desses nódulos não precisam de tratamento, pois são benignos. Mesmo nos casos de câncer, em estado bem inicial pode ser conduzidos sem necessidade de cirurgia, com adequado seguimento ultrassonográfico.” 

TRATAMENTO 


As pessoas que têm alterações no funcionamento da glândula, se não tratadas, podem apresentar riscos, sobretudo, para o coração, conforme Flávia Pontes. Por isso, ela destaca a importância do tratamento precoce

“E isso principalmente no caso das disfunções, porque se não se trata precocemente, esse paciente desenvolve complicações cardiovasculares. O tratamento mais adequado vai depender do tipo de problema. Se tem o hipotireoidismo, faz-se a reposição do próprio hormônio que a tireoide produz até que os níveis adequados sejam alcançados. Já o hipertireoidismo, temos três modalidades de tratamento.” 

“A terapia mais usada é com medicamentos que bloqueiam o funcionamento da glândula e impedem a produção excessiva de hormônio. Outra opção seria o tratamento com iodo radioativo, porque para produzir esse hormônio a glândula precisa de iodo. Então, quando a glândula for captar esse iodo para produzir o hormônio, ela vai captar iodo com radiação, o que vai destruir a glândula que está funcionado em excesso. Outra opção é a cirurgia. O paciente retira uma parte ou a tireoide inteira”, explica. 

No caso dos tumores, a condição pode ser somente acompanhada de perto por especialistas, em caso de nódulo benigno. Já quando tem malignidade, pode haver a necessidade de cirurgia com sequência de tratamento medicamentoso, conforme o quadro do paciente. 

Por se trataram, na maioria dos casos, de doenças autoimunes, Flávia Pontes explica que não há dieta, atividade física ou qualquer outro método que impeça uma pessoa de ter a doença. “A deficiência de iodo antigamente interferia muito nisso, mas hoje temos o sal iodado e até um consumo em excesso, então não recomendamos a reposição, porque pode acarretar outros problemas. O que recomendamos é uma alimentação saudável, não especificamente para a tireoide. Se há a predisposição, não tem muito o que fazer para evitar”, pondera. 

MITOS E VERDADES  


Confira alguns mitos e verdades, explicados pelo endocrinologista do Instituto Orizonti Gustavo Cancela Penna, sobre o que a disfunção da glândula de tireoide pode causar. Atenção! Em caso de algumas dessas condições, procure um especialista. 

- Queda de cabelo, suor excessivo e unhas frágeis podem indicar problemas da tireoide: Verdade! 
- O hipotireoidismo pode causar depressão: Verdade! 
- Todo nódulo de tireoide é câncer: Mito!  
- O cansaço pode ser um dos sintomas das doenças da tireoide: Verdade! 
- Pessoas com irritabilidade, falta de concentração e perda de memória podem estar sofrendo com doença da glândula tireoide: Verdade! 
- Algumas pessoas têm mais chances de ter problemas de tireoide: Verdade!  
- Apenas as mulheres mais velhas podem vir a desenvolver algum distúrbio da tiroide: Mito! 
- Consumir iodo extra vai melhorar a saúde da minha tiroide: Mito! 
- Todas as pessoas com problemas de tiroide têm olhos salientes: Mito! 
- Se eu tiver hipotiroidismo não vou conseguir emagrecer: Mito! 
- Posso fazer a gestão do hipotiroidismo apenas com uma dieta: Mito! 

*Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram 


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