Jornal Estado de Minas

SAÚDE

COVID-19: SBD alerta sobre manifestações cutâneas


Nesta terça-feira (1/5), a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) publicou uma nota técnica sobre a relação de manifestações cutâneas com a infecção por COVID-19. Segundo a entidade, as lesões podem surgir em até quatro semanas após o início dos sintomas da doença e podem ser constatadas por meio de exames de PCR, imunohistoquímica e microscopia eletrônica.



No entanto, quadros de exantema e urticária podem ser mais precoces, com início concomitante aos sintomas gerais. 

Manifestações vasculares, como pseudoeritema pérnio, púrpura e necrose são tardias, ocorrendo em geral após a segunda semana de infecção. Conforme a sociedade médica, essas conclusões são resultado de “uma ampla revisão de estudos científicos”.

Ainda segundo a SBD, essas manifestações na pele, apesar de possíveis, são menos específicas do que outros sinais clínicos relacionados à COVID-19, o que, segundo a entidade, exige avaliação de dermatologistas antes de uma classificação final.   

A assessora do Departamento de Medicina Interna da SBD Camila Seque, responsável pela revisão, explica que a frequência das manifestações dermatológicas nos pacientes com COVID-19 ainda é um dado variável na literatura internacional.

"Diferentes pesquisas estimam prevalências entre 0,2% e 45%. São inúmeros fatores que influenciam essa variabilidade, como metodologia do estudo, perfil epidemiológico, avaliação presencial ou por telemedicina, exclusão ou não dos diagnósticos diferenciais, entre outros", enumera. Segundo ela, no Brasil, até o momento não há estatística sobre esses achados. 





SINTOMAS 


Alguns estudos da revisão apontam a possibilidade de as lesões cutâneas surgirem antes dos sintomas gerais da COVID-19, ou seja, de serem os primeiros sinais da infecção. "Isso pode ocorrer entre 8% e 17% dos pacientes que desenvolvem quadro cutâneo", alerta Camila Seque. 

Segundo a nota técnica da SBD, nesses casos, as lesões de pele precedem em média três dias os sintomas gerais e os quadros de urticária são os mais relatados. "Esse dado é relevante, pois aponta para as manifestações cutâneas como possíveis marcadores iniciais da infecção por Sars-Cov-2, e ainda na fase pré-clínica, o que contribuiria para o diagnóstico precoce da COVID-19", diz a nota. 

A coordenadora Científica da SBB Flávia Bittencourt adverte que outro ponto controverso na literatura científica é a presença de lesões de pele como manifestação única da COVID-19, ou seja, lesões cutâneas sem qualquer outro sintoma geral. "Até o momento, há poucos estudos que sustentem essa afirmação". 





Outro dado importante da nota técnica é a relação entre as manifestações cutâneas e o grau de gravidade da doença. Segundo a especialista, elas podem se apresentar em formas leves e graves, pois acometem diferentes perfis de pacientes.

A nota técnica também aponta que as manifestações mais comuns em casos de COVID-19 são: erupções máculo-papulares, urticariformes tipo pseudo eritema pérnio, vesico-bolhosas e livedo/necrose. 
 

MAIS HOMENS DOENTES 


A revisão feita pela SBD aborda uma questão que pode ter relação com o maior adoecimento dos homens em relação às mulheres, inclusive com chance de evolução para quadros mais graves da doença, com risco de internação e óbito. 





De acordo com a dermatologista Camila Seque, uma possível explicação para essa predisposição do sexo masculino à infecção e ao pior prognóstico seria a associação entre a via dos andrógenos e a infectividade do novo coronavírus. Ela explica que um dos marcadores da expressão dos andrógenos é a alopécia androgenética (AGA), que pode ser um possível fator de risco para a COVID-19. 

Além disso, o uso de medicações antiandrógenas, indicadas nos casos de AGA, parecem ter um efeito protetor na doença, com redução dos sintomas e menores chances de cuidados em UTIs. Porém, a pesquisadora salienta que ainda não há estudos que demonstrem efetivamente se a introdução dessas medicações após o diagnóstico de COVID-19 teria benefício terapêutico ou, até mesmo, risco adicional. 

E AGORA? 


Por se tratar de uma doença recente, no qual o conhecimento acerca da doença ainda está em construção, as informações sobre a COVID-19 podem mudar em semanas ou meses. No caso das manifestações cutâneas, ainda há dúvidas sobre a real frequência das manifestações dermatológicas na COVID-19.  

"Acompanhar o crescimento diário do conhecimento sobre a COVID-19 em todas as áreas da medicina, inclusive na dermatologia, é uma excelente oportunidade de aprendizado e contribuição para sua construção, sempre com a esperança de que a ciência traga mais respostas que se reflitam em benefícios, tanto para os pacientes quanto para a sociedade", diz Camila Seque.  
 

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  • Problemas gástricos
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Em casos graves, as vítimas apresentam
  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
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