Estudo recente publicado na “Mocelular Oncology” aponta que a suplementação de vitamina D é capaz de reduzir a mortalidade por câncer ao mesmo passo que, também, pode diminuir os custos com tratamentos. A pesquisa, conduzida na Alemanha com adultos acima de 50 anos, resultou em dados que apontam a prevenção de mortes pela neoplasia, com economia de cuidados médicos de fim de vida para pacientes com câncer.
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Desse modo, os pesquisadores concluíram que a suplementação de vitamina D trata-se de uma abordagem eficaz e econômica para limitar a carga do câncer. “Apesar da necessidade de mais estudos para avaliar o impacto econômico e na saúde de esquemas específicos de suplementação, medidas para superar a alta prevalência de hipovitaminose D na população não devem mais ser adiadas”, diz trecho do estudo.
A pesquisa, no entanto, é uma estimativa, conforme Alexandre Jacomé, oncologista do Grupo Oncoclínicas. Ainda em fase de desenvolvimento e necessitando de maiores comprovações, a pesquisa se relaciona com outro estudo que sugere a suplementação de vitamina D como aliado da prevenção de mortes por câncer.
“Isso não nos permite, ainda, fazer conclusões definitivas, e a comunidade médica e científica tem muitas perguntas a serem respondidas sobre este tópico antes de orientar a sociedade sobre a suplementação para prevenir mortes por câncer.”
“Um outro importante estudo sugere fortemente que a suplementação de vitamina D não previne câncer, o que, de fato, não é levantado neste estudo em questão. A hipótese que ainda necessita de validação é se ela seria benéfica em pacientes que já apresentam a doença. Hipoteticamente, a vitamina D inibiria o crescimento do câncer ao regular a resposta imunológica e ao inibir reações metabólicas importantes no crescimento da célula maligna”, avalia Jacomé.
A imunologista da clínica Vacsim Paula Távora também friza a condição do estudo enquanto estimativa e comparação de redução de custos entre suplementação com Vitamina D e o tratamento oncológico.
"Há como referência três estudos multicêntricos e de amostragem estatisticamente significativa, que observaram uma menor taxa de mortalidade entre pacientes que suplementam com Vitamina D. Temos algumas observações e sugestão de cautela na interpretação, pois não foi estudado o uso desta vitamina entre pacientes já diagnosticados com câncer e nem houve a possibilidade de escolher uma patologia oncológica especifica."
"Isso faz deste estudo interessante, mas inconclusivo para sugerir suplementação em toda a população ou população acometida por alguma neoplasia ou tipo de câncer. Na minha opinião não deve ser incluída nos programas de prevenção de câncer isoladamente ou rotineiramente, e devem fazer parte de uma avaliação clínico laboratorial e a suplementação seguir o conceito da medicina 4P (Preventiva, Preditiva , Participativa e Personalizada). Não devemos institucionalizar protocolos universais , devemos seguir a recomendação individual", afirma a imunologista.
Apesar de ainda necessitar de comprovações, Alexandre Jacomé explica que o câncer é um conjunto de doenças muito distintas, o que, portanto, infere que a vitamina D certamente não será benéfica para todos os cânceres.
“Uma hipótese que está sendo explorada por inúmeros estudos é de que a suplementação pode inibir o crescimento de alguns tipos de tumores já instalados. Essa hipótese tem dados mais avançados e pode ser comprovada nos próximos anos.”
“Ainda não sabemos a dose recomendada, os níveis sanguíneos a serem atingidos, e o tempo de tratamento. Ainda há um importante caminho a ser percorrido antes que haja uma recomendação médica formal. A suplementação de vitamina D geralmente é muito segura, mas como todo tratamento, deve ocorrer sob supervisão médica, e apenas em condições em que há deficiência comprovada. O uso inadvertido pode levar à intoxicação por vitamina D, com potenciais efeitos nocivos”, ressalta o oncologista.
*Estagiária sob a supervisão da editora-assistente Vera Schmitz