De acordo com pesquisas realizadas pela Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), cerca de 5 milhões de brasileiros não voltaram aos postos de vacinação para tomar a segunda dose do imunizante contra o novo coronavírus. São 79% de idosos com idades entre 70 e 79 vacinados com a primeira e segunda doses no país, 55% acima de 80 anos e 20% da faixa etária entre 60 e 69 anos.
De acordo com o médico nefrologista e clínico da Rede Mater Dei de Saúde, Luís Trindade, "infelizmente, essa é uma situação preocupante que pode prejudicar o andamento da imunização no país. O que acontece é que a eficácia, testada e comprovada pelos estudos científicos, só permanece em sua totalidade após tomar a segunda dose. Além disso, é a segunda dose que vai prolongar a eficácia tornando a imunização completa também para o futuro. Sem a segunda dose, não é possível garantir essa proteção completa. Por isso, não deixe de tomar sua segunda dose e avisar aos conhecidos sobre essa importância."
Antes mesmo de terminar o processo de vacinação, o país enfrenta outros percalços proporcionados pela COVID-19: a terceira onda da doença e a variante da Índia. Para alguns especialistas, a próxima fase da manifestação do coronavírus pode ocorrer ainda este mês. O termo "ondas da pandemia" quer dizer o nível em que o pico da patologia está no país, ou seja, se o número de casos e mortes aumentam gradativamente, é possível estarmos vivendo uma nova etapa da doença.
A confirmação de casos de uma nova variante indiana no Brasil provoca apreensão. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), essa nova cepa é uma preocupação global, envolvendo todos os continentes, países e regiões do mundo.
A análise genética revelou que essa variação apresenta mutações importantes nos genes que codificam a espícula, a proteína que fica na superfície do vírus e é responsável por se conectar aos receptores das células humanas e dar início à infecção. Em linhas gerais, tudo indica que esses "aprimoramentos" genéticos melhoram a capacidade de transmissão do vírus e permitem que ele consiga invadir nosso organismo com mais facilidade.
"Como a doença é recente no meio científico, ainda existem diversos estudos em andamento para identificar cada um desses casos. O que podemos afirmar, por enquanto, é que algumas vacinas, como a Pfizer e AstraZeneca (utilizadas no Brasil) possuem eficácia contra a variante B.1.1.7, de acordo com testes realizados pelas fabricantes. Para a variante P.1, encontrada na região do Amazonas, o Instituto Butantan anunciou que a Coronavac é capaz de neutralizar nossa variante, mas a pesquisa ainda não foi publicada e é necessário aguardar o fim das análises para termos uma resposta concreta”.%u2800
“Independente do andamento desses estudos, é importante prezarmos pela vacinação de toda a população, já que esse é o modo mais eficaz de reduzirmos o contágio, evitar os casos graves e, consequentemente, a disseminação de demais variantes. Quando chegar sua vez, tome a vacina. Todos nós precisamos fazer nossa parte para vencer esse momento!”, recomenda o médico.
O Instituto Butantan informou que já distribuiu ao Programa Nacional de Imunizações 48 milhões de vacinas contra a COVID-19. Nesta sexta-feira (11/6) 800 mil doses foram entregues ao Ministério da Saúde.
A definição de públicos-alvo, orientação aos estados sobre intervalo entre as doses e logística de distribuição das vacinas competem ao Ministério da Saúde e gestores de saúde.
Para produzir o efeito protetivo, conforme indicado em bula, são necessárias duas doses da vacina contra o coronavírus. O intervalo indicado pela bula entre as doses é de 14 a 28 dias. Recomenda-se às pessoas que ainda não tomaram a segunda dose que busquem orientação no serviço de saúde de seu município. É importante completar o esquema vacinal com duas doses.
A Fiocruz, que produz a vacina Astrazeneca, disse que informações devem ser procuradas junto ao Plano Nacional de Imunização (PNI).
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