Apesar da ansiedade em receber a vacina contra COVID-19, dormir bem nos dias anteriores e, também, nos que sucedem à imunização é peça-chave na resposta imunológica do organismo à dose recebida.
Isso porque, conforme especialistas do Instituto do Sono, a má qualidade do sono, bem como a pouca quantidade de horas dormidas podem impactar negativamente no sistema imune do indivíduo de forma a reduzir a defesa do corpo quando em contato com o vírus causador da infecção, no caso o novo coronavírus.
Isso porque, conforme especialistas do Instituto do Sono, a má qualidade do sono, bem como a pouca quantidade de horas dormidas podem impactar negativamente no sistema imune do indivíduo de forma a reduzir a defesa do corpo quando em contato com o vírus causador da infecção, no caso o novo coronavírus.
Leia Mais
O que liga o Alzheimer aos distúrbios do sonoDistúrbios do sono em crianças vira estudo da escola de medicina da UfopImpacto do isolamento na qualidade do sonocoronavirusbrasilVacinas da Pfizer e AstraZeneca neutralizam a variante Delta após 2ª dose COVID-19: UFMG desenvolve teste de anticorpos que custa menos de R$ 1COVID-19: estudo aponta que 60% dos brasileiros não higienizam o nariz Dia Nacional do Luto: pandemia traz dificuldades na aceitação da perdaTransmissão de doenças respiratórias está elevada em quase todo o BrasilCOVID-19: medicamento reduz em 37% o risco de mortePesquisadores da University of California observaram que dormir bem nas duas noites anteriores à imunização melhorou a resposta imune contra o vírus da gripe. Além disso, estudo da University of North Texas com adultos com e sem insônia revelou que pessoas com dificuldade para dormir desenvolveram menos anticorpos contra o vírus da gripe um mês após a vacinação.
A constatação corrobora, ainda, com uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que mostra que trabalhadores em turnos noturnos apresentavam resposta imune menor à vacina contra meningite C do que seus colegas do período diurno.
Outro estudo, este da Universidade de Lübeck, na Alemanha, apontou, também, que pessoas que dormiram mal na noite após a vacinação contra hepatite A apresentaram quase metade dos anticorpos se comparados com os que dormiram bem.
Outro estudo, este da Universidade de Lübeck, na Alemanha, apontou, também, que pessoas que dormiram mal na noite após a vacinação contra hepatite A apresentaram quase metade dos anticorpos se comparados com os que dormiram bem.
Nesse cenário, a biomédica Daniela Santoro Rosa, pesquisadora do Instituto do Sono, destaca a importante interação entre sono e sistema imune para justificar essa relação. Segundo ela, é durante o sono profundo ou o chamado de ondas lentas, que ocorre a produção de substâncias capazes de criar um ambiente ideal para o desenvolvimento da imunidade, como a migração de células do sistema imune, os glóbulos brancos e a produção dos anticorpos.
“Assim, já se sabe que a deficiência de sono, tanto em termos de quantidade quanto de qualidade, é capaz de afetar a resposta imunológica.”
“Assim, já se sabe que a deficiência de sono, tanto em termos de quantidade quanto de qualidade, é capaz de afetar a resposta imunológica.”
“E, como o objetivo de uma vacina contra vírus, por exemplo, contra COVID-19, é produzir uma resposta imune específica a partir da administração do próprio vírus inativado, vírus atenuado ou até do que chamamos de subunidade viral, que são pequenos pedaços do vírus, sabemos que a vacina vai ‘imitar’ a infecção, porém, sem causar a doença e, a partir disso, gerar imunidade protetora. Ou seja, vai formar células de memória que podem ser ativadas de forma mais rápida caso ocorra o encontro com o vírus. Assim, com dados que sustentam que o bom sono constrói a melhor imunidade, é possível ampliar isso para a vacinação.”
Nesse contexto, dormir mal e por horas inadequadas pode induzir uma resposta imune menos potente do que a observada em indivíduos que têm uma noite de sono de qualidade e com as horas necessárias. “Até hoje, nenhum trabalho mostrou a perda total da imunidade, o que se observa é a diminuição. Agora, o quanto isso influência na eficácia da vacina precisa ser melhor estudado”, pontua Daniela Santoro Rosa.
Para começar a desvendar essa questão, o Instituto do Sono dará início a um estudo com idosos acima de 60 anos imunizados contra COVID-19 e com apneia de sono. A ideia é mensurar a produção de anticorpos nesses indivíduos e fazer uma comparação com outros sem apneia do sono. Em breve, então, as respostas serão mais conclusivas.
O QUE FAZER?
Dada a possibilidade de que a resposta imune à vacina contra COVID-19 seja diminuída em caso de má qualidade do sono, o que fazer para, então, em meio ao caos da pandemia e dos altos índices de contaminados e mortos, a imunidade seja garantida sem receios?
“Durma bem”, é o que recomenda Monica Andersen, diretora de pesquisa e ensino do Instituto do Sono. Segundo ela, todos os indivíduos que vão tomar a vacina devem, como todas as noites, mas especialmente na véspera da vacina e nas noites seguintes a imunização, dormir com muita qualidade e com a quantidade de horas suficientes.
“Durma bem”, é o que recomenda Monica Andersen, diretora de pesquisa e ensino do Instituto do Sono. Segundo ela, todos os indivíduos que vão tomar a vacina devem, como todas as noites, mas especialmente na véspera da vacina e nas noites seguintes a imunização, dormir com muita qualidade e com a quantidade de horas suficientes.
“É importante destacar que o tempo de sono varia entre os indivíduos, têm pessoas que precisam de seis horas e outras de mais de nove. A maior parte da população dorme entre sete e oito horas, mas é importante respeitar as diferenças individuais. Se uma pessoa precisa de oito horas e meia, ela deve fazer com que na véspera e nos dias seguintes a vacinação ela durma essa quantidade de horas ideal."
Ela explica que o sono é fundamental para a produção de anticorpos e é a medida mais importante para o corpo ter equilíbrio (homeostase), logo o sono como função principal causa equilíbrio interno, e entre vários desequilíbrios, o sistema imunológico é o que mais fica comprometido quando não se tem sono de qualidade.”
Ela explica que o sono é fundamental para a produção de anticorpos e é a medida mais importante para o corpo ter equilíbrio (homeostase), logo o sono como função principal causa equilíbrio interno, e entre vários desequilíbrios, o sistema imunológico é o que mais fica comprometido quando não se tem sono de qualidade.”
“No momento em que estamos, em uma pandemia com números dramáticos de mortes todos os dias no nosso país, é fundamental que as pessoas entendam que a medida comportamental que mais induz a nossa qualidade de vida e saúde é o sono, logo o sono é fundamental para o cenário que estamos vivendo nos dias de hoje, por meio do fortalecimento do sistema imunológico”, explica Monica Andersen.
E quem já se vacinou, mas não dormiu bem, o que fazer? “Para algumas vacinas, como a da hepatite B, já sabemos a quantidade de anticorpos necessária para o indivíduo estar protegido contra a infecção. No caso da COVID-19, ainda não se sabe qual é essa quantidade. Se é possível reverter o quadro? Talvez dando uma outra dose da vacina. Por exemplo, sabemos de indivíduos que não conseguem atingir os níveis de anticorpos necessários para proteção na vacina contra hepatite B e ele recebe uma dose a mais com monitoramento. Então, talvez essa seja uma maneira de reverter o efeito da falta ou diminuição de imunidade por conta de alterações no sono.”
É o que comenta a biomédica Daniela Santoro Rosa. Porém, ela pondera ser necessário estudos mais aprofundados para delinear a melhor medida a ser adotada em casos de redução da resposta imune em razão da qualidade do sono antes e depois da vacinação.
COMO DORMIR BEM?
Para quem ainda vai se vacinar contra COVID-19 ou gripe, Monica Andersen, diretora de pesquisa e ensino do Instituto do Sono, e Daniela Santoro Rosa, pesquisadora do Instituto do Sono, dão dicas que podem ajudar a superar a ansiedade da véspera da imunização e melhorar a qualidade de sono e, consequentemente, da resposta imune à vacina. Confira:
>>Mantenha uma rotina: mesmo se você está trabalhando no regime de home office e pode ficar mais tempo na cama, estabeleça horários fixos para dormir e acordar. Ainda que seja difícil, tente manter regularidade e sempre acorde e durma na mesma hora. Variações podem ocorrer, mas evite discrepâncias consideráveis. Por exemplo, não durma um dia em torno das 22h e no outro por volta das 3h.
>>Faça do quarto um local para dormir: evite estímulos horas antes do início do sono, como assistir televisão, mexer no celular ou acender a luz. Ambientes claro bloqueiam a produção de melatonina e atrapalham o sono.
>>Evite alimentos pesados e bebidas com cafeína: faça refeições leves até duas horas antes de deitar. Não tome café, energéticos e chá preto ou outras bebidas com cafeína e/ou estimulantes na parte da noite, pois pode interferir na qualidade do sono.
>>Diga não às bebidas alcóolicas: vinho, cerveja e outros tipos de bebidas alcoólicas quando ingeridos à noite ajudam a adormecer, mas alteram a arquitetura e qualidade do sono.
>>Reduza o estresse: não assista programas de televisão polêmicos ou violentos antes de dormir e evite brigas. Crie um ambiente prazeroso antes de dormir, prefira ler, ouvir música, meditar, fazer técnicas de relaxamento ou oração antes de dormir. Procure atividades tranquilas que lhe agradem.
>>Atividade física tem hora: pratique exercícios físicos durante o dia, de preferências nas primeiras horas. Atividade física perto da hora de dormir interfere no fluxo do sono, reduzindo sua função reparadora. Em casa, os exercícios podem ser adaptados.
*Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram
Leia mais sobre a COVID-19
Confira outras informações relevantes sobre a pandemia provocada pelo vírus Sars-CoV-2 no Brasil e no mundo. Textos, infográficos e vídeos falam sobre sintomas, prevenção, pesquisa e vacinação.
- Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil e suas diferenças
- Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades
- Entenda as regras de proteção contra as novas cepas
- Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
- Os protocolos para a volta às aulas em BH
- Pandemia, epidemia e endemia. Entenda a diferença
Confira respostas a 15 dúvidas mais comuns
Guia rápido explica com o que se sabe até agora sobre temas como risco de infecção após a vacinação, eficácia dos imunizantes, efeitos colaterais e o pós-vacina. Depois de vacinado, preciso continuar a usar máscara? Posso pegar COVID-19 mesmo após receber as duas doses da vacina? Confira esta e outras perguntas e respostas sobre a COVID-19.
Quais os sintomas do coronavírus?
Desde a identificação do vírus Sars-CoV2, no começo de 2020, a lista de sintomas da COVID-19 sofreu várias alterações. Como o vírus se comporta de forma diferente de outros tipos de coronavírus, pessoas infectadas apresentam sintomas diferentes. E, durante o avanço da pesquisa da doença, muitas manifestações foram identificadas pelos cientistas. Confira a relação de sintomas de COVID-19 atualizada.