O Dia Mundial do Orgulho Autista é comemorado nesta sexta-feira (18/6). Uma live organizada por entidades apoiadoras de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) premiará sete destaques autistas em 2020. O evento, aberto ao público, é organizado pela Comissão das Associações de Defesa do Direito dos Autista (Cadda) acontece às 19h, pelo canal no YouTube galeriaut.
Artista plástico e cineasta, Ernani Alves, de 44 anos, com autismo leve, um dos organizadores do evento que acontece on-line neste ano, diz que será uma cerimônia de premiação aos sete indicados por destaques no ano passado, entre cantores , pintores e desenhistas. "A ideia é incentivar a promoção da causa autista."
Serão contempladas com medalhas, crianças que participaram de um concurso de redação na internet sobre o tema "Porque eu mereço ser destaque no Orgulho Autista" .
A data foi instituída em 2005 para esclarecer a sociedade sobre as características únicas das pessoas diagnosticadas TEA. A intenção é demonstrar que o autista não tem uma doença, mas apenas apresenta condições e características especiais que trazem desafios e também recompensas aos seus familiares e à comunidade.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que há 70 milhões de pessoas com autismo em todo o mundo, sendo 2 milhões somente no Brasil. Pessoas com TEA podem ter dificuldades de se expressar, principalmente quando não falam de maneira efetiva, comunicando uma ideia ou um sentimento.
O transtorno foi identificado pela primeira vez em 1943. Desde então houve literaturas que começaram a abordar o tema. No Brasil, a partir de 1980 as comunidades acadêmicas passaram a investigar e identificar que não havia no mundo um único autismo clássico, que se tratava de um espectro com variantes entre leve e severa. Sâo pessoas que convivem socialmente mas com limitações nas caraterísticas na interação social.
Vice-presidente da Associação de Apoio à Deficiência Nossa Senhora das Graças (Agraça), de Belo Horizonte, Maristela Barros Mayer Ferreira, diz que o evento é momento de apresentar à sociedade que o autista não tem uma doença, mas condições e características especiais que trazem desafios e também recompensas aos seus familiares e comunidade.
Maristela é mãe de Clarice, de 35 anos, com autismo em grau severo. Não verbaliza e forma de comunicação precária. Ela adquiriu outras comorbidades, como retardomental, adquirido por falta de estímulos na fase precoce.
"Naquela época tinha pouca informação, a própria medicina tinha poucos acessos. Eu tinha vários sobrinhos e comecei a comparar o desenvolvimento da minha filha, com os sobrinhos que passaram pela faixa etária. Já tinha ouvido falar e procurei psicóloga." Maristela conta que acreditou que seria uma consulta, e um breve tratamento. "E assim se passaram mais de 30 anos caminhando e buscando respostas."
Ela diz aque até hoje não tem todas as respostas. "São várias informações, mesmo assim há algumas dúvidas a respeito do que venha a ser. Já se sabe que são influências genéticas e ambientais, ainda no desenvolvimento do bebê desde o útero. No caso de não ter tido estímulo na fase precoce compromete muito o cognitivo."
A filha de Maristela requer cuidados permantentes. "Mas temos toda uma relação de respeitar o rítmo dela. A pessoa com transotrono tem sua própria forma de perceber as coisas diferente dos neurotípicos, como nós, essa pessoa faz a mesma coisa que nós fazemos, mas de outra maneira o que dificulta a convivência com demais pessoas, uma luta de se impor para que a sociedade respeite as limitações e contemple as habilidades que muitas vezes não conseguimos desenvolver. Quando recebem estímulo nos marcos do desenvolvimento humano desencadeiam uma confiança natural e passam a devolver isso pra sociedade", explica.