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Estado de Minas JUNHO PRETO

Melanoma tem alto índice de mortalidade; prevenção é peça-chave

Essa neoplasia, considerada como um câncer de pele agressivo, tem como agravante o risco de se espalhar pelo corpo. Especialistas alertam sobre cuidados


23/06/2021 15:53 - atualizado 23/06/2021 16:17

(foto: SBD/Divulgação)
(foto: SBD/Divulgação)

O mês de junho é destinado à conscientização e prevenção do melanoma, considerado como um tipo de câncer de pele muito agressivo. Justamente por isso, neste mês, especialistas alertam para a necessidade de cuidados básicos para prevenir o aparecimento da neoplasia, bem como para a necessidade de um diagnóstico precoce para otimizar as chances de cura e qualidade de vida.

E isso porque, apesar de esse tumor ser menos incidente entre os tumores de pele, ele é o que representa a maior taxa de mortalidade

De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), são estimados 8.450 mil novos casos para cada ano do triênio 2020-2022, sendo 4.200 homens e 4.250 mulheres. Também segundo o Inca, em 2019 – dados mais recentes sobre mortalidade –, foram cerca de1.978 mortes por câncer melanoma no Brasil, sendo 1.159 homens e 819 mulheres. Mas, por que índices tão altos? 

“O melanoma é uma neoplasia maligna que surge das células que produzem melanina. E essa neoplasia é um subtipo de câncer de pele extremamente agressivo, que mesmo em dimensões pequenas, tem índice de recidiva – reaparecimento após período de cura – muito elevado. Pelo fato dessa agressividade, a possibilidade de retornar no mesmo local de origem ou em locais distantes, quando configuram as metástases – quando a neoplasia se espalha para outras partes do corpo –, ele é um tumor com elevada taxa de mortalidade, principalmente se não tratado adequadamente. Ele mata mais que muitos tumores mais frequentes.” 

É o que explica Carolina Cardoso, oncologista do Grupo Oncoclínicas. E esse tipo de câncer “ataca” o organismo de três formas, conforme a dermatologista e cirurgiã dermatológica do Hospital Vila da Serra Priscila Cartaxo.

“Há três maneiras pelas quais o câncer pode avançar pelo corpo: ele pode se espalhar pelo próprio tecido onde começou, pelo sistema linfático ou pelo sangue. No primeiro caso, o câncer se aprofunda ou alarga para áreas próximas. Quando ocorre a disseminação linfática, o câncer usará os vasos linfáticos para atingir outras regiões. E na disseminação pelo sangue, as células cancerosas viajarão pelos vasos sanguíneos até outros órgãos e regiões do corpo.” 

“Quando o câncer se espalha para outra parte do corpo, ocorre a metástase. O tumor inicial é chamado de tumor primário. Caso as células que viajaram formem um tumor em outra região do corpo, este será o tumor metastático. O tumor metastático é o mesmo tipo de câncer que o tumor primário. Por exemplo, se o melanoma se espalha para o pulmão, as células cancerosas no pulmão são realmente células de melanoma. A doença é melanoma metastático, não câncer de pulmão."

Segundo ela, o processo de investigação usado para descobrir se o câncer se espalhou é chamado estadiamento. A informação recolhida a partir deste processo, que consiste em diversos testes, determina o estágio da doença.
 
(foto: Grupo Oncoclínicas/Divulgação)
(foto: Grupo Oncoclínicas/Divulgação)

O melanoma é uma neoplasia maligna que surge das células que produzem melanina. E essa neoplasia é um subtipo de câncer de pele extremamente agressivo, que mesmo em dimensões pequenas, tem índice de recidiva muito elevado. Pelo fato dessa agressividade, a possibilidade de retornar no mesmo local de origem ou em locais distantes, quando configuram as metástases, ele é um tumor com elevada taxa de mortalidade, principalmente se não tratado adequadamente. Ele mata mais que muitos tumores mais frequentes.

Carolina Cardoso, oncologista do Grupo Oncoclínicas

 

Segundo a especialista, são cinco estágios: de 0 a 5. Quanto menor o número, melhores as perspectivas de cura. Nesse cenário, ela declara que definir o estágio em que a doença se encontra é essencial não apenas para que o paciente e seus familiares possam entender o que está ocorrendo, mas, também, para que os médicos decidam o melhor tratamento a ser oferecido àquela pessoa.

E é aí que entra um grande aliado da cura: o diagnóstico precoce, já que quanto antes o melanoma for diagnóstico, mais altas serão as chances de cura, afirma Carolina Cardoso. 

“O diagnóstico precoce faz toda a diferença. Quanto mais cedo for diagnosticado, maiores as chances de cura. Então, o atraso no diagnóstico pode colocar em risco a vida do paciente. Ele é feito por um dermatologista experiente no tratamento de neoplasias cutâneas. Se houver algum fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pele – pele clara, olhos claros, exposição solar intensa atual ou no passado, exposição solar sem fator de proteção, história familiar positiva para melanoma, paciente com várias pintas pelo corpo, entre outros – ou alguma pinta suspeita ou lesão de pele nova ou que tenha mudado de característica recente, deve-se procurar imediatamente o dermatologista para avaliação especializada.” 

O ideal é que esse profissional avalie a lesão suspeita e faça um “screening” do restante da pele do paciente em busca de outras lesões potenciais. 

FIQUE ATENTO AOS SINAIS! 


Haja vista a importância do diagnóstico precoce, é essencial que os pacientes estejam sempre em alerta quanto aos sinais dados pelo corpo. A apresentação clássica do melanoma, segundo Carolina Cardoso, é o aparecimento de pintas escuras na pele, que mudam as características, crescem repentinamente e alteram a coloração.

Porém, ela destaca que nem todo melanoma é pigmentado, ou seja, nem todos são escuros, e eles podem aparecer em outras partes do corpo. Nos homens, o melanoma geralmente está localizado na cabeça, pescoço ou costas. Nas mulheres, encontra-se com maior frequência nas costas ou na parte inferior das pernas.  

Ainda, o melanoma é mais raro em pessoas de pele escura, mas, quando ocorre, é mais frequente nas unhas e região acral – palmas das mãos ou solas dos pés. 
 
(foto: Arquivo pessoal)
(foto: Arquivo pessoal)

É importante evitar a exposição ao sol entre 10h e 16h, quando os raios do sol são mais intensos e perigosos. E, se não puder evitar, busque ficar na sombra sempre que possível, mesmo em dias nublados. Isso porque, mesmo quando o sol está encoberto, os raios UV estão presentes e ativos, oferecendo risco para a sua pele. Se você estiver no sol, prefira usar roupas compridas, de preferência com proteção UV, chapéu de abas largas e óculos de sol. Usar protetor solar com fator de proteção 30 ou maior, reaplicando-o a cada duas horas ou após se molhar ou suar também é um grande aliado da boa saúde da pele.

Priscila Cartaxo, dermatologista e cirurgiã dermatológica do Hospital Vila da Serra

 

Por isso, Carolina Cardoso recomenda: “Prestem atenção na própria pele e na daqueles que amam. Muitas vezes, é difícil acompanhar pintas em regiões como as costas e um familiar pode ajudar nesse olhar. É importante fazer o autoexame, pois quanto mais conhecemos nosso corpo, maiores as chances de um diagnóstico precoce. Além disso, em caso de sinal de alerta ou fator de risco para desenvolvimento do câncer de pele, deve-se agendar uma consulta com um dermatologista para tirar todas as dúvidas e avaliar adequadamente a pele.” 

“Isso porque a pele é o mapa da nossa história. Ela carrega sinais da idade, exposição ao sol, hábitos de vida, cuidados ou descuidos, fala sobre nossa alimentação, vícios, alergias, doenças, entre outros. E, por isso, ficar atento às mudanças da pele é fundamental.” 

São sinais definidos como alerta para avaliação de uma lesão, de acordo com a regra ABCDE: 

>Assimetria: a forma de uma metade do sinal não corresponde à outra metade; 

>Bordas irregulares: as bordas podem ser entalhadas ou mal definidas (delimitadas). O pigmento pode se espalhar para a pele ao redor; 

>Cor desigual: tons de preto e marrom podem estar presentes. Áreas de branco, cinza, vermelho, rosado ou azul também podem ser vistas; 

>Diâmetro: há uma mudança no tamanho, geralmente um aumento. Os melanomas podem ser pequenos, mas a maioria é maior de 6 milímetros de diâmetro; 

>Evolução: geralmente, o sinal apresenta mudanças nas últimas semanas ou meses. Quando inicial o melanoma não costuma dar sintomas. Quando de forma avançada, os sintomas vão variar a depender do órgão acometido. 

O médico também deve ser avisado em caso de alterações nos sinais, como mudança de cor; crescimento ou diminuição de forma irregular; mudanças na forma, textura ou tamanho do sinal; se o sinal ficar duro ou granuloso; se o sinal começar a coçar e/ou se o sinal sangrar ou apresentar secreções. 

Além disso, as especialistas destacam a importância de que os paciente se conscientizem a respeito da necessidade de procurar um médico especializado o quanto antes a fim de iniciar o tratamento adequado.

“Muitos pacientes ficaram temerosos em procurar o dermatologista para serem submetidos ao exame físico e dermatoscópico durante a pandemia, e com isso perdemos a chance em detectar precocemente possíveis lesões malignas. Para pacientes que já tiveram o melanoma, o acompanhamento é obrigatório. Estudos mostraram que um segundo melanoma na maioria das vezes é diagnosticado pelo próprio paciente. Em caso de lesões suspeitas, procure sempre o dermatologista”, recomenda Priscila Cartaxo. 

TRATAMENTO 


O melanoma se origina pele e, se não tratado, pode se espalhar para diversas partes do corpo. Por isso, há riscos em caso de não diagnóstico ou postergamento do acompanhamento médico, como o acometimento de regiões delicadas do corpo, como pulmão, fígado, ossos e cérebro. “Os danos variam de sintomas leves até a morte, caso haja falência de órgão vital."

Inicialmente, quando há possibilidade de cirurgia, esse procedimento deve ser considerado e realizado por equipe especializada no tratamento de tumores cutâneos visando o melhor controle oncológico e estético, que não é algo banal, comenta Carolina Cardoso. 

Mas, o melanoma pode ser tratado de várias formas, e não somente por meio cirúrgico. Há, além da cirurgia, a possibilidade de quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e terapia-alvo. Os pacientes podem fazer um ou mais tratamentos, dependendo do estágio em que o tumor se encontra.

“Mesmo havendo remoção dos melanomas, alguns pacientes podem precisar de quimioterapia, que, quando administrada após a cirurgia, ajuda a diminuir as chances de o melanoma retornar. Chamamos de terapia adjuvante. Pode haver também a necessidade de cirurgia em outros órgãos, caso o melanoma tenha se espalhado”, afirma Priscila Cartaxo. 

PREVINA-SE! 


Conforme Priscila Cartaxo, algumas pessoas são mais suscetíveis ao aparecimento do câncer de pele tipo melanoma. E, portanto, alguns hábitos ou aspectos são considerados como fatores de risco para a neoplasia. Confira a lista da dermatologista: 

>Luz solar: a luz solar é uma fonte de radiação UV (ultravioleta) que causa danos na pele que podem levar ao desenvolvimento do melanoma e outros cânceres da pele; 

>Queimaduras severas com formação de bolhas: as pessoas que tiveram pelo menos uma queimadura severa com bolhas têm maior chance de desenvolver melanoma. Embora as pessoas que queimam facilmente tenham maior probabilidade de terem apresentado queimadura solar na infância, as queimaduras solares durante a idade adulta também aumentam a chance de melanoma;
 
>Exposição ao sol durante a vida: quanto maior a exposição solar ao longo da vida, maior chance de melanoma; 

>Bronzeamento: embora a pele que bronzeia com maior facilidade tenha menor risco de queimaduras solares, as pessoas que bronzeiam e não se queimam têm maior chance de desenvolver melanoma dependendo do tempo de exposição solar sem proteção. A luz solar pode ser refletida pela areia, água, neve, gelo e asfalto. Os raios do sol podem passar através das nuvens, para-brisas, janelas e roupas leves. Além disso, o sol é forte em altas altitudes, como nas montanhas;
 
>Lâmpadas e cabines de bronzeamento: a radiação UV de fontes artificiais, tais como como lâmpadas solares e cabines de bronzeamento, pode causar danos na pele e melanoma. Os profissionais da saúde incentivam as pessoas, especialmente os jovens, a evitar o uso de lâmpadas solares e cabines de bronzeamento. O risco de câncer de pele é maior quando se utiliza lâmpadas solares e cabines de bronzeamento antes dos 30 anos de idade;

>História pessoal: as pessoas que tiveram melanoma têm um risco aumentado de desenvolver outros melanomas;

>História familiar: as pessoas que têm dois ou mais parentes próximos (mãe, pai, irmã ou irmão) com antecedente de melanoma têm maior chance de desenvolver melanoma. Em raros casos, membros de uma família terão uma síndrome hereditária, como o xeroderma pigmentoso, que possui a pele extremamente sensível ao sol e aumenta muito a chance de melanoma.  

>Pele que queima facilmente: pessoas que têm pele clara que queima facilmente ao sol, olhos azuis ou cinza, cabelo ruivo ou loiro, e/ou muitas sardas têm uma chance maior de melanoma; 

>Certas condições médicas ou medicamentos: condições médicas ou medicamentos, como alguns antibióticos, hormônios ou antidepressivos, que tornam a pele mais sensível ao sol ou que inibem o sistema imunológico, aumentam a chance de melanoma. 

Por isso, é muito importante adotar cuidados preventivos, já que elas podem ser consideradas com peças-chave para uma boa saúde e qualidade de vida. “É importante evitar a exposição ao sol entre 10h e 16h, quando os raios do sol são mais intensos e perigosos. E, se não puder evitar, busque ficar na sombra sempre que possível, mesmo em dias nublados. Isso porque, mesmo quando o sol está encoberto, os raios UV estão presentes e ativos, oferecendo risco para a sua pele. Se você estiver no sol, prefira usar roupas compridas, de preferência com proteção UV, chapéu de abas largas e óculos de sol.” 

“Usar protetor solar com fator de proteção (FPS) 30 ou maior, reaplicando-o a cada duas horas ou após se molhar ou suar também é um grande aliado da boa saúde da pele”, comenta a dermatologista. 

*Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram 


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