Neste sábado, 26 de junho, é lembrado o Dia Nacional do Diabetes. Entre as inúmeras complicações que gera para a saúde, o excesso de açúcar no sangue também pode acarretar problemas para a visão, e são perigos muitas vezes não considerados. "Sintomas iniciais podem ser a visão embaçada e desfocada. Ao menor sinal, ligue o alerta", recomenda o diretor técnico do NEO Oftalmologia - Unidade Vila da Serra, o oftalmologista Leonardo Romano Tibúrcio.
O diabetes mellitus é uma doença crônica que impede o organismo de produzir ou aproveitar de forma adequada a insulina no corpo, como esclarece a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são 16 milhões de brasileiros que enfrentam o desequilíbrio. Entre os pacientes com diabetes, há risco de transtornos em diferentes partes do olho, como retina, mácula, cristalino e no nervo ótico. Quando os níveis de glicose circulante na corrente sanguínea aumentam, cresce a chance de alterações na visão, que, associadas ao diabetes, na maior parte dos casos tratam-se de glaucoma, catarata, edema macular diabético, retinopatia diabética e consequências mais graves.
A essas condições dá-se o nome doenças oculares diabéticas. Todas têm o potencial de causar perda grave da visão e, em quadros clínicos severos, até mesmo cegueira irreversível. "Para afastar os riscos de transtornos oculares relacionados ao diabetes, o tratamento deve ser acompanhado pelo endocrinologista e os índices de glicose monitorados regularmente, como de praxe. Assim as complicações podem ser prevenidas de uma maneira geral, no que se inclui o enfrentamento dos distúrbios na visão", indica Leonardo.
A causa mais comum de perda irreversível da visão em indivíduos com diabetes é a retinopatia diabética, caracterizada por alterações em vasos sanguíneos da retina, com sangramentos e formação de edema, com diminuição da qualidade da visão como impacto direto. É também uma das principais causas de cegueira entre adultos em idade ativa para o trabalho. O edema macular diabético é um dos efeitos da retinopatia diabética, um inchaço na área central da retina conhecida como mácula.
"A catarata, por sua vez, é o principal causador da perda da visão em diabéticos no Brasil, mas pode ser revertida com cirurgia", diz o oftalmologista. Adultos com diabetes têm entre duas a cinco vezes mais chances de desenvolver catarata se comparado a pessoas sem a doença. O problema acontece quando a lente clara do olho, o cristalino, fica opaca, bloqueando a luz. Em diabéticos, a catarata também comumente aparece em idade mais precoce - abaixo dos 40 anos de idade, é 20 vezes mais recorrente em relação a pessoas sem diabetes. Sobre o glaucoma, causado por uma pressão elevada nos olhos, o diabetes quase duplica a possibilidade de surgimento entre os adultos.
Leonardo salienta a importância do diagnóstico precoce para o tratamento em fase oportuna e cuidados adequados de acompanhamento para essas doenças. "A retinopatia diabética, por exemplo, muitas vezes passa despercebida até a perda da visão. Um exame abrangente de fundo de olho é importante de ser feito uma vez ao ano. Nesse caso, detecção e tratamento precoces reduzem a ocorrência de cegueira em 95% dos casos. Complicações na visão pela doença diabética dos olhos podem ser evitadas na maioria dos casos, principalmente se o enfrentamento acontece desde o estágio inicial. Não estar atento aos sintomas é perigoso", enfatiza o especialista
Por outro lado, quando o diabetes não é controlado e as alterações que se manifestam na visão não são investigadas, a cegueira pode ser um resultado grave. "Podem acontecer lesões oculares progressivas que levam à perda da visão em definitivo, e nessa hora não há tratamento que reverta o quadro."
Ainda que os sintomas das doenças oculares diabéticas apareçam com mais frequência em estágios mais avançados, há que se ter atenção em caso de visão embaçada, flashes de luz no campo de visão, perda repentina de visão e manchas na visão. "A ferramenta principal para a prevenção é ir ao oftalmologista anualmente, sem esquecer de dizer que é diabético. É fundamental administrar a glicose, a pressão arterial e o colesterol, o que pode ajudar a minimizar os riscos de perda da visão entre diabéticos. Os exames devem ser regulares, e também é indicado o acompanhamento de forma multidisciplinar", conclui Leonardo Romano.