Jornal Estado de Minas

COVID-19

Dia da Ciência chama a atenção para importância do trabalho do pesquisador


Ciência. Em meio à pandemia de COVID-19, com certeza esse termo ganhou força, ainda que muitos negligenciem e neguem a sua verdadeira importância em meio ao caos causado pelo novo coronavírus no mundo. Afinal, é a ciência quem, diariamente, permite que novas descobertas sejam feitas, seja sobre o próprio vírus ou acerca de novos tratamentos, cuidados e prevenção.



É por meio dela, também, que atualmente, já se existe uma série de vacinas e um programa de imunização ao redor do mundo para controlar a pandemia. 

Justamente por isso, nesta quinta-feira (8/7), data em que se comemora o Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico, Cláudia Murta, infectologista da Santa Casa BH e uma das responsáveis pela condução dos protocolos e estudos clínicos preliminares da vacina produzida pela Janssen em Belo Horizonte, comenta a respeito do impacto e essencialidade da ciência no atual contexto, bem como em todos os outros âmbitos da saúde. “Na área da medicina, as pesquisas avançam muito em várias doenças.” 

“E isso é extremamente importante, porque as pessoas, cada vez mais, têm possibilidade de fazer novos exames, diagnósticos mais precoces e serem tratadas com medicamentos mais novos, que têm menos efeitos colaterais e resultados melhores para controle ou cura de suas doenças”, comenta.

Não à toa, conforme a especialista, em meio à pandemia, medicamentos começaram a ser pesquisados para o tratamento da COVID-19, remédios que visam reduzir não só a multiplicação do vírus, como também combater o processo inflamatório, que é o que causa o agravamento do quadro. 

“Esses estudos precisam ser feitos de forma bastante criteriosa e científica, já que a grande maioria dos pacientes com COVID-19 felizmente se recuperam. Portanto, esses trabalhos precisam mostrar que esse medicamento aumenta a chance de recuperação.” 

Ao mesmo tempo, segundo Cláudia Murta, um grande ganho foi a produção de vacinas em tão pouco tempo, por pesquisadores de todo o mundo, e tudo, conforme ela, graças à ciência e, também, a população que acredita e investe em ciência.



Isso porque, de acordo com a infectologista, a população é coparticipante das descobertas, uma vez que acredita e se apresenta como voluntária para testes, acompanhamentos e até mesmo coleta de amostras de sangue a serem enviadas para outros países. Uma vitória da ciência em conjunto com a população e que deve “andar de mãos dadas” com a medicina. 
 
(foto: Santa Casa BH/Divulgação)

 

“A indústria farmacêutica começou um intenso trabalho para a pesquisa de vacinas para a prevenção do novo coronavírus, e essas vacinas felizmente conseguiram ser liberadas, com muito critério, bastante precocemente. Em poucos meses, já tínhamos disponível vacinas para nos ajudar no controle da pandemia. As vacinas são consideradas os produtos farmacêuticos mais seguros do mundo, e a OMS considera que o número de vidas salvas pelas vacinas é equiparável ao número de vidas que a água salva no mundo. Então, a importância das vacinas é enorme”, afirma a médica. 

Ainda, nas palavras de Cláudia Murta, a pesquisa clínica em medicina “só é possível graças ao grande desenvolvimento de pesquisadores no Brasil e no mundo, bem como graças a grande participação de voluntários de pesquisa, de pessoas que se oferecem para participar, no caso da COVID-19, de protocolos de pesquisa de vacina”. Uma parceria que dá certo e busca resultados positivos para a população. 





SUS E ATENDIMENTO PRIMÁRIO 


Falando em pesquisa e ciência, Cláudia Murta destaca que essas duas vertentes têm muito a ver com o sucesso do SUS e do atendimento primário em meio à pandemia de COVID-19, haja vista que foram elas que deram embasamento para as medidas de prevenção e os cuidados básicos. “O SUS é muito importante e se adaptou para oferecer atendimento ambulatorial e de internação para todo o contingente de pessoas que precisaram e precisam de atendimento em razão da COVID-19.” 

E é importante chamar atenção porque a assistência dos pacientes contaminados pelo novo coronavírus chega a ser diferenciada dependendo do quadro clínico do paciente. A internação tem vários cuidados adicionais para que os profissionais de saúde não se contaminem e tenham tranquilidade para dar a melhor assistência ao paciente.

"Então, no início, o medo dos profissionais de saúde era muito grande, mas com conhecimento, com ciência e com as determinações do Ministério da Saúde, da Anvisa e de órgãos internacionais, os profissionais conseguiram ser orientados e usar os equipamentos de proteção individual de forma adequada para evitar a contaminação”, explica a infectologista. 

CONHECIMENTO X FAKE NEWS 


Em meio ao cenário caótico da pandemia de COVID-19, Cláudia Murta destaca que, ao mesmo passo que o conhecimento avança, as fake news e o negacionismo ganham espaço. “Vivemos em um mundo de imenso conhecimento, e conhecimento se multiplica a cada dia. Infelizmente, multiplicam-se também as chamadas fake news, notícias que não têm embasamento científico, mas são passadas de pessoas para pessoas em uma velocidade muito grande. Em todas as áreas, é preciso que a gente raciocine e se baseie em fatos científicos.” 

“Claro que em uma pandemia, como a que vivemos com o novo coronavírus, o conhecimento vai sendo adquirido à medida que os fatos vão acontecendo. Então, é muito importante que tenhamos tranquilidade, porque coisas que se acreditavam antes, à luz do conhecimento, vão sendo clareadas e a ciência vai nos norteando para aquilo que é mais necessário”, explica a médica.



Segundo ela, para além de propor novas descobertas, tratamentos e protocolos, a ciência também transforma conhecimento em informação para as pessoas, a fim de manter a ordem na saúde público, haja vista o contexto pandêmico. 
 
(foto: Santa Casa BH/Divulgação)

 

Justamente por isso, conforme a infectologista da Santa Casa BH, é preciso que as pessoas busquem informação em sites de confiança, a fim de combater o negacionismo e a desinformação, ao mesmo passo que, também, valorizem a ciência e os pesquisadores, importantes aliados da boa saúde e qualidade de vida, bem como do combate a doenças e situações de risco, como a pandemia de COVID-19. “Em todas as áreas, devemos buscar informações relevantes, informações de confiança. Então, a dica é: procurem sites responsáveis e confiáveis.” 

“No caso de vacina, a Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim) tem uma aba para as famílias e a Santa Casa de BH sempre fala sobre vários temas relacionados à COVID-19 com vídeos, áudios e imagens, que são baseados no conhecimento científico, e é assim que a gente vai aumentando a nossa confiança em relação à ciência em todas as áreas da vida. E que a gente evite repassar notícias e vídeos que não sabemos se são de fontes confiáveis. Isso pode prejudicar o andamento dos tratamentos e da vacinação e trazer medo e ansiedade desnecessários em um mundo que existe muita informação de qualidade, mas também existe muita informação que não é confiável”, afirma. 

‘VACINEM-SE!’ 


E se a ciência é parte importante do tratamento e da cura, ela também é da prevenção. Por isso, segundo Cláudia Murta, para além de buscar se ver livre de uma pandemia, a vacinação é importante para o cuidado com o outro e com si próprio e, também, para valorizar a ciência, que tanto lutou pelo imunizante.



“Vacinem-se. É importante que as pessoas se vacinem. As vacinas contra o novo coronavírus são bastante seguras. Mesmo que a gente não consiga evitar casos leves de COVID-19 em pessoas vacinadas, o grande ganho vai ser evitar os quadros graves que necessitam de internação e que, infelizmente, muitas vezes evolui para óbito.” 

“E é muito importante que as pessoas confiem nas vacinas em geral, não só nas de COVID, e que mantenham o cartão de vacinas atualizado. Estamos no inverno, época de infecções respiratórias, então, precisamos nos vacinar contra gripe. As pessoas que têm indicação precisam se vacinar contra penumococo também, que é uma bactéria que causa pneumonias, inclusive com necessidade de internação. Além disso, é necessário que as pessoas que começaram e ainda vão começar o esquema de vacina contra COVID, tomem a primeira dose e voltem para tomar a segunda dose na época certa, porque é ela que vai garantir a maior proteção do esquema vacinal”, recomenda. 

*Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram 

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